Depois de ontem, 25 de novembro de 2015, as diversas e
desesperadas tentativas de grupelhos de deter a Lava-Jato, ao receberem um
golpe determinante, abriram caminho para a reação da sociedade.
Não é só a vitória do Direito
e da opinião pública que hoje ressoa. Não foi pouca cousa que por vez primeira
na República, os senadores, em voto aberto, decidiram em plenário, por 59 votos a treze, e uma abstenção, ratificar a decisão unânime de
Câmara do STF, e manter a prisão de Delcídio Amaral (PT-MS).
Não terá sido tampouco por acaso que
essa votação foi em aberto. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
começara logo cedo a articular para que a votação fosse secreta... Líderes da
oposição se rebelaram e impetraram no Supremo Tribunal Federal (STF) um mandado
de segurança preventivo, para garantir o voto aberto.
Como seria de esperar, Renan, no início
da sessão, disse que a sua interpretação era de que o voto deveria ser secreto,
mas que deixaria a decisão para o plenário. Houve longo debate - apenas o PT
encaminhou o voto secreto, Renan foi derrotado, com 52 votos pela votação em aberto, e 20 pela votação
secreta.
O líder do PT no Senado, Senador
Humberto Costa (PE) defendeu posição em favor de Delcídio. A bancada do PT
apoiou, com exceção de Paulo Paim (PT-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA), que não
votaram pelo relaxamento da prisão de Delcídio Amaral.
A vontade da sociedade, claramente
expressa nas redes sociais, teve a confirmação no Supremo, através do voto
contundente de seu Decano, o Ministro
Celso de Mello: o caso em tela "revela fato gravíssimo: a captura do
Estado e de instituições governamentais por organizações criminosas. É preciso
esmagar, é preciso destruir com todo o peso da lei - respeitada a garantia
constitucional - esses agentes criminosos".
Também a Ministra Carmen Lúcia, no seu voto pela prisão do Senador Delcídio
Amaral, asseverou: "Primeiro, acreditou-se que a esperança venceu o medo. No mensalão, viu-se que o cinismo
venceu a esperança. E agora, que o escárnio venceu o cinismo."
Não é só, porém, o Senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), senão o próprio Presidente da Câmara, Deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) que vêem pela frente uma
determinação clara e unânime do Supremo, em favor da implementação da Lei e do
Estado de Direito.
As tentativas de instrumentalizar
posições e interesses porventura pessoais, como se depara igualmente no
lentíssimo andar de certas instâncias da Câmara de Deputados, tampouco poderão
estender-se nessa via que está na contramão do sentir da Nação brasileira.
Dada a gravidade dos atos praticados pelo
Senador Delcídio Amaral, o Supremo Tribunal Federal tomou um ato inédito na
República, vale dizer a prisão de um Senador, Líder de Partido.
Quero crer que com o episódio de ontem a
democracia brasileira, afirmando a primazia da Lei, atuou dentro da melhor
tradição constitucional. Tenha-se
presente que em democracia mais antiga do que a nossa, a prisão de senadores e
deputados, mesmo quando decretada por juízes simples, é vista com naturalidade,
eis que lá - e como cá ora se delineia -
ninguém está acima da lei, e muito menos os representantes do Povo.
O
comportamento do Senador Delcídio Amaral e do banqueiro André Esteves, do Banco
BTG Pactual, ao oferecerem mesada ao delator da Lava-Jato Nestor Cerveró, e
tentarem obstruir as investigações da Lava-Jato, fez amplamente por merecer a
ordem de prisão do ministro do STF Teori Zavascki.
Referendada
pela Turma especial do Supremo, e pelo próprio Senado, esta decisão abre o
caminho para outras, que visem igualmente liberar o caminho da implementação da
Lei, doa a quem doer.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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