Contrariando
de forma irresponsável quem entende da questão, apesar da taxa de contágio no
Rio haver passado de "moderada" para "alta", o incrível
prefeito Marcello Crivella
antecipou para hoje,27 de junho, a reabertura do comércio de rua, que estava
prevista para quinta-feira p.f.
Na
mesma linha demagógica de trazer de volta o campeonato carioca de futebol, Crivella não se peja em declarar que a situação está controlada, mas
especialistas - que deveriam dar a última palavra na questão - discordam e
temem agravamento da epidemia. Aulas nas escolas municipais do Rio voltarão em
inícios de agosto; escolas particulares já podem reabrir (!) na segunda
quinzena de julho.
Em
movimento contrário e responsável, São
Paulo e Belo Horizonte recuaram na flexibilização da quarentena.
Por
sua vez, apesar de Crivella
garantir que a decisão teve o aval de seu
comitê científico, o infectologista e epidemiologista Celso Ramos, da UFRJ, que integra o grupo, disse que "é cedo" e que "não é hora" de antecipar a
reabertura. Ele contou que não esteve na reunião realizada ontem, dia 26, com
técnicos da prefeitura porque não foi
informado a tempo.
"Não ouvi os argumentos da prefeitura, mas a minha opinião pessoal
é que não estamos no momento de apressar nada. Para termos uma ideia de
estabilidade e de melhora, precisamos de quinze dias de avaliação. Era prudente
seguir o calendário original.
A crítica foi endossada por outros especialistas. Presidente da
Sociedade de Infectologistas do Estado do R.J., Tânia Vergara afirmou que
recebeu "com choque" a notícia da antecipação da fase três do
plano de reabertura. "É
imprevisível o que vai acontecer agora. Nesse momento,a gente vai ter que orar.
Nossa taxa de contágio está acima de 1.
Tal significa que a epidemia está em crescimento.Para considerá-la sob
controle, ela precisaria estar abaixo disso", observou Tânia.
Preocupado com a sua candidatura à reeleição no fim do ano, Crivella ao
anunciar ontem que iria pôr em prática a
nova fase cinco dias antes do previsto, disse estar convencido de que a
situação está controlada e que é motivo de "celebrar" o fato de ter sido registrado um número menor
de mortes na 5ª feira, em relação ao mesmo dia do ano passado.
O Prefeito Crivella na verdade só pensa em flexibilizar a resposta da Prefeitura ao desafio do coronavírus. Quando
se deveria pensar em quarentena,
para proteger a população, o que ele
pensa está em preparar a próxima (por ele) almejada reeleição, lixando-se na
verdade pela óbvia circunstância de que
realimenta de forma irresponsável o crescimento da epidemia, através da
flexibilização. Em uma situação como a presente, em que todos os especialistas
recomendam cautela, ele só pensa em trazer público para a rua.
Para quê? para,
na prática, reacender a epidemia, em um fenômeno análogo àquele da Lombardia
na Itália. Lixando-se da população, ele
pensa algariado nas suas perspectivas de reeleição em dezembro... É difícil conceber a irresponsabilidade de
Crivella ao pensar em flexibilizar numa hora dessas, quando um perigo
tão alto ameaça a população carioca.
(
Fonte: O Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário