Examinando a situação do Governo Dilma e a extensão de
sua responsabilidade no desastre que se abate sobre o Brasil, (a) se são
imperativas as medidas para o congelamento da máquina pública, elas são
insuficientes porque o déficit é dez vezes maior; (b) o governo Dilma foi
remisso, empurrando com a barriga e deixando para o fim do ano a tomada de tais
medidas; (c) vê-se, então, diante do inesperado, com a tragédia da prisão do
líder da maioria e a paralisia do Congresso.
Além do desgoverno de Dilma, a falta de
qualquer ação de sua parte, transformou a administração em um morto-vivo que
pesa, com todo o gravame da própria inutilidade, sobre o país.
Poderia complicar ainda mais se
houvesse conseguido controlar a sessão alguém que não teria condições de
presidi-la por ser um dos investigados na Lava-Jato.
Apesar dos esforços de Renan Calheiros, a votação não foi secreta, nem a prisão
do Senador Delcídio Amaral foi levantada.
Mantida à deriva, a base do Governo, que
teoricamente seria maioria, se desfez por série de fatores: incompetência da
Casa Civil de Aloisio Mercadante, a que Jaques Wagner chega com muito atraso;
falta de qualquer capacidade de liderança de Dilma; medidas erráticas e
desastrosas, como o envio de orçamento com déficit. Nunca base parlamentar se
tem desagregado tanto, por causa da inabilidade de Dilma, sua impopularidade
e consequente ínsita fraqueza administrativa.
A prisão do líder Delcídio, pela sua
atitude canhestra, batendo de frente com o Supremo, e as consequências
advenientes, foram o prego que faltava no caixão desse morto-vivo que é o
governo Dilma.
Por causa da desagregação da
autoridade, nas palavras de Míriam Leitão, o governo entrou em segundo
desrespeito às leis orçamentárias. A primeira fora com as pedaladas de 2014 e
agora com o descumprimento do prazo de aprovar
autorização para ter déficit de R$ 120 bilhões.
A quantidade dos erros de Dilma
Rousseff - seja na gestão perdulária e nos procedimentos que roçam na área
penal - durante o primeiro mandato bastariam para que nos víssemos livres desse
fator desagregador e irresponsável se a sua atuação nos debates e na propaganda
para a eleição de 2014 não tivesse sido
um exercício do art.171 do Código Penal.
Volto a dizer que a primeira
responsabilidade é de Lula da Silva, por haver colocado na presidência esse
poste que infelizmente se agitou muito, eis que se tivesse agido de forma mais
aberta, sem os truques nos livros fiscais e as pedaladas, pelo menos teria
abreviado o sofrimento da gente brasileira, que hoje atravessa uma das crises
mais sérias da República, com alto desemprego, alta inflação e alta
incompetência funcional e fiscal, que decerto serão lembrados, e por muito
tempo, como verdadeira calamidade pública.
Para terminar, a solução para o mal
que Dilma Rousseff trouxe para o Brasil
está sendo engavetada por um político submetido a processo no Conselho de
Ética, que ele tudo tem feito para retardar e dificultar.
O Congresso Brasileiro é hoje
presidido por dois políticos que estão sendo investigados pela Lava-Jato.
Com essa moeda - o julgamento pela
Câmara dos Deputados do segundo governo Dilma Rousseff a autoridade competente
exorbita das respectivas funções e tudo leva a crer deseja transformar uma
questão pública, do interesse de toda a Nação brasileira, em expediente
administrativo com que conta ganhar mais tempo de sobrevivência política.
Estamos, portanto, diante de dois
descalabros. A situação fiscal do Governo Dilma que naufraga pela própria
incompetência e pasmoso, falho sentido das respectivas responsabilidades diante
da Nação; e a descarada manipulação da vontade do Povo Brasileiro, expressa por
petição de Hélio Bicudo, que se procura fazer
de alavanca para fins outros que nada
têm a ver com o interesse do Povo Soberano.
( Fonte: artigo de Miriam Leitão em O Globo )
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