Os principais desafios da Ucrânia poderiam atualmente
ser definidos como controlar a corrupção e conter a Rússia.
No
artigo de Tim Judah, a luta contra a
corrupção surge como de efeito sofrível, embora alguns progressos tenham sido
feitos. Por lei de março de 2016, cerca de cem mil políticos, servidores
públicos, juízes - incluídos 423 membros do Parlamento - fizeram declarações on-line sobre os respectivos bens. Cerca
de um milhão é suposto tê-lo feito até começo de abril de 2017.
Outra
melhora alvissareira está no progresso das forças armadas ucranianas, hoje mais
bem equipadas e com soldados mais aguerridos e melhor armados. Muito
provavelmente, tomariam o que é atualmente ocupado pelos rebeldes
separatistas, não fora o temor da intervenção russa.
A
anexação da Crimeia continua de pé. Mas a vida na Crimeia ocupada é muito
diversa daquela que a maioria de seus habitantes antecipara quando da montada
invasão da península. Lá o custo de vida está alto, e as condições são muito
diversas do paraíso que pensavam surgiria com o domínio russo.
A
ocupação russa se assinala por forte militarização, e procura debelar qualquer oposição ou mesmo eventual dissenso. O único progresso está na
circunstância de que os cortes na eletricidade diminuíram depois que a Russia
aumentou a transferência energética.
A
par disso, o único povo indígena da Crimeia - os Tártaros - na atualidade representa
apenas a doze por cento da população e continua a opor-se a Moscou. O imperialismo do Kremlin determinou, mais uma vez, o exílio do líder nacional Mustafa Dzhemilev.
Mesmo com a sua imensidão territorial, o poder dominante de Moscou quer
russificar a Criméia. É, no entanto,
interessante e sintomático que o imperialismo russo parece ainda temer os Tártaros, malgrado representem apenas doze
por cento do total da população na península. Continuam, portanto, a na sua
própria casa a serem submetidos à repressão policial. Dentro desse quadro de
intimidação preventiva, entende-se porque os tártaros evitem manifestar a própria
posição, temerosos de serem novamente transladados para a Ásia Central.
Entrementes, o líder Dzhemilev foi
forçado a viver em Kiev. Por sua vez,
logo no começo da "pacífica" ocupação da Crimeia ordenada por Putin,
vinte e dois ativistas tártaros "desapareceram", sendo descobertos
apenas sete corpos.
Por último, em declaração recente
o autócrata Vladimir Putin diz que, em verdade, existem não uma Ucrânia,
mas sim várias Ucrânias. Na raiz desse
dito, estaria a negação da nacionalidade
ucraniana. Resta saber se é apenas intento de intimidação.
Talvez o desconforto do urso russo com a vizinhança de uma nação
importante como é a Ucrânia se veja hoje acrescido porque Kiev vem recebendo ajuda substancial da União
Europeia. Por outro lado, os ucranianos, ao contrário dos russos, podem visitar
os povos e capitais da U.E. É esta
cooperação que tende a reforçar um país de dimensões respeitáveis, e que
continua a fortalecer-se com vistas a melhor defender as próprias fronteiras do
imperialismo de Moscou.
( Fonte: Tim Judah, The New York Review of Books, May
25, 2017)
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