Se fosse brincadeira - inda que de mau gosto
- o que está acontecendo na Venezuela, pela ínsita crueldade do meganha da Guarda Nacional (*)[1]-
que fez três disparos no coração de David José Vallenilla, estudante
universitário - tal só poderia ser referido como tiros de festim.
Mas a boçalidade imperante - e a
consequente irresponsabilidade - mata pelo mero e suposto prazer de fazê-lo,
armado de imenso desrespeito à vida humana, e num clima de banditismo
desvairado, eis que a soldadesca se julga - e os poderosos de plantão lhes dão
carta branca - acima da Justiça e dos homens.
Com marcha de apoio à
Procuradora-Geral Luisa Ortega, a Oposição anunciou o início da fase que
acredita "decisiva" em sua ofensiva para tentar retirar do poder o
Presidente Nicolás Maduro. Devem acompanhar a marcha em Caracas
mobilizações em todo o país, que se
dirigirão aos gabinetes regionais da Procuradoria-Geral. Será nova jornada de manifestações, que desde
o próprio começo, a 1º de abril, deixaram macabro rastro de 75 mortes.
A corajosa Procuradora Luisa Ortega -
a que Maduro procura intimidar através do dócil Tribunal Supremo - que passou a
ser perseguida pelo Governo, afirmou que a Constituinte convocada por Maduro -
note-se que é em nível de vereador - constitui no entender da Procuradora-Geral
um retrocesso nos direitos humanos e na
Democracia.
Por outro lado, Julio Borges,
presidente da Assembléia Nacional, disse que "a Constituinte de Maduro foi
feita como um terno sob medida, e não vai resolver o problema das filas (que se
formam pela escassez da alimentos), nem do custo de vida, nem da insegurança."
Movimentos na
hierarquia do imperante chavismo
A
Venezuela oficialista e chavista vive uma série de movimentações dentro da
hierarquia do partido governista, o PSUV
(Partido Socialista Unido da Venezuela).
Os observadores do mundo chavista julgam como favorecido o ex-capitão do
exército Diosdado Cabello (não se esqueçam que a matriz, Hugo Chávez, era
tenente-coronel quando foi preso na intentona contra o presidente Carlos Andrès
Pérez ). Lançado como chefe de fila governista para a Constituinte dos
vereadores de Maduro, Cabello vai procurar reviver as fileiras governistas.
Na hodierna reorganização
governista, o general Vladimir Padrino López foi destituído do "Comando
Estratégico Operacional", e malgrado confirmado como Ministro da Defesa,
acabou enfraquecido.
Maduro lançou no correr desta
semana outros medalhões de seu governo como candidatos à Constituinte, cuja
eleição está prevista para trinta de julho, e enfrenta crescente repúdio.
Dentro da profunda crise do
chavismo, e de sua impopularidade crescente, se revezam no gabinete de Maduro,
Diosdado Cabello, a ex-Ministra do Exterior, Delcy Rodriguez, e a própria Cília
Flores.
No situacionismo, o futuro presidente dessa Constituinte de
fancaria seria Diosdado Cabello,
cuja influência cresceria dentro dos
aparatos da Segurança e nas Forças
Armadas. Com a soldadesca no comando, quem se surpreenderá se Cabello não
utilize essa Constituinte do baixo nível para o salto triplo na direção do
poder? O que lhe falta em simpatia e popularidade, pensará ele repor através da
própria força bruta, seja no exército, seja nos organismos que o "grande
mudo" costuma controlar.
( Fonte: O
Globo )
[1]
Doravante, por respeito ao Libertador, não mais acrescentarei o termo
"Bolivariano" com que o carrasco Maduro adorna as forças da
repressão.
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