Terá acaso a
Primeira Ministra Theresa May pensado que Margaret Thatcher seria o seu fanal?
Comparar a experiência havida em cuidar dos pobres imigrantes por um largo
período não é indicação suficiente, nem comparável para o lidar com pulso firme,
e por longos anos, na torre de comando da velha nave britânica.
Como ressalta o editorial do New York Times, nada mais inútil do que a
sua convocação de eleição de todo desnecessária, para ela e o próprio partido
Conservador, que já dispunha de confortável maioria.
Ela agira pensando talvez iniciar o
triunfal caminho de seu ídolo, com grande imprudência, esquecendo a pequena
visão de quem adentra picadeiro de leões e hienas enfurecidas.
Sem embargo, ela ainda se agarra aos
farrapos da própria húbris, ao mal
receber os flagelados da tragédia do high
rise, em que as mortes sobem a pelo menos 79 infelizes, vitimados pela
indiferença do Estado, albergados que estavam em disfarçado cortiço de pouca
segurança, demasiado distante do controle do Estado e de singelos instrumentos,
como os sprinklers que decerto
salvariam muitas vidas.
Ela talvez seja a Primeira Ministra
adequada para a Inglaterra do brexit,
arrotando arrogância e aquele rijo, insensível lábio superior diante dos
continentais de Bruxelas. A medida do poder é, no entanto, terrível, quando
quem se crê acima dos pobres mortais e dos continentais de Bruxelas, se vê, num
repente, pendurada no frágil ramo das passadas ilusões, que ora se voltam
contra ela, com os risos nem tão disfarçados diante da peripeteia que ela, tola que foi (como diria Homero) estupidamente
criou.
Agora ela tem pela frente a
negociação com um partido protestante da Irlanda do Norte, que vai vender-lhe muito
caro os votos de que precisa para remendar o apoio que antes desdenhava. De
altiva e arrogante, mandando a torto e a direito, agora mede as palavras, e se
curva até diante de personagens menores, mas que dispõe de votos de que ela
carece e muito.
Mas não pensem que ela é uma boa
aluna. Não é que ainda tratou mal os flagelados do incêndio do high rise?
Quem pensava ditar as cartas,
deixou-se embair por maus conselheiros, que lhe recomendaram o hard brexit, de
quem estultamente rejeita todo um mercado. Agora, não lhe faltarão as rugas nem
o ar tristonho para pedir por uma nova situação, a quem antes pensava
desfazer-se num gesto largo e inconsequente de tudo o que haviam construído os
seus longínquos antecessores, que tão logo se viram livres do velho general de
Gaulle, que lhes barrava a porta do então Mercado Comum, trataram de rápido
negociar acordo com a gente de Bruxelas.
O
predecessor imediato da May, David Cameron, parecia igualmente tratar a
presença no Mercado Comum, como algo de somenos relevância, e por isso cometeu
a estultície de utilizar o referendo sobre a permanência em Bruxelas como se
fosse problema menor, com que se retardaria algum ítem mais espinhoso da agenda
interna.
Zeus não costuma tolerar os tolos,
máxime aqueles que chegam a altos postos por insondáveis caminhos.
Mas quem olhar hoje para a face
enrugada de Theresa May, aí verá, com os rasgados riscos da divindade, as
ruínas do orgulho das mentes pequenas que foram longe demais.
( Fontes: The
New York Times, Homero )
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