terça-feira, 3 de novembro de 2015

Claudica apoio EUA contra o E.I.


                              
        Pouco depois de cancelar programa do Pentágono para preparar os rebeldes sírios na luta contra o ISIS, há várias indicações de que o sucedâneo da Administração Obama a fim de reforçar os combatentes da aliança democrática não está funcionando a contento.

        Em geral, os reforços obtidos são muito jovens e com pouco treinamento. Por  isso, não estariam muito longe de constituírem, em muitas de suas unidades, a réplica de verdadeiro exército Brancaleone.[1]

        Dada a fraqueza de tais recrutas, seja em armamento e indumentária adequada, seja sobretudo em treinamento no terreno, os aludidos 'reforços' na verdade constituem força risível, sem condições de enfrentar a forte e experimentada infantaria do Exército Islâmico.

        Atendidas as duras verdades no cenário sírio, as condições no terreno tem conduzido ao recurso sempre mais amiudado de valer-se de soldados curdos.

        Por um lado, constituem o aporte ideal, seja pelas próprias condições, tanto em termos de armamento, quanto de capacidade no terreno, e por isso repontam como os adversários mais aguerridos, eficazes e temíveis para as unidades do E.I.

       Ao contrário dos iraquianos, que apresentaram desempenho abaixo da crítica nos embates com o ISIS - não é decerto por mera coincidência que o exército do 'Califa' al-Baghdadi se tenha apossado de largos espaços territoriais, notadamente no Iraque setentrional - a milícia curda, os peshmerga têm sido  adversários à altura. Com efeito, os curdos - que foram nacionalidade esquecida na distribuição de territórios ao cabo da 1ª Guerra Mundial, ao desfazer-se o Império otomano - têm precária base territorial no extremo norte do Iraque. 

        Por outro lado, constituem importante minoria também na Turquia, onde são etnia muita vez perseguida pelo poder central, como agora parece ser o caso sob o regime autoritário de Recep Erdogan.

         A Turquia, que é uma aliada dos Estados Unidos (autorizando os aviões militares americanos a decolarem de seu território para o bombardeio das bases do E.I.), ao associar-se à campanha contra o Isis se teria valido de tal pretexto para alvejar núcleos curdos próximos de suas lindes.

          Não possuindo, por conseguinte, um território nacional que faça justiça à coesão dessa população, forçada malgrado o respectivo peso demográfico a estabelecer-se de modo precário em terras de outrem - uma consequência de terem perdido a oportunidade de lhes ser destinado um território próprio - como às principais  etnias do Oriente Médio - os curdos desenvolveram um ethos nacional respeitável, o que lhes tem permitido manter a consciência da respectiva nacionalidade de forma bastante afirmativa, de modo a lograr preservá-la, mesmo nas condições precárias em que estão ora estabelecidos.

          Será esta disposição para a luta, a par de sua experiência no mister, que confere às milícias peshmerga a capacidade de arrostarem desafios muito superiores àqueles representados pelas forças locais.

          Como se tem verificado amiúde, a adversidade pode proporcionar aos peshmerga a capacidade de ascender a níveis superiores. Apesar de se constituir  simples milícia, o soldado curdo, pelo seu treinamento tende a ser  adversário temível. Há de entender-se, por conseguinte, o efeito desestabilizante que pode vir a representar-lhes  disporem de armamento mais sofisticado e poderoso. Se já a garra natural, a flexibilidade e a resistência do soldado individual constituem simbioses guerreiras de grande eficácia operacional, há de imaginar-se o efeito que  será produzido se vier a ser equipados com armamento mais sofisticado e de maior letalidade.

          Ao invés das nacionalidades para que semelha de pouca serventia o armamento sofisticado e de alta tecnologia - porque como se fora um pródigo logo dele o adversário encontrará meios e modos  de despojá-lo - de igual maneira se impõe que a super-potência  privilegie o soldado curdo máxime por sua potencialidade bélica.

           Imagine-se o militar curdo devidamente treinado e armado. Constituirá decerto um aporte determinante e decisivo  no cenário do Oriente Médio, contribuindo de forma efetiva para reverter a atual situação em que os batalhões do E.I. têm muita vez a primazia nas artes marciais, e por conseguinte a preponderância no terreno.

           Pelas suas presentes qualidades e pela  enorme potencialidade de que dispõe, o combatente curdo constitui para o Ocidente um trunfo cuja valia só os tolos ou os mal-intencionados não dariam a cabível e devida importância.

 

( Fonte:  The New York Times )



[1] Da comédia italiana, estrelada por Vittorio Gassman, l' Armata Brancaleone (o exército Brancaleone).
 

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