Não faz muito
escrevi a série "Brasil: Corrupção & Burocracia". Foram onze
blogs, alguns mais alentados, em que me ocupei de nossa pátria, a partir da
data, encomendada ou não, da alegada descoberta da Terra da Santa Cruz.
Falei da
corrupção - que tem aparecido sempre mais - e da burocracia, que passa por ser
um de seus braços.
Que o Brasil
atravesse crise moral e ética, não é
estória para boi dormir.
Os jornalões
cá estão para relembrar-nos dessa penosa realidade quase que a cada manhã.
Este senhor
Cunha não é uma miragem. Existe, e junto com ele, os seus asseclas. Vejam a
manchete do Globo: "Cunha
manobra para atrasar ação e provoca levante".
E a mini-manchete
logo empós: "Planalto apoiou
articulação, que revoltou deputados",
Os afogados
às vezes se ajudam. Podem até detestar-se, mas um quê do instinto de sobrevivência
hão de guardar.
Será
necessário explicar por que Dilma ajuda
Eduardo Cunha? Pela simples razão de que inimigos se dão as mãos, quando se
trata de cuidar da própria salvação.
Assim, tudo o
que atrasar o processo de E. Cunha no Conselho de Ética da Câmara estará bem
tanto para o próprio, quanto para sua aliada de conveniência, Dilma Rousseff.
E, dessarte, não é hora para o Planalto
ter pruridos éticos, mas sim pôr a mão na massa, e ajudar o aliado em
dificuldades.
Como sói
acontecer com pessoas com o comportamento psicológico do deputado E. Cunha, por
graça da incompetência da ex-Casa Civil de Dilma, eleito Presidente da Câmara,
falta-lhe um quê de sensibilidade para avaliar a reação de atos que lhe
favoreçam.
Daí a
surpresa diante da revolta de boa parte dos senhores deputados, que receberam
as manobras dos comparsas de E. Cunha como afronta à independência do Conselho
de Ética, ações essas que provocaram reações indignadas. "Pelo menos cem
deputados se rebelaram e se retiraram do plenário depois de acusarem Cunha de
utilizar o cargo em benefício próprio." E "um dos apelos partiu da
deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). Em cadeira de rodas, a deputada silenciou o
plenário ao dizer que Cunha está perdendo a legitimidade."
Recordam-se da cena de Fernando Gabeira
apostrofando do plenário a Severino Cavalcanti ainda sentado na curul da
presidência da Câmara ? Quando os demais se afastam
do poder, e ele é calado por quem vem apenas armado(a) de justa indignação, os
dias da antes poderosa autoridade já anunciam a sua breve volta à planície.
Falta
sensibilidade ao poder do Planalto de pensar que a promessa de E. Cunha de
postergar ad infinitum o exame da
petição do varão honrado Hélio Bicudo possa ser mantida...
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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