Dá uma boa impressão para os
contemporâneos e, porque não dizer, para os pósteros, que o responsável pela
introdução de autêntica reforma sanitária nos Estados Unidos permaneça não só
silencioso, mas também sem levantar um dedo, para defender a lei básica para a
saúde - o Affordable Care Act - como se
se tratasse de coisa de somenos importância ?
Da
derrota de Hillary Clinton para o contendor republicano, Donald John Trump, é
de esperar-se que as cortes e o Conselheiro Especial Robert S. Mueller III
encontrem a verdade, essa tão enxovalhada criatura nesses tempos da realidade digital.
Segundo a imprensa especializada
americana, há muito para desvendar, assim como anteriormente a estranha falta
de iniciativa de Barack Obama terá ensejado que muitas coisas tenham saído pelo
avesso. Que um funcionário de menor hierarquia se tenha permitido exercer
brutal influência no resultado das urnas e que a estranha apatia presidencial haja,
de certa forma, lhe facilitado a tarefa, são fatos que incomodam, e que a atual
presença de um sucessor se não explicam de todo, podem tornar, a contrario sensu, menos difícil de
aceitar este fato amargo e injusto, que só há de contribuir para melhor
entender o agravamento do tão temido decline.
A Lei da Reforma da Saúde será enterrada sem uma palavra do Presidente
que, com a ajuda das bancadas democratas, a fez aprovar, seja na Câmara Baixa,
seja no Senado ? O afastamento da
política dos presidentes, depois da primeira reeleição, que o GOP logrou
arrancar do Congresso, temeroso que a experiência de Franklin Delano Roosevelt
se repetisse, decerto não se aplica à
apatia política que permite se desfigure a legislação, com grave atentado para
o tratamento médico das classes menos providas.
Não se trata, apenas, de um erro,
decorrente de política cega e vingativa, que por simples e vã vaidade condena à
lata de lixo uma legislação generosa para as classes menos favorecidas, que lhes
abrira as portas de hospitais e casas de
saúde, de que o egoismo e o privilégio lhes tinham por muito, demasiado tempo, cerrado.
Infelizes aqueles que mal
informados, venham a sufragar um partido que não é mais o de Lincoln, porque a
maior figura do panteão americano não se comporia com baixeza de tal
nível, que cerre as portas dos
nosocômios, a preço da vil vaidade, para aqueles que, pela sorte na loteria da
existência, só lograriam nelas adentrar, tangidos pela necessidade e o
infortúnio, com a ajuda da Lei do tratamento médico custeável.
Infeliz, na verdade, é o Povo
que, por seus ignaros e ignavos representantes no Congresso, vê derrubar Lei do porte daquela levantada pelas maiorias
democratas do Legislativo do primeiro biênio de Barack Obama.
Mal-afortunados aqueles que
lhes vêem negado tratamento médico por uma medida tão rasteira e sórdida que
pensara efetuar-se no segredo e na escuridão, que são, em geral, atributos da baixeza e da vil ignomínia, a quem
sói aborrecer a luz do conhecimento e da Justiça.
( Fonte: The New York Times )
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