O episódio da fiel
católica na Praça de São Pedro mostra que a exposição do Pontífice, nessas
circunstâncias, pode levar a excessos, como o foi demonstrado nesta cerimônia
de que participou Papa Francisco. Com efeito, para resguardar o caráter místico
do ritual católico romano, o multissecular cerimonial da Igreja de Cristo indica
que é medida de elementar prudência resguardar o Santo Padre de um eventual contato
com os fiéis que porventura não se realize consoante o ritual da Santa Igreja
Católica Romana.
Para tanto, em passado
relativamente recente, nas grandes cerimônias, a Igreja se serviu máxime no
interior da Basílica pontifícia da chamada cadeira
gestatória, que, levada nos ombros de
servidores vaticanos, não só realça para a multidão circundante a presença do
sucessor de São Pedro, mas também em o fazendo sobrepairar aos fiéis à volta reunidos, eleva a figura, e
sobretudo a mística presença do Sumo Pontífice aos olhos do laicato, a realçando,
enquanto em altura o distingue, na sua qualidade de Pastor do Povo de Deus, àquele
a quem a Santa Madre Igreja incumbiu o honroso fardo de inspirá-lo, orientá-lo
e dirigi-lo nos caminhos da santa fé católica romana.
Dessarte, na multidão católica, em ambiente de
profunda devoção a Nosso Senhor Jesus Cristo, a figura de Sua Santidade o Papa
estará a um tempo ainda mais próxima do próprio rebanho, àquele que
sobrepairando às injunções do humano
contato com a aglomeração de fiéis, infunde a tal momento rara emoção, pela funda
devoção à missão do Sucessor de Pedro, e a consequente única e mística conexão na
cerimônia com a multidão do Povo de Deus com aquele que carrega a honrosa, posto que árdua, missão de Representante
na Terra de São Pedro, príncipe dos Apóstolos.
Em tal sentido, em atmosfera já conducente à
profunda devoção, a figura do Santo Pontífice estará a um tempo cercada pelo
Povo de Deus, ainda que a ele pareça sobrepairar, de forma que a sacralidade do
momento se verá naturalmente acrescida, pela mística e estreita interação na litúrgica cerimônia, o que explica a sensação e propósito da
unidade na fé da Santa Igreja Romana de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme o
evidencia a sacralidade do momento, intermediada por esse místico e, não obstante,
estreito contato com o Representante na Terra de
Nosso Senhor Jesus Cristo
No passado, os contatos pontifícios
com os fiéis se processavam amiúde com a cadeira gestatória - e a aparição do Santo
Padre Giovanni XXIII, no interior da principal basílica católica, o trono alçado nos ombros
do pessoal vaticano - que naturalmente levantavam
a presença do carismático sucessor de Pedro, a tornando mais próxima e visível
para a multidão de fiéis - representava na verdade uma segunda benção
pontifical, ao causar forte e, em verdade, profunda emoção na congregada
multidão de peregrinos, a que sobrepairava de altura que tornava acessível aos
devotos fiéis a visão de Sua Santidade. A cerimônia era tão simples quanto
antigo o próprio ritual, e muitos fiéis coparticipavam da funda emoção sentida
na contemplação da presença do Sucessor de Pedro, o que lhes aumentava a
natural veneração, expressa muita vez em choro convulso e na exultação de ver
de muito próximo a viva imagem do então Sucessor na Terra do Apóstolo
Pedro.
(
Fontes: O Globo e lembranças pessoais )
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