O ambiente político em
Washington e em New York daria a impressão a alguém que acabe de chegar de
longínquas paragens de que o 45º presidente estaria já cambaleante, ao cabo de fatigosa jornada, sob o peso de
saraivada de denúncias, após um longo semestre de governo.
Pelo
seu abuso do twitter, que pode ser
bom para slogans, ou para supostos
pensamentos curtos de ideias e imaginação, Trump cria um monstro que ele pensa poder monopolizar.
Cada
um constrói a sua própria agenda - ou talvez pensa construir - mas na prática o
que se vê é colossal desperdício de ideias de alguém que se acredita capaz de
dominar a agenda política ou de subordiná-la às suas próprias limitações.
Essa atmosfera de confrontação, como se em cada vulto se desenhasse um
inimigo, na verdade pouco ou nada
constrói de positivo.
Talvez
no futuro - que para alguns semelha estar bastante próximo - se venha a esboçar
em linhas gerais o que até agora tem representado a Administração Trump. Como
nos velhos filmes mudos, em que os personagens, por contingência técnica dos
então métodos de projeção, pareciam agir ou movimentar-se de forma mais rápida
e, até mesmo, caricatural em relação à realidade, o observador político tenderá
a conviver com esse estranho hiper-realismo que domina a um tempo visão
obsessiva, alucinada mesmo, do mundo político americano.
A
ênfase de quem crê movimentar os fantoches e apresentar aquilo que julga seja a
realidade a seu redor tem a mesma profundidade e a mesma capacidade de motivar
discussões da simbiose da visão Trump em geral: rasteira e redundante.
Na verdade, Trump se encarrega de antecipar ameaças e ataques ao seu
governo, como se a própria Administração se automarcasse pelo vermelho sinal
do perigo. Em governo que mal sai dos
cueiros, ele aponta perigos que pensa cercá-lo.
Alguém que chegasse meio atrasado nessa representação pensaria ao invés
que o presidente já se debate nas garras da perseguição
política (witch hunt) dirigida por gente muito má e conflituosa!
Ao tentar rebaixar o Conselheiro Especial , Mr Robert Mueller, acaso o Presidente
não se dá conta que desce da sela do cavalo, diminuindo o próprio cargo,
de certa maneira se expondo e se nivelando a quem mal começa a investigá-lo ?
( Fonte: The
New York Times )
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