A Câmara de Representantes, sob a direção de Madam Speaker Nancy Pelosi,
e com maioria democrata, enviou ontem, quinze de janeiro, ao Senado as duas acusações
formais de impeachment contra Donald Trump, o que abre caminho para o que
o julgamento político do presidente americano
comece na próxima semana.
Ao todo, 228 deputados votaram a favor do envio do processo ao Senado, e 193 se opuseram. Trump é acusado de abuso de poder ao pressionar o
presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski,
a investigar o rival democrata Joseph
Biden, em troca de uma ajuda militar - é de notar-se que Biden lidera a
maior parte das pesquisas presidenciais.
Trump foi igualmente acusado de
obstruir a investigação sobre a questão no Congresso, ao bloquear testemunhos e
documentos solicitados por deputados da oposição. "Hoje, estamos fazendo
história. Estamos aqui para cruzar um limite muito importante, entregando o processo
de impeachment de um presidente", disse Nancy Pelosi, que preside a Câmara dos
Representantes.
A votação de ontem também aprovou a
indicação de sete parlamentares democratas, designados por Pelosi, para atuar
como promotores no julgamento no Senado.O presidente da Comissão de
Inteligência da Câmara, Adam Schiff, um adversário de Trump
que atuou como promotor federal em Los Angeles por seis anos, foi selecionado
para chefiar o grupo.
Absolvição? Trump ainda não revelou
sua equipe de defesa. O julgamento, de
acordo com a Constituição, será supervisionado pelo presidente da Suprema
Corte, John Roberts. Espera-se que o Senado, que tem 53 das cem
cadeiras ocupadas por republicanos, absolva Trump, mantendo-o no cargo. Até
agora, nenhum republicano expressou apoio à remoção - para ser aprovado, o impeachment precisaria de dois terços
dos votos do Senado, ou seja, pelo menos 20 partidários de Trump teriam de
abandoná-lo.
Não obstante, não há negar que a
sua condenação pela Câmara, no mês passado, permanecerá como mancha
considerável no histórico desse presidente.
Além disso, o julgamento no Senado, que terá ampla cobertura da
imprensa, pode-se tornar um embaraço em momento em que ele busca a reeleição -
a disputa ocorrerá em novembro p.f.
Durante cerimônia na Casa Branca
relativa à assinatura de acordo comercial com a China, Trump atacou o processo
de impeachment que chamou de embuste.
Pelo Twitter,
ele falou em "golpe". O seu
respeito aos fatos, amplamente confirmados pelo processo, cedeu lugar ao brutal
negacionismo, sem qualquer consideração à realidade factual.
Por sua vez, a porta-voz da Casa
Branca, Stephanie Grisham, voltou a reiterar que "o presidente não fez
nada de errado." "Ele espera ter direito no Senado ao devido processo
legal, que Pelosi, presidente da Câmara, e os deputados democratas negaram. E
ele espera ser completamente inocentado", completou a porta-voz.
(
Fonte: O Estado
de S. Paulo )
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