A Lava-Jato na sua atual
fase passe-livre nos mostra praias
antes não visitadas, mas que já se desenhavam no horizonte para os seus
eventuais personagens. O termo passe-livre
faz alusão à facilidade de acesso do pecuarista e dileto amigo do Presidente
Lula a seu gabinete presidencial.
E este círculo mais se fecha ao ouvir-se
ontem, por vez primeira, que não era bem assim, e que o pecuarista José Carlos
Bumlai não é tão tão próximo do
Presidente quanto antes se dizia em termos de facilidade de aceder à câmara do
poder que possa ser comparada à da
esposa, D. Letícia ...
Essa
desesperada tentativa dos cortesãos do petismo é ulterior indício de que as
coisas vão mal no arraial do PT e de seus aliados.
Por falar em aliados, o Ministro
Teori Zavaschi tem muito mais horas de trabalho que os demais, por ser o Juiz
do Supremo responsável por essa
operação. Nesse sentido, por prudente, consultou outros colegas do Supremo para
saber se autoriza prisão de um Senador da República, Delcídio Amaral, do PT, que ofereceu R$ 50 mil mensais ao delator
Nestor Cerveró, para que calasse sobre o que sabe.
De novo
a prisão de José Carlos Bumlai traz à luz velha denúncia de chantagem que
envolveria o ex-presidente Lula. Ela começou a ser apurada na época do Mensalão
e acabou sendo arquivada por alegada falta de provas.
O
resumo do drama: Lula estaria sendo vítima de chantagem em 2004. Nesse sentido,
parte do empréstimo de R$ 12 milhões, levantado por Bumlai no banco Schahin, em
setembro de 2004, teria sido utilizado para pagar o alegado chantagista, o empresário
de transportes de Santo André, Ronan
Maria Pinto.
Não é detalhe de somenos, eis
que a ligação entre o empréstimo e a suposta chantagem foi feita pelo Juiz Sérgio Moro, no
despacho que determinou a prisão de Bumlai. Nesse sentido, o
lobista Fernando Baiano contara, em delação premiada, que ouvira de
terceiros que o empréstimo "teria sido tomado para pagar chantagem que o
presidente Lula estaria sofrendo". Baiano não disse quem lhe passara tal
informação.
O Juiz Moro afirmou ainda que
"a Receita Federal colheu indícios de que parte dos valores do empréstimo
do Banco Schahin a Bumlai pode mesmo ter sido direcionada a Ronan Maria Pinto para aquisição de
ações da empresa Diário do Grande ABC, na esteira do declarado no aludido
depoimento de Marcos Valério Fernandes de Souza e do aludido documento
encontrado na Arbor Contábil."
Com
efeito, três anos antes, Marcos Valério, condenado a quarenta anos no mensalão,
tentou delação dando detalhes sobre o empréstimo. Em 2012, contou à Procuradoria-Geral da
República que o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira o havia procurado em
2004 porque Lula e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho eram
chantageados por Ronan, que teria pedido R$ 6 milhões em reunião com Pereira e
Valério para comprar um jornal no ABC. Segundo Valério, Pereira dissera que o
valor foi obtido por Bumlai junto ao (banco) Schahin e dado a Ronan.
Nesse
sentido, a Lava-Jato investiga se
parte do empréstimo foi para Ronan. Valério nunca esclareceu a chantagem. A
suspeita é que teria relação com o assassínio do prefeito petista de Santo
André, Celso Daniel.
Como quase
tudo que se relacione com a trágica morte do prefeito de Santo André
- que o faz insepulto eis que ainda não
foi esclarecida - sobrepaira a suspicácia de que diga respeito de algum modo a
esse virtual proto-crime do poder petista. Nenhuma das personalidades, ou não
se manifesta (o Instituto Lula não
comentou os depoimentos), ou não é encontrada - Silvio Pereira e Gilberto
Carvalho não foram localizados, ou nega tenha qualquer conexão com o caso -
o advogado Roberto Podval disse que José Dirceu não tem relação com o caso,
e o mesmo afirma a assessoria de Ronan
Maria Pinto (que dentre os personagens desse drama, seria o suposto
chantagista).
Por
fim, cabe assinalar uma observação da nota de segunda página da Folha, de Bernardo Mello Franco: "O Juiz da Lava-Jato usou uma justificativa curiosa ao determinar a preventiva do´´empresário
(Bumlai). Disse que Bumlai tinha o "comportamento recorrente" de usar
a proximidade com Lula para "obter
benefícios" e poderia manchar o nome do amigo caso continuasse em
liberdade. "Fatos da espécie teriam o potencial de causar danos não só ao
processo, mas também à reputação do ex-presidente", escreveu. Moro é um estrategista."
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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