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Parlamento europeu aprovou, conforme esperado, o acordo do brexit, último passo formal antes da saída do Reino Unido. Há fotos da emoção de alguns euro-deputados
britânicos, que choraram na despedida.
"Somente na agonia da separação olhamos
para a profundidade do amor", disse a presidente da Comissão Europeia, Úrsula
von der Leyen, citando George Eliot.
Os 47 anos do Reino Unido na União
Europeia terminam amanhã à meia-noite, mas a saída britânica tende a ser mais
teórica do que prática. Se o erro de David Cameron hoje se apresenta como
irreparável, apesar de deixar de ser estado membro, a Inglaterra segue
vinculada às normas europeias durante onze meses, e nesse período de transição
Londres e Bruxelas vão negociar um acordo comercial.
O negociador-chefe da UE, Michel
Barnier, apresentou ontem o projeto de negociação à Comissão Europeia, que só
será, no entanto, divulgado após o Reino Unido se tornar oficialmente um
terceiro país.
Há outras dificuldades para o
projeto. A Escócia pretende intensificar a estratégia para realizar um novo
referendo de independência, desta feita com o argumento irrespondível de que o
Reino Unido abandonará a UE contra a vontade da maioria dos escoceses.
O gabinete da primeira-ministra nacionalista, Nicola
Sturgeon, apresentou moção ao Parlamento escocês, que obteve o respaldo da
maioria dos deputados. Apesar de ter por ora apenas valor simbólico a aprovação
foi bastante para aumentar a tensão entre os dois governos.
Não é mais hora de discutir
sobre a oportunidade do brexit, que
virou fato, para o bem e para o mal, do povo inglês. No entanto, 62% dos
escoceses votaram pela permanência no bloco europeu. E muitos nacionalistas escoceses querem
aproveitar os primeiros meses do Brexit - que devem afetar a economia britânica
- para lograr aumentar o apoio pela independências da Escócia.
Outro problema que tende a
agravar-se após o Brexit é a Irlanda
do Norte. Após 30 anos de violência
entre católicos e protestantes, com mais de três mil mortes, o território foi
por fim pacificado pelo Acordo da Sexta-Feira Santa, de 1998, pelo qual os
ingleses concordaram em desmontar os postos de checagem na fronteira. Sob as
regras do mercado comum europeu, as economias das duas Irlandas se tornaram
dependentes e integradas. Hoje, ninguém mais aceita a volta da fronteira física
entre os dois territórios, o que significa, na prática, uma Irlanda unificada.
Assim em setembro, pesquisa do instituto Deltapoll apontou que 52% dos norte
irlandeses - a maioria jovem - apoiam a unificação, enquanto 39%, ainda querem ser parte do Reino Unido.
Demografia.
Sexta feira à meia noite, dia 31 de janeiro, a União Europeia perderá pela
primeira vez um Estado-membro. Com a saída de 66 milhões de habitantes, a União
Europeia verá sua população diminuir para cerca de 446 milhões.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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