sexta-feira, 23 de junho de 2017

Luta contra a ditadura na Venezuela

              
           Se fosse brincadeira - inda que de mau gosto - o que está acontecendo na Venezuela, pela ínsita crueldade do meganha da Guarda Nacional (*)[1]- que fez três disparos no coração de David José Vallenilla, estudante universitário - tal só poderia ser referido como tiros de festim.
        Mas a boçalidade imperante - e a consequente irresponsabilidade - mata pelo mero e suposto prazer de fazê-lo, armado de imenso desrespeito à vida humana, e num clima de banditismo desvairado, eis que a soldadesca se julga - e os poderosos de plantão lhes dão carta branca - acima da Justiça e dos homens.        
            Com marcha de apoio à Procuradora-Geral Luisa Ortega, a Oposição anunciou o início da fase que acredita "decisiva" em sua ofensiva para tentar retirar do poder o Presidente Nicolás Maduro. Devem acompanhar a marcha em Caracas mobilizações  em todo o país, que se dirigirão aos gabinetes regionais da Procuradoria-Geral.  Será nova jornada de manifestações, que desde o próprio começo, a 1º de abril, deixaram macabro rastro de 75 mortes.
         A corajosa Procuradora Luisa Ortega - a que Maduro procura intimidar através do dócil Tribunal Supremo - que passou a ser perseguida pelo Governo, afirmou que a Constituinte convocada por Maduro - note-se que é em nível de vereador - constitui no entender da Procuradora-Geral um retrocesso  nos direitos humanos e na Democracia.
          Por outro lado, Julio Borges, presidente da Assembléia Nacional, disse que "a Constituinte de Maduro foi feita como um terno sob medida, e não vai resolver o problema das filas (que se formam pela escassez da alimentos), nem do custo de vida, nem da insegurança."

Movimentos na hierarquia do imperante chavismo   

           A Venezuela oficialista e chavista vive uma série de movimentações dentro da hierarquia do partido governista, o  PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela).  Os observadores do mundo chavista julgam como favorecido o ex-capitão do exército Diosdado Cabello (não se esqueçam que a matriz, Hugo Chávez, era tenente-coronel quando foi preso na intentona contra o presidente Carlos Andrès Pérez ). Lançado como chefe de fila governista para a Constituinte dos vereadores de Maduro, Cabello vai procurar reviver as fileiras governistas.

             Na hodierna reorganização governista, o general Vladimir Padrino López foi destituído do "Comando Estratégico Operacional", e malgrado confirmado como Ministro da Defesa, acabou enfraquecido.
            Maduro lançou no correr desta semana outros medalhões de seu governo como candidatos à Constituinte, cuja eleição está prevista para trinta de julho, e enfrenta crescente repúdio. 
             Dentro da profunda crise do chavismo, e de sua impopularidade crescente, se revezam no gabinete de Maduro, Diosdado Cabello, a ex-Ministra do Exterior, Delcy Rodriguez, e a própria Cília Flores.

             No situacionismo,  o futuro presidente dessa Constituinte de fancaria seria  Diosdado Cabello, cuja influência cresceria  dentro dos aparatos da Segurança  e nas Forças Armadas. Com a soldadesca no comando, quem se surpreenderá se Cabello não utilize essa Constituinte do baixo nível para o salto triplo na direção do poder? O que lhe falta em simpatia e popularidade, pensará ele repor através da própria força bruta, seja no exército, seja nos organismos que o "grande mudo" costuma controlar.     

( Fonte:  O  Globo )



[1] Doravante, por respeito ao Libertador, não mais acrescentarei o termo "Bolivariano" com que o carrasco Maduro adorna as forças da repressão.

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