segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A Corrupção é o fim do Estado ?

                           

           A corrupção tudo destrói, e quando ela se apodera do Estado, a exemplo de o que ocorre no Brasil,  sua presença, tão deformante quanto açambarcadora, estará em toda parte, levada pelo exemplo, oriundo do poder, e das práticas de imitação, que surgem em toda parte, pela própria expansão, e por  cultura paralela, em que o errado, surge como o caminho expresso, e o apego aos princípios éticos, cousa de gente atrasada ou burra.

           Seria como se, em determinado ambiente, não mais se respeitassem as regras do convívio social, e se erigissem outras, em que o interesse não está no respeito ao outro, mas sim nos atalhos que privilegiem o ganho, não importa como. Ao invés do bem comum, e do comportamento com ele consentâneo, se constrói um mecanismo que privilegie o lucro particular, sempre em benefício de determinado grupo ou associação, que passa à frente, e mesmo substitui, as organizações da sociedade.

          Nessa economia predatória, se pensa no grupo ou no indivíduo, como fonte de recursos, não importa se os bens e os lucros auferidos o sejam contra o interesse público geral.

          Não é por acaso que o Povo brasileiro, hoje, considera a corrupção como o principal problema da sociedade. Ela está em toda a parte. Através de sistema político que possibilita tal controle em períodos quadrienais, hoje verificamos como a riqueza da Nação foi distribuída debaixo do pano através de sistema que reproduz, quiçá sem o saber, as capitanias hereditárias, que viraram, no governo do PT, capitanias quadrienais.

         Como esse sistema é contrário às Leis, ele será adotado debaixo do pano. Assim como se diz que a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude, a introdução da prática corrupta é feita como se fora segunda natureza, convenientemente escondida sob o fino pano da legalidade, que aí está apenas para servir de apropriado anteparo para que melhor se realize a atividade predatória, seja ela qual for.

         O Mensalão - que foi esquadrinhado e exorcizado pelo Ministro Joaquim Barbosa, com grande sacrifício e maior denodo ético através da construída Ação Penal 470, julgada pelo Supremo Tribunal Federal - será o precursor do combate pela Sociedade desse sanhudo avanço do crime como objetivo central da atividade política.

         A criatura delituosa hoje aparece ainda maior, e as suas dimensões são tais que a população consultada  aponta  a corrupção como o grande problema da Sociedade. Ao invés de diminuir, ao ensejo do primeiro e localizado revés, ela tem mostrado que as ambições dos políticos que a engendraram não diminuíram decerto, mas continuam a inchar e a espalhar-se, como um câncer desvairado que do tenro, apetecível e promissor tecido social mais do que se apodera, e sim transforma em campo de experimentos e de utilização sem quaisquer peias, como se estivéssemos em terra sem lei.

          Em verdade, hoje vivemos na terra do faz-de-conta. As ideologias partidárias viraram projeções geométricas, como se possível fosse construirmos sociedade política fundada em infinda sopa de números. O que significarão as siglas partidárias se elas dispõem de alvará do crescer infindo, impedida qualquer correção de parte do eleitorado, como ocorre em países de cultura política mais longa do que a nossa?         Também nas penas de condenação, cresce o percentual da fantasia. Por mais grave que seja o crime, não se dê demasiada importância à pena cominada. O relaxamento será a regra, e ele valerá tanto para o pedófilo sexual que tem mortal atração por adolescentes, como o foi em Luziânia, em que um juiz, condoído da situação do condenado, e pensando que estivesse curado de sua enfermidade psicológica, resolveu conceder-lhe liberdade, supostamente controlada, e em consequência esse indivíduo iria matar mais de uma dezena de jovens.

            Temos também a senhorita Richthofen, cujo hediondo crime contra os próprios pais, confrangeu a sociedade. Agora, passada uma década ou pouca mais de cadeia, a jovem é considerada apta a voltar ao convívio da sociedade civil.

            Que país maravilhoso é esse que se envergonha de trancafiar assassinos, e que através do mirífico sistema de progressão de penas,  assegura, na presunção de que estão recuperados, o retorno dessa gente que os tribunais condenara a pesadas sentenças, as quais, no entanto, são de mentirinha, pois existe forte  presunção de que a estada nos cárceres brasileiros produz rápidas recuperações para a vida social.

             Essa função regeneradora de nossos presídios corresponde à realidade?

             Voltemos à corrupção. Não é à toa que o Povo brasileiro a identifica como o nosso principal problema.  Assistimos na atualidade ao desfazimento de um projeto político pela sua manifesta exposição à corrupção.

             Há corruptos por toda a parte, e não se pode dizer que não sejam perigosos, pelo seu presente efeito na Sociedade, no Governo e no Congresso. Não são decerto inofensivos, seja pela posição ocupada, seja pelo apoio de que dispõem, seja pela própria influência político-administrativa.

              Temos corruptos que resistem à Lei da Ficha Limpa, pois se porventura tenha uma condenação em segundo grau, não é que a Justiça se apressa em satisfazer-lhe o desejo, deletando o que impensadamente havia antes determinado?

              Com a operação Lava-Jato, e o trabalho benemérito do Juiz Sergio Moro, ressurgem as esperanças de que o Bem por fim prevaleça.

              Transida, a Sociedade acompanha o esforço daqueles que se empenham em transformar o Brasil em um país do Direito e da Lei. 

               Será pedir demais que a Justiça avance e que o Governo do PT, na pessoa de uma governante de comovente incapacidade e de abstrusa imprudência (trouxe de volta a Inflação, quando pensávamos que estava garantido o Plano Real), ceda lugar a quem prometa governar sem apelar para recursos debaixo do pano, e numa administração em que se procure servir ao Bem público e não ao aparelhamento partidário, ou ao enriquecimento através da ruína das organizações do Estado? Em outras palavras, arquivemos o modelo Petrobrás de riqueza pessoal e de pujança partidária.

                Voltemos ao provado modelo arcaico de governança, sem maracutaias, sem organizações para delinquir, com um Estado limpo, sem cabides nem excesso de burocratas, e, se possível, motivados pelo modelo arcaico da honestidade e do respeito ao bem público?

                Em outras palavras, aposentemos a quem nos enganou. Pensemos no Brasil. Queremos ver logo a reparação da catástrofe anunciada de Mariana. Vamos apoiar a esses brasileiros que não têm culpa alguma pelo cataclismo anunciado. Não é demorando uma semana para visitar o sítio dessa desgraça, que se transmite a mensagem adequada para que o conjunto das mineradoras acorde e se ponha a trabalhar para reparar a tragédia,  de que a Samarco, esta construção da Vale do Rio Doce e mais a mineradora australiana, até agora não transmitiram indicação de que estejam realmente empenhadas em dar condições de vida dignas a essa gente inocente que paga preço ultrajante pelos resultados da atividade predadora das rendosas mineradoras.

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )    

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