Ontem foi o Dia da Rússia. No
entanto, na terra de gospodin Vladimir V. Putin, a comemoração dessa
jornada dá calafrios aos policias e
agentes especiais do Kremlin.
Não surpreende, assim, que o
principal opositor ao Presidente russo, Alexei
A. Navalny não haja podido celebrar de igual forma a muitos de seus
concidadãos este dia que é dedicado à exaltação da pódina (pátria em russo).
Navalny é demasiado bom orador e tem
carisma bastante para que os apparatchicks
da Federação Russa não se tenham apressado a arranjar pretexto para
trancafiá-lo em algum cárcere. A par disso, complacente juiz se apressara em
aplicar-lhe trinta dias de xilindró, sob o sovado pretexto de ameaça à ordem
pública.
Classificar a Rússia como democracia
lembra àquelas frases em que quem as escreve se sente incômodo, eis que falta
alguma coisa. Assim, os oxímoros não parecem indispensáveis, pois não se
consegue livrar-se da impressão de que falta alguma coisa...
A esposa do oposicionista Navalny,
armada de celular, pôde fotografar a prisão do marido, logo de manhãzinha,
quando ele se aprestava a sair de casa (iria discursar no centro de Moscou, mas
isso obviamente seria anátema para os lacaios do regime). E, dessarte, não deu outra: ele foi detido na
soleira de casa. A sua esposa logrou captar o instantâneo da prisão, com a
legenda "Feliz Dia da Rússia !" no seu twitter.
Para essa república autoritária,
qualquer ajuntamento popular pode representar problemas para os angustiados,
quase paranóicos, agentes policiais do regime. Em 2017, os focos dos protestos
foram a corrupção e a estagnação política.
De saída, o Primeiro Ministro Dmitri A. Medvedev, o fiel auxiliar
direto de Putin desde os tempos de Leningrado ( e quem fora por quatro anos
presidente da Rússia, assim permitindo conveniente estágio como Primeiro
Ministro a Vladimir Putin, polindo então a sua algo desgastada imagem) foi
objeto de campanha pela oposição como o desonesto beneficiário de palácios, iates, vinhedos e outros luxos
presenteados por alguns dos grandes milionários da Rússia, e disfarçados como
obras de caridade. Para Navalny, "o povo entende muito bem a conexão entre
corrupção e propriedade. O que leva as pessoas a saírem do interior é a
pobreza, a piora constante do nível de vida."
Como as eleições na Rússia são
trucadas, parece impossível que, nas condições em que elas se realizam, sob a
égide da manipulação, as possibilidades de vitória tendem para zero. Mas mesmo
assim, o regime russo toma suas precauções: Aleksei Navalny foi condenado, por
um juiz interiorano, pelo crime (inexistente) de peculato. O propósito da
condenação é tão só impedir que Navalny possa registrar-se como candidato, pois
tem a ficha suja...
( Fontes: The New York
Times, Putin's Kleptocracy, de Karen
Dawish )
Nenhum comentário:
Postar um comentário