Diante da situação
referida no blog de ontem -
basicamente a negação de passar em tempo oportuno à TV-Globo, no seu Jornal Nacional, a transmissão sobre a situação da
Covid-19 no Brasil: assim, o número total atualizado de mortos até a
data, bem como o número de mortos nas últimas 24 horas, agora sucede o
seguinte:
Ao invés de atender ao que semelha ser o interesse
público, disponibilizando tais números aos telespectadores, o Presidente Bolsonaro determina ao oficial militar que ora ocupa a chefia do ministério
da Saúde que retarde a divulgação para depois das 22 horas.
Na compreensível confusão que se
sucedeu, não tardou muito para que logo se difundisse que o interesse do presidente seria o de negar
ao telejornal da Globo a pronta difusão de dados que interessam ao Povo
brasileiro, i.e. a notícia através do
Jornal
Nacional sobre a situação da Covid
19, como referido no primeiro parágrafo do blog.
Em meio à verdadeira cortina
de fumaça - que vinca esse aspecto da
determinação presidencial - o escopo seria negar à Globo o ensejo de prestar tal serviço público aos
telespectadores, que compreensivelmente
desejam saber da situação do drama da Covid-19, no que tange às mortes da pandemia, tal drama nos concerne a todos os brasileiros.
Na verdade, Sua Excelência não
deveria perder uma ótima ocasião de limitar-se a acompanhar, como o restante do
Povo brasileiro, a evolução deste drama, e que - em prática se desenvolve desde
o surgimento das macabras consequências da pandemia de forma adequada, em respeito ao direito à informação que nos
assiste a todos os brasileiros diante desse cruel desafio ao nosso corpo médico e a todos os compatriotas que
compreensivelmente se interessem a tal descomunal desafio e por conseguinte a seus dirigentes,
prefeitos, governadores, e, com a devida vênia, a Sua Excelência o Senhor
Presidente, que não poderia eximir-se, SMJ, em termos da informação ao Povo
brasileiro em todos os procedimentos conducentes a que a Nossa Gente venha a
ser informada da real situação que atravessamos.
Diante desse toynbeano[i]
desafio, defrontado com as múltiplas sugestões sobre o quê fazer para a
expedita solução dessa dificuldade, surgindo toda sorte de indicação -
inclusive a do Tribunal de Contas da União - quer-me parecer mais fundado, na
minha experiência já concluída com cerca de dez lustros a serviço do Itamaraty,
que seria o caso de confiar ao nosso Supremo
Tribunal Federal o encargo de fazer ver a Sua Excelência o Senhor Presidente Jair Bolsonaro o quanto seria de interesse da Nação brasileira que tal
discussão em que não vejo porquê continuá-la, venha a ser, com a devida vênia
presidencial atalhada, eis que existe diante de nós um interesse que sobreleva
a todos: que se solicite, sem mais delongas, que esse problema seja de pronto
afastado, e restabelecido, sem mais inúteis delongas o que antes se fazia: a
transmissão de interesse público da Nação brasileira através da Rede Globo,
devida e oportunamente informada pelos serviços do Ministério da Saúde, no
formato anterior, que tão bem preenchia ao manifesto desejo de todos aqueles a
quem concerne a situação de nossa luta contra a Cofid-19.
Nesse sentido, a Justiça - através de
sua mais alta representação - e a Presidência da República, na pessoa do
Presidente de todos os brasileiros
dariam cumprimento ao dever da informação ao nosso Povo, que se realizaria
de acordo com as condições anteriormente prevalentes, haja vista o manifesto
interesse nacional em que o Brasil e a sua gente tenham pronto conhecimento da
forma em que se realiza esse magno desafio que é enfrentado pelo esforço e a
luta de nosso corpo médico e dos serviços de saúde, de modo a que ele possa ser vencido de forma a que nos honre a
todos nós brasileiros.
Respeitosamente,
Mauro Mendes de Azeredo, embaixador aposentado (2007). Prêmio Rio
Branco, Medalha de Vermeil, Primeiro Lugar, CPCD-Instituto Rio Branco (1959).
São cinquenta anos de carreira, que aí estão os anuários do Itamaraty para
demonstrá-lo.
[i]
Arnold Toynbee, autor do clássico A
Study of History (Londres, novembro de 1961), em doze volumes, em que o
filósofo-historiador inglês disserta sobre os vários desafios que foram
arrostados pelas muitas civilizações da História do planeta Terra, marcados
pelos sucessos e fracassos determinados pelos meios e modos com que os diversos
povos enfrentaram os desafios que confrontaram as respectivas
civilizações.
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