Sebastião
do Rego Barros Netto (1940-2015) será
sempre o Bambino para as gerações que o conheceram no Itamaraty. Nunca um
apelido que já trouxera para o nosso convívio refletia tão bem a própria
personalidade e aparência.
Tinha a cara e a simpatia do menino.
Com o dom de gentes que o acompanhou
pela vida afora, era fácil relacionar-se com ele, como várias gerações da Casa
hão de reconhecê-lo.
Mas não se enganem aqueles que
confundem tal capacidade de abraçar metaforicamente
o sentimento alheio - e a etimologia aqui diz tudo - com uma disposição
bonachona e superficial.
Para onde fosse, para as missões de
que foi encarregado (e as teve muitas e difíceis) sempre se saíu bem, de forma
até a aumentar o círculo de pessoas que o prezavam e respeitavam.
Recordo-me de vez em que me achava
num desses lugares que o Itamaraty carimba de difíceis. Para sorte nossa, então
Sebastião era o Chefe da Casa, o que na nossa linguagem peculiar, por vezes
tortuosa, designa o Secretário Geral. Ao me deparar, vindo de longe, logo me
disse num sorriso:
"Mauro, nem precisa falar, que
o sujeito já foi afastado."
Era assim o Sebastião. Simpático,
na aparência até bonachão, mas com visão clara da realidade e das próprias
atribuições.
Por isso que o Bambino sempre foi
a unanimidade do Bem na Casa de Rio Branco.
Vai fazer falta e muita.
Essa maneira um tanto desenvolta
com que o destino o fez partir, não duvido que ele, lá em cima, encontrará
meios de fazer-lhe a respeito um pouco
de graça.
Mas não muito, por favor, pelo que
doem os retratos dos que partem.
E Bambino é um daqueles que vai
fazer muita falta.
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