Enquanto o Supremo Tribunal
Federal reúne-se em uma de suas turmas para julgar se é lícito o 'fatiamento'
encetado pelo Ministro Teori Zavascki com relação a uma das questões
antes tratadas pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, e que diz respeito à
matéria da energia nuclear - ora a ser tratada em Vara do Rio de Janeiro - ,
por seu lado, o juiz Sérgio Moro, da citada Vara Federal, pronunciou palestra
no IX Forum da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER).
Surpreenderá, por acaso, que o Juiz
Moro esteja "decepcionado" com
a falta de respostas institucionais do Congresso e do Governo Federal para os
problemas decorrentes da corrupção no país,
malgrado o impacto das revelações da Lava-Jato e das manifestações
contra a corrupção ocorridas no início do ano ?
Nesse
contexto, não surpreende, por certo, a observação do juiz Moro:
"O
processo (da Lava-Jato) tem ido bem, mas não posso assegurar o dia de amanhã.
Do ponto de vista de iniciativas mais gerais contra a corrupção, existe um
deserto. Parece que a Operação Lava-Jato, nessa perspectiva é uma voz pregando
no deserto".
Como é
sabido, desde o início do corrente ano de 2015, o juiz Moro defende, em
parceria com a Associação de Juízes Federais (AJUFE) uma série de reformas para
diminuir a impunidade e melhorar procedimentos de combate à corrupção no país.
E para que
melhor se entenda o que está em jogo, assim resumiu o que deveria estar sendo
empreendido:
"Não vai ser a Lava-Jato que vai resolver os
problemas da corrupção no Brasil, não vou ser eu, não foi a Ação Penal 470;" - (a ação do Supremo, relatada
pelo Ministro Joaquim Barbosa, e conhecida como a Ação do Mensalão) - " é
o que nós, como cidadãos, vamos fazer a partir de agora. E para isso precisamos
ter uma melhora nas instituições e eu, sinceramente, não vejo isso acontecendo de maneira
nenhuma."
A esse
respeito, o juiz Moro recordou que, no início do ano, o governo lançara
projetos "interessantes, ainda que tímidos" de combate à corrupção,
quando se achava em um "quadro político delicado", com uma série de
manifestações populares de repúdio, diante do despencar da aprovação do governo
Dilma.
Quanto às
seis medidas contra a corrupção - entre elas, a criminalização do Caixa Dois e
o aumento da pena para quem for condenado por enriquecimento ilícito - assim
comentou o juiz: "Nunca mais ouvi
falar."
O Juiz Moro
rebateu, outrossim, a crítica de que mantém presos acusados de corrupção que
ainda não tiveram a sentença transitada em julgado : ele defendeu o uso da
prisão cautelar em caráter excepcional e "com a presença de amplo quadro
probatório", como um mecanismo para frear a "corrupção sistêmica"
no país.
Nesse
contexto, o Juiz Sérgio Moro lembrou os casos de investigados que foram
flagrados praticando crimes de corrupção na Petrobrás em meio às investigações
sobre a estatal.
( Fonte: O Globo )
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