A Administração Trump,
ao acercar-se de seus primeiros seis meses, continua a ser pródiga mais em
notícias negativas, do que em visão
otimista e criativa para o
futuro.
Tudo
que começa mal, poderá aspirar a ter um porvir melhor?
Ao tomar posse do governo americano em
vinte de janeiro de 2017, dentre as suas primeiras iniciativas estavam as
medidas para barrar a entrada no país de estrangeiros oriundos de diversos
países árabes.
A reação da Justiça estadunidense, no
entanto, deu a esse país uma outra resposta, mais consentânea com Povo e democracia americana.
Embora Trump a tenha demitido, Sally
Yates, na sua qualidade de Attorney
General interina, o enfrentou, e agindo dessarte mostrou a própria grandeza
dos Estados Unidos. Por julgar inconstitucional a determinação do novo
presidente nos famigerados decretos-executivos, ela não hesitara em confrontar
o Poder presidencial. Pouco depois de sua pronta exoneração, ela comparece ao
Senado americano, para ser interrogada pelo Subcomitê judiciário. Diante dela
surge o Senador Ted Cruz, republicano do Texas, que a interroga: "está
acaso familiarizada com a oitava USC, seção 1182 ?" A democrata Sally
responde: " Assim de pronto, não."
Continua então Cruz: "É a autoridade estatutária compulsória para o
decreto presidencial que a senhora se recusou a implementar, e que causou a sua
destituição. Eis aí - certamente é relevante e não uma terrível e obscura
determinação." Nesse sentido, Cruz leu uma parte da lei que investia o
Presidente com a autoridade de "suspender a entrada de todos os
estrangeiros ou de qualquer classe de alienígena como imigrantes", e pensando ter dado o
toque final no assunto, sorri satisfeito. No entanto, a testemunha declarou:
"Sim! agora me recordo desse texto." E para surpresa do Senador Cruz,
ajuntou: "Mas também conheço uma determinação suplementar da Lei do INA -
da Imigração e Nacionalidade 'que
também afirma que ninguém pode ser
discriminado contra na emissão do visto por causa de raça, nacionalidade ou
lugar de nascimento', que eu acredito foi promulgada depois da legislação
que o senhor acaba de citar." A par disso, a senhora Yates acrescentou
que, além do texto da legislação, ela tinha que julgar se a ordem executiva de
Trump violava a Constituição.
O video-clip da admirável resposta da Senhora Yates se tornou uma
sensação na internet, pelo que
representa da democracia americana. Escusado acrescentar que não mais foi
visto, nem ouvido, na próxima ronda de perguntas o Senador pelo Texas, o
republicano Ted Cruz.
Além de abusar do aspecto negativo,
a Administração Trump dá a impressão de ser vetusta, antiga. Pois não completou
ainda seis meses de governo, e já tem nas suas ilhargas um Conselheiro especial,
encarregado de julgar se houve interferência russa na sua eleição.
A par disso, a sua maioria
(republicana) já teria preparado em segredo, sem debate público ou qualquer
outra medida, uma nova versão do ACA, vale dizer o chamado Obamacare, que vai ser apenas simulacro de legislação a ver com a
saúde do povo americano, pois se tratará apenas da maneira mais expedita e
rápida de pôr fim à principal iniciativa para à saúde do povo, com os enormes
ganhos agora dos hospitais e planos sanitários, obviamente inacessíveis para as
classes de menor renda.
O viés negativo da Administração
Trump se vê igualmente no ataque
burocrático às relações com Cuba. Sem nada criar, o governo Trump avulta como
respeitável destruidor das conquistas da Administração de Barack Obama.
Já se verificara essa lamentável postura
do governo Trump, com a preferência pelo repressivo burro, como foi a suposta
reforma migratória do 45º presidente.
Esqueceu-me a principal qualidade
dessa triste figura que foi surpreendentemente eleita. E é a única que pode
acenar com a esperança de que a superpotência se veja livre dessa estranha
personalidade. Por seu temperamento e pelas mancheias de erros que comete,
Donald John Trump pode ser que venha a contribuir para abreviar o próprio mandato, pelas
suas canhestras iniciativas e declarações que têm feito proliferar o número de
pessoas especializadas em julgar-lhe a atuação e respectiva conformidade com as
leis e Constituição americana.
Nos bodes expiatórios desta
medíocre Administração, que enganar soube a tantos - como a promessa de acabar
com o cinturão da ferrugem (promessa de reviver as empresas e reempregar-lhe os operários que acreditaram
nas suas palavras de novas oportunidades
para os desempregados pelo progresso ) -
só restará a palavra de cautela futura contra os demagogos desse gênero.
Por fim, se as inúmeras
investigações que a trajetória do 45º presidente terá afinal provocado, com o caveat[1]
de que será substituído pelo republicano
Mike Pence, ex-governador de Indiana, que tem as qualidades habituais aos
vice-presidentes, só restaria ao Povo americano chulear para que o retrospecto
do vice habitual não se repita e se tenha pela frente presidente melhor do que
o atual titular.
(
Fontes: imprensa estadunidense, CNN )
[1]
Caveat é palavra latina, do verbo caveo. Se não me engano há em Pompeia um
ladrilho com o desenho de um cachorrinho e a frase, a título humorístico, cave canem (cuidado com o cão). As
línguas são tão vivas que até se alimentam de textos em latim...
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