O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou ontem, nove
de janeiro, ter recebido informações de "múltiplas fontes de inteligência"
que indicam que o Boeing 737-800 da Companhia Ukraine International Airlines
(UIA) foi derrubado por um míssil terra-ar do Irã, provavelmente de "forma
não-intencional". A esse respeito, o novel Primeiro Ministro britânico, Boris
Johnson, também divulgou comunicado afirmando ter as mesma informações.
Em entrevista, Trudeau defendeu ampla investigação internacional sobre a
queda do avião, ocorrida no início da manhã de quarta-feira, 8 de janeiro. A
aeronave caíu perto do Aeroporto internacional de Teerã-Imã Khomeini, com 176
pessoas a bordo. Todas morreram. Das vítimas, 63 eram cidadãos canadenses, e a
maior parte delas tinha dupla nacionalidade iraniana.
Segundo Trudeau, tudo indica que as
caixas-pretas vão permanecer no Irã - Teerã se havia negado inicialmente a
fornecer tais equipamentos para a Boeing, mas já sinalizou que pode pedir ajuda
ao exterior. Trudeau disse acreditar que investigados de outros países terão
acesso aos dados, e deixou claro que seu governo "não vai descansar"
até que obtenha respostas. Sem embargo, o primeiro-ministro canadense
considerou "cedo" para apontar culpados ou chegar a conclusões.
Horas mais tarde, porta-voz da
Chancelaria iraniana, Abbas Mousavi, pediu ao governo do
Canadá que compartilhe seus dados de inteligência com Teerã. De parte do
governo, o porta-voz Ali Rabiei afirmou que países que
tinham cidadãos na aeronave poderão acompanhar a investigação - ele ainda pediu
que a Boeing mande representantes
para ajudar na análise das caixas-pretas. Não obstante, criticou as
acusações de que o avião teria sido atingido
por um míssil, dizendo que isso não passa de "guerra psicológica".
Por causa das sanções americanas, a Boeing precisa de autorização do governo
estadunidense para participar das investigações.
Assinale-se que a declaração do
primeiro ministro canadense veio logo depois de autoridades do governo
americano afirmarem à imprensa que acreditam na hipótese de que a aeronave haja
sido abatida pelo sistema de defesa antiaérea iraniana por acidente. Sem
identificar-se, funcionário afirmou que foram identificados por satélite dois
lançamentos de mísseis perto do horário em que o Boeing 737-800 caíu, seguidos
por evidências de uma explosão. Segundo o New
York Times, a inteligência estadunidense interceptou comunicações no
Irã confirmando que um míssil teria derrubado o avião.
Minutos finais do vôo da aeronave
da Ukraine InternationalAirlines (UIA).
O voo
PS752 da UIA decolou às 06:12hs de quarta-feira de Teerã, com destino a
Kiev. A decolagem aconteceu quase cinco horas depois do ataque iraniano a bases
iraquianas que abrigam soldados americanos, ocorrido às 01h20 de 4ª feira, no
horário local. A hipótese aventada pelos funcionários americanos é que a
aeronave haja sido confundida com um míssil ou drone dos Estados Unidos, que estaria agindo em represália à operação no Iraque.
Por sua vez, o governo de Kiev
(Ucrânia) disse que quer fazer buscas no local da queda para verificar se há
destroços de míssil russo usado pelos militares iranianos. Uma equipe de
especialistas ucranianos chegou a Teerã ontem, quinta-feira dia nove de
janeiro, antes do amanhecer para participar da investigação.
Igualmente ontem, a Organização da Aviação Civil (OAC)
iraniana reiterou a versão inicial de
que o avião fez meia-volta para retornar ao aeroporto. O chefe da OAC, Ali Abedzadehm considerou "ser
cientificamente impossível" que o avião tenha sido abatido por um míssil,
uma vez que já estaria voltando ao aeroporto, e nesse sentido alegou que
dezenas de aviões nacionais e estrangeiros estavam sobrevoando o território do
país naquele momento.
(
Fonte: O Globo, reportagem " Suspeita sobre o Irã ")
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