O filme de Andrew Haigh é de 2015,
e tem dois bons atores, Charlotte Rampling e Tom Courtenay. Fazem um velho casal
inglês que se prepara para atravessar a festa dos 45 anos de casamento.
Não que seja
costume comemorar com uma década pela metade, mas Kate Mercer (interpretada
pela Rampling) explica para o abelhudo mestre de cerimônias que a data é
significativa para eles.
Vivem no
campo, em torno de uma aldeia, em casas cercadas de urzes e canais, mas como o
filme é colorido, deparamos as várias matizes da névoa britânica, e não o preto
e branco dos romances ingleses do século XIX.
Kate
descobre Geoff (papel de Tom Courtenay) lendo, com ar preocupado, uma carta que
acaba de receber da Suiça.
E será essa
carta que pesará sobre os dias da semana que antecede a festa, e que vai
congregar todos os amigos e conhecidos da vila.
Perguntado
por Kate, Geoff vai desvelando detalhes dessa comunicação. Fala de um cadaver
de mulher que acaba de ser descoberto em uma geleira suiça.
Com feminina
curiosidade, Kate vai logrando começar a desenrolar o novelo. O que essa mulher
era para você? Reticente, o marido acaba dizendo que ele deve ter sido
considerado como next of kin (parente mais próximo) da moça.
Então vocês
passeavam juntos pelas montanhas suiças ?
Sim. E por que as autoridades agora te procuram? - Deve ter sido porque dissemos que éramos marido e
mulher. Você entende, não? Foi há quarenta atrás...
Em aberto está a possibilidade de ele
ir à Suiça, para reconhecer o corpo... Diante da estranheza da esposa, ele
promete que não vai, porque não há sentido.
Sabemos que
foi acidente, provocado talvez por descuido do guia, que também é suiço, como a
namorada, que se chama Kátia... Kate sente que a notícia preocupa e mesmo
inquieta Geoff.
Fica a
impressão de que a ligação entre os dois foi mais séria de o que quer
reconhecer Geoff.
Não cabe a
mim contar a estória. Ela é, no entanto, interessante, na medida em que o velho
fantasma de um caso anterior ao casamento reponta pontualmente na comemoração
dos 45 anos.
A ambiência
é a dos filmes ingleses, com névoa, canais, barcos turísticos ou não, a vila com o seu comércio, e as residências
dos casais, que vivem sozinhos, em meio à campanha, e que tem como companheiro
a Max, um camarada e tanto, ainda jovem, e que corre e late nas horas certas
através das urzes, e as extensões das
residências isoladas no campo... Não há polícias, nem rondas... Já imaginaram
isto no Brasil?
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