A corrupção tudo destrói, e
quando ela se apodera do Estado, a exemplo de o que ocorre no Brasil, sua presença, tão deformante quanto
açambarcadora, estará em toda parte, levada pelo exemplo, oriundo do poder, e
das práticas de imitação, que surgem em toda parte, pela própria expansão, e
por cultura paralela, em que o errado,
surge como o caminho expresso, e o apego aos princípios éticos, cousa de gente
atrasada ou burra.
Seria como se,
em determinado ambiente, não mais se respeitassem as regras do convívio social,
e se erigissem outras, em que o interesse não está no respeito ao outro, mas
sim nos atalhos que privilegiem o ganho, não importa como. Ao invés do bem
comum, e do comportamento com ele consentâneo, se constrói um mecanismo que
privilegie o lucro particular, sempre em benefício de determinado grupo ou
associação, que passa à frente, e mesmo substitui, as organizações da sociedade.
Nessa economia predatória, se pensa no
grupo ou no indivíduo, como fonte de recursos, não importa se os bens e os
lucros auferidos o sejam contra o interesse público geral.
Não é por
acaso que o Povo brasileiro, hoje, considera a corrupção como o principal
problema da sociedade. Ela está em toda a parte. Através de sistema político
que possibilita tal controle em períodos quadrienais, hoje verificamos como a
riqueza da Nação foi distribuída debaixo do pano através de sistema que
reproduz, quiçá sem o saber, as capitanias hereditárias, que viraram, no
governo do PT, capitanias quadrienais.
Como esse
sistema é contrário às Leis, ele será adotado debaixo do pano. Assim como se
diz que a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude, a introdução
da prática corrupta é feita como se fora segunda natureza, convenientemente
escondida sob o fino pano da legalidade, que aí está apenas para servir de
apropriado anteparo para que melhor se realize a atividade predatória, seja ela
qual for.
O Mensalão
- que foi esquadrinhado e exorcizado pelo Ministro Joaquim Barbosa, com grande
sacrifício e maior denodo ético através da construída Ação Penal 470, julgada
pelo Supremo Tribunal Federal - será o precursor do combate pela Sociedade
desse sanhudo avanço do crime como objetivo central da atividade política.
A criatura
delituosa hoje aparece ainda maior, e as suas dimensões são tais que a
população consultada aponta a corrupção como o grande problema da
Sociedade. Ao invés de diminuir, ao ensejo do primeiro e localizado revés, ela
tem mostrado que as ambições dos políticos que a engendraram não diminuíram
decerto, mas continuam a inchar e a espalhar-se, como um câncer desvairado que
do tenro, apetecível e promissor tecido social mais do que se apodera, e sim
transforma em campo de experimentos e de utilização sem quaisquer peias, como
se estivéssemos em terra sem lei.
Em verdade,
hoje vivemos na terra do faz-de-conta. As ideologias partidárias viraram
projeções geométricas, como se possível fosse construirmos sociedade política
fundada em infinda sopa de números. O que significarão as siglas partidárias se
elas dispõem de alvará do crescer infindo, impedida qualquer correção de parte
do eleitorado, como ocorre em países de cultura política mais longa do que a
nossa? Também nas penas de
condenação, cresce o percentual da fantasia. Por mais grave que seja o crime,
não se dê demasiada importância à pena cominada. O relaxamento será a regra, e
ele valerá tanto para o pedófilo sexual que tem mortal atração por
adolescentes, como o foi em Luziânia, em que um juiz, condoído da situação do
condenado, e pensando que estivesse curado de sua enfermidade psicológica,
resolveu conceder-lhe liberdade, supostamente controlada, e em consequência
esse indivíduo iria matar mais de uma dezena de jovens.
Temos
também a senhorita Richthofen, cujo
hediondo crime contra os próprios pais, confrangeu a sociedade. Agora, passada uma
década ou pouca mais de cadeia, a jovem é considerada apta a voltar ao convívio
da sociedade civil.
Que país
maravilhoso é esse que se envergonha de trancafiar assassinos, e que através do
mirífico sistema de progressão de penas, assegura, na presunção de que estão
recuperados, o retorno dessa gente que os tribunais condenara a pesadas
sentenças, as quais, no entanto, são de
mentirinha, pois existe forte presunção de que a estada nos cárceres
brasileiros produz rápidas recuperações para a vida social.
Essa
função regeneradora de nossos presídios corresponde à realidade?
Voltemos
à corrupção. Não é à toa que o Povo brasileiro a identifica como o nosso
principal problema. Assistimos na
atualidade ao desfazimento de um projeto político pela sua manifesta exposição
à corrupção.
Há corruptos
por toda a parte, e não se pode dizer que não sejam perigosos, pelo seu
presente efeito na Sociedade, no Governo e no Congresso. Não são decerto
inofensivos, seja pela posição ocupada, seja pelo apoio de que dispõem, seja
pela própria influência político-administrativa.
Temos
corruptos que resistem à Lei da Ficha Limpa, pois se
porventura tenha uma condenação em segundo grau, não é que a Justiça se apressa
em satisfazer-lhe o desejo, deletando o que impensadamente havia antes
determinado?
Com a
operação Lava-Jato, e o trabalho benemérito do Juiz Sergio Moro, ressurgem as esperanças de que o Bem por fim
prevaleça.
Transida, a Sociedade acompanha o esforço daqueles que se empenham em
transformar o Brasil em um país do Direito e da Lei.
Será
pedir demais que a Justiça avance e que o Governo do PT, na pessoa de uma
governante de comovente incapacidade e de abstrusa imprudência (trouxe de volta
a Inflação, quando pensávamos que estava garantido o Plano Real), ceda lugar a
quem prometa governar sem apelar para recursos debaixo do pano, e numa
administração em que se procure servir ao Bem público e não ao aparelhamento
partidário, ou ao enriquecimento através da ruína das organizações do Estado? Em outras palavras, arquivemos o modelo
Petrobrás de riqueza pessoal e de pujança partidária.
Voltemos ao provado modelo arcaico de governança, sem maracutaias, sem
organizações para delinquir, com um Estado limpo, sem cabides nem excesso de
burocratas, e, se possível, motivados pelo modelo arcaico da honestidade e do
respeito ao bem público?
Em outras palavras, aposentemos a quem nos
enganou. Pensemos no Brasil. Queremos ver logo a reparação da catástrofe
anunciada de Mariana. Vamos apoiar a esses brasileiros que não têm culpa alguma
pelo cataclismo anunciado. Não é demorando uma semana para visitar o sítio
dessa desgraça, que se transmite a mensagem adequada para que o conjunto das
mineradoras acorde e se ponha a trabalhar para reparar a tragédia, de que a Samarco,
esta construção da Vale do Rio Doce
e mais a mineradora australiana, até agora não transmitiram indicação de que
estejam realmente empenhadas em dar condições de vida dignas a essa gente
inocente que paga preço ultrajante pelos resultados da atividade predadora das
rendosas mineradoras.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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