Theresa
May não poderia deixar de ser a presença mais notada nas salas da
Autoridade Européia em Bruxelas.
Apareceu, no entanto, com jeito encolhido e menos arrogante do que a
May anterior ao senhor tropeção da eleição convocada às pressas, e que deu no
que deu. Sôfrega, pensara que a eleição seria formalidade, e vejam só no que deu.
Talvez no afã de conseguir histórica
afirmação, a jogada não saíu como prevista, e para quem, ao iniciar a partida,
dispunha de tranquila maioria nos Comuns, ei-la ao cabo se vê fragilizada e de
mãos abanando, tendo que engolir a própria empáfia, e ser vítima de curso
relâmpago de aprendizado da prudência na política.
Terá agora de negociar com os
neandertais da Irlanda do Norte, além de ter de conviver com políticas e
atitudes que pensara dispensar ao meter-se, sem ser chamada para tanto, na sua
canhestra convocação de eleições gerais.
E não é que o infortúnio
político - que lhe aplicou uma senhora poda no poder respectivo, como a antes
afirmada May o sentirá nas salas e corredores, tanto de Bruxelas, quanto os de
Westminster - induz à prudência e a gestos simpáticos?
Pois a May agora promete que os
cidadãos da União Européia residentes no
Reino Unido poderão continuar vivendo na Ilha britânica no pós-bréxit. Durante jantar de trabalho, a Primeira Ministra inglesa
expressou "compromisso claro" de não pedir a nenhum cidadão da UE,
que atualmente viva no Reino Unido de forma legal, a abandonar o país. Nesse
sentido, expôs o que definiu como acordo justo. Abalada pelas refregas, a premier ofereceu aos europeus na ilha
britânica há cinco anos a oportunidade de ganhar nova categoria de cidadãos
britânicos, quanto aos serviços de saúde, educação e aposentadoria, entre
outros.
Há cerca de três milhões de
cidadãos europeus no Reino Unido, e cerca de um milhão de britânicos, em países
do bloco (a maioria na Espanha).
A derrota eleitoral da May
também contribuíu para mudar o tom dos principais líderes da UE. Tanto a
Chanceler Merkel, quanto o Presidente Macron - este consideravelmente reforçado pelas eleições parlamentares - deixaram claro que não desejavam
ser empurrados a discutir a saída da Inglaterra do bloco durante a cúpula.
Tampouco perdeu a Merkel a
oportunidade de dar alfinetada na inglesa: "Moldar o futuro dos 27
(países que compõem a UE) é a prioridade, não o bréxit".
O mesmo foi igualmente
lembrado pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que sublinhou ser o
encontro não "um foro para as negociações do bréxit". Estas ficarão por conta do negociador europeu, Michel
Barnier.
(
Fonte: O Globo )
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