O ex-presidente da Vale
do Rio Doce, Fábio Schvartsman, além de funcionários, ex-empregados da empresa,
e cinco técnicos da consultoria Tüv Süd foram denunciados à Justiça por
homicídio doloso e crimes ambientais, pelo colapso da barragem de Brumadinho
(MG).
Esta tragédia causou 259 mortes confirmadas e há ainda onze "desa-parecidos". Os
óbitos ocorreram na hora do
almoço dos funcionários e operários da Vale, e os ll desaparecidos devem estar
muito provavelmente soterrados na área do antigo refeitório da Vale. Como se sabe, a barragem de Brumadinho,
apesar dos avisos anteriores, como a de Mariana, fora construída a montante dessa barragem, e não a jusante como ora promete a Vale passar a construir as respectivas
barragens, que é o que recomenda a prudência tanto desta companhia, quanto das
demais grandes mineradoras, diante do desafio colocado para a melhor localização
da barragem, e a consequente maior segurança daqueles que estão abaixo das
águas e detritos represados. A pergunta que permanece no ar é: por quê a
mineradora careceu de tantas calamidades para que fosse afinal convencida de
que a mais elementar prudência sempre recomendara que a opção pelas barragens à jusante fora escolha determinada pelo
bom-senso e a mais elementar prudência?
Para que se tenha ideia da descomunal
rapidez com que se rompe a barragem de Brumadinho, projetando-se - como
o mostra para quem tenha olhos para ver esta colheita da ceifadora ensandecida
- em demencial velo- cidade pelo campo aberto que a separa da local do antigo refeitório e das demais instalações da Vale do Rio Doce, há de se compreender de muito pronto que os
infelizes que pensaram almoçar, depois da dura faina matinal, não tinham, na prática, chance alguma de
escaparem vivos. E o soterramento, com
a brutalidade que caracteriza Mãe-natureza,
faria a sua obra maldita. Nesse interminável post-mortem que arrostam os familiares por esta macabra avalanche, verifica-se que, malgrado os 259 óbitos, a tenebrosa computação
ainda não foi concluída. E como se computa o sofrimento que lenta e cruelmente
se destila ao sabor dos longos aguardos, num jogo maldito, em que, como em novo
Inferno de Dante, aqueles que apesar de tudo ainda convivem com a impossível e tresloucada
esperança, a eles nada mais resta, nessa
sala de espera amalçoada, senão implorar que pronto termine uma sádica expectativa
que não parece ter fim. Com efeito, a sua condição é tal, que a verdade será um
carrasco com um pouco mais de piedade, ao pôr fim a insanas, demenciais
esperanças de que por algum milagre - que só o amor do pai, da mãe ou até do
filho - pode explicar, de que essa louca expectativa por uma salvação que vai
contra tudo pelo que ouviram e passaram até agora.
( Fontes: O Estado de S.
Paulo e acompanhamento do noticiário pela Tv e demais meios de comunicação).
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