Enquanto
governadores de boa parte do Brasil flexibilizam as regras de isolamento, em um
movimento contraditório, com maus presságios,o país registra nos últimos sete
dias a maior média de óbitos provocados pelo novo coronavírus em todo o mundo.
Com
isso, deixa para trás Estados Unidos e Reino Unido, países que até agora
exibiam os maiores números relativos das mortes. Foram 1300 novos óbitos, e o
Brasil soma 775.184 infectados e 39.797 óbitos, segundo levantamento conjunto feito
por veículos de comunicação, em iniciativa inédita da imprensa, que surgiu de
resposta à decisão restritiva do governo Bolsonaro no que tange à informação de
dados, a qual foi assumida pela grande imprensa.
A
previsão quanto à tendência para os especialistas é de que o quadro piore,
diante das flexibilizações anunciadas por governadores e defendidas pelo
presidente Bolsonaro. Nesse sentido, a OMS já declarou a América do Sul o novo
epicentro da pandemia.
Nesse contexto, afigura-se de muita relevância e interesse a declaração
do epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade
Federal de Petrópolis (UFPel): "Na verdade, este resultado é fruto do mau
manejo da pandemia no país. O Brasil começou bem com o ministro (Luiz Henrique)
Mandetta", (que foi demitido por Bolsonaro em abril),
"mas agora está cometendo um erro terrível relaxando as medidas de distanciamento
exatamente no momento em que se está aproximando do pico da curva" .
Desde maio, o ministério da Saúde está sob o comando interino do general Eduardo Pazuello. Para o
professor de Geografia da Saúde da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Raul Guimarães, o Brasil vai na
contramão do mundo ao flexibilizar as medidas de isolamento enquanto a doença
ainda cresce em várias regiões do país. "O Brasil entrou em um círculo
vicioso. Parece que estamos pisando em areia movediça." O resultado, diz
o professor, deve ser o alongamento da crise no País, acompanhado de aumento
de vítimas.
"Pelos cálculos que a gente fez em maio, com os índices de
isolamento ainda altos, o Estado de São Paulo chegaria ao teto no fim de junho,
e começaria a cair em agosto, mas o que estamos vendo agora é que vai se
estender mais. Ainda não fizemos um novo cálculo, mas a crise deve ir até
outubro ou novembro", disse o professor.
Segundo o mesmo Guimarães, o ritmo atual de propagação da doença aliado
ao relaxamento das medidas de distanciamento em várias cidades pode levar o
número de mortos a duplicar até o fim de julho p.f.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário