Vendo
o abandono em que se encontra o Rio de Janeiro,
fico a perguntar-me quais são os reais
objetivos do senhor Prefeito do Rio de Janeiro.
Além
de sua viagem a Brasília, já mencionada anteriormente, com a intenção declarada de colher aprovação do Supremo Tribunal para
nomear o próprio filho para Chefe de Gabinete. Como é conhecida a posição do
STF quanto à designação de parentes de autoridades - com o óbvio objetivo de evitar-se
o nepotismo - pareceu-me ter sido aquilo que os ingleses chamam de 'wild goose chase' a sua ida à Brasília,
na companhia do filho.
Mas
deixemos de lado esse aspecto, pois como pai procuro entendê-lo de maneira não
tão estrita. No entanto, convenhamos que, se um órgão colegiado como o Supremo
tem posição formada sobre uma questão, qualquer missão destinada a convencê-lo
do contrário está fadada a baixíssima perspectiva de êxito.
Voltemos, no entanto, à nossa cidade órfã. Ela está carecendo e muito de
um prefeito mais ativo. Não sei se o seu homólogo paulistano, que pensa ter
fumaças presidenciais, seria bom exemplo nesse particular.
Mas, convenhamos, as suas atividades e o escrutínio a que a imprensa submete
esse ambicioso tucano, dão ideia de atuação muito mais presente do que a sua.
Por
todo lado que se ande pela cidade do Rio de Janeiro - e não me estou referindo
ao aspecto crítico da segurança que não lhe compete na quase totalidade -
permita-me dizê-lo com franqueza o que deparo à minha volta - e olhe
Excelência, que moro em bairro cantado em prosa e verso - abandono.
Abandono nas faixas pedonais para que o pedestre, esta espécie ameaçada,
possa atravessar os logradouros de Ipanema.
É lastimável o estado da pintura, que é de anos atrás.
Por outro lado, como ao pedestre são concedidos 8 segundos nas faixas
pedonais exclusivas, e levando-se em conta que os semáforos das vias principais
não dispõem dos chamados pardais, o que está acontecendo é que ônibus e táxis
não costumam respeitar sinais amarelos e mesmo vermelhos do sinal que teoricamente já está aberto para
os pedestres. Mas os ônibus e os táxis, por saberem que não há pardais, em
geral ignoram o primeiro sinal vermelho e até o segundo, se o espaço entre eles
é muito pequeno, como ocorre, v.g. no cruzamento entre as ruas Visconde de
Pirajá e Farme de Amoedo, onde há dois sinais,e não é raro que os motoristas de
ônibus cruzem as duas pistas no vermelho.
Não sei por que os pardais foram retirados desses semáforos. Como os motoristas e os taxistas ignoram
solenemente o vermelho, a única maneira de fazê-los obedecer a essa comezinha
regra de trânsito é aplicar o pardal. Com isso, ganham os pedestres mais
segurança, os motoristas de ônibus e de táxi mais juízo, e Vossa Excelência
mais dinheiro para o erário da Prefeitura, proveniente das multas. E se há este brutal desrespeito às faixas
pedonais e aos semáforos, com eventuais sérias consequências, está mais do que
em tempo de fazê-los aprender que
respeitar as leis do trânsito cabe não só aos fracos (transeuntes), mas também
aos motoristas de ônibus, táxis e carros, e que ignorar as leis do trânsito se
traduz em pontos na carteira, e no pagamento de taxas.
Na penalização das infrações dos motoristas, sejam eles amadores ou
profissionais, há também a função pedagógica, ditada pela inevitável perda de
tempo no seu pagamento. Seria um dos poucos efeitos louváveis da burocracia do
trânsito. Aqui o tempo perdido pode ter função pedagógica, ensinando ao
motorista revel que é também mais interessante para ele evitar as infrações no
trânsito. Economiza não só no tempo e no dinheiro gasto, mas também evita
aumentar os pontos na carteira.
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