Não é confortável -
para dizer o menos - a situação da incidência no Brasil da Cofid-19. Há
1.038.568 infectados, e o país chega a esta marca, abaixo apenas da americana
(2.219.119), e com a Rússia de Putin, em terceiro (568.292).
Amontoam-se os problemas na porta
do Palácio do Planalto, e essa epidemia do corona-virus não é decerto uma
questão. No entanto, pela atenção prestada pela presidência ao desafio que essa
peste significa para o Brasil, dir-se-ia que seria algo em que a liderança presidencial
se haja ocupado muito pouco, de qualquer
forma muito abaixo de qualquer expectativa dos brasileiros que se relacione ao
descomunal tamanho desse desafio, que já
marca mais de 49 mil mortes, à conta da Cofid-19.
Dispondo de um ministro competente
e popular, Luiz Henrique Mandetta, que detinha óbvias condições de cuidar da
pasta da Saúde e, sobretudo, do desafio que representa o surto epidêmico. Mas
assistimos no caso de Mandetta à circunstância inacreditável de um membro do
gabinete ser afastado pelo presidente não por que lhe faltasse capacidade e
competência, mas, ao contrário, por ser demasiado popular e, por conseguinte,
com a capacidade de motivar o Povo brasileiro. Bolsonaro, que tem dado provas
sobejas pelo seu desinteresse na matéria (o famoso e
daí ? ) é a inelutável, ainda
que deplorável, sinalização ), se tivesse grandeza, poderia conviver com a
popularidade granjeada por seu ministro, mas não foi o que ocorreu, entrando o
Brasil em uma passagem acidentada, na qual a falta de válida liderança
presidencial vem marcando tristemente a curva dos óbitos.
Depois de sua substituição,
entrou o Ministro Nelson Teich, que apesar de seu conhecimento técnico, não
detinha as mesmas qualidades de Mandetta. Saíu do Ministério ao pedir
exoneração, por recusar-se - com carradas de razão - a avalizar a aplicação de
medicamento que não dispõe das condições necessárias para ser aprovado pelas
instâncias médicas.
Em seguida, sucedeu-lhe o
militar Eduardo Pazuello, que por conseguinte se ocupa de forma administrativa
do Ministério da Saúde.
Essa coluna se tem empenhado
em alertar igualmente para os perigos da flexibilização, sobretudo aquelas medidas que se orientam
para dar urgência aquilo que não deve tê-lo.
Como tenho escrito - até
com certa insistência - que devemos seguir o parecer dos epidemiologistas,
desse pessoal médico com experiência na matéria, e que dá a necessária ênfase a
tomar medidas de precaução, com vistas a melhor controlar a força da onda de
contágios. Pessoas como o demagogo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella
- que pelo visto é um ignoramus na matéria - chegou a decretar a reabertura do
campeonato carioca de futebol, uma medida que seria inútil se já não
contribuísse para reforçar os contágios e o eventual agravamento da epidemia.
Faltam políicos sérios e compenetrados
de suas obrigações com a saúde dos brasileiros sob o controle de sua
administração? É a impressão que se tem,
pois, ao invés de combater o vírus, criam-se políticas de aglomeração pública,
que só podem levar - ao enjeitar o lock-down - a agravação da Covid-19, pois ao contrário de
o que pensam, não adianta querer forçar através da flexibilização uma eventual
recuperação. Criando multidões - como, v.g. ocorreu na Lombardia, para voltar a
esse exemplo clássico e mesmo batido de que o ocorre se partimos para essa falsa
solução. A pressa não é a resposta, mas
a criação de condições apropriadas para através do distanciamento social negar
a esse maldito vírus as suas eventuais possibilidades de infectar humanos através do contágio.
Será que essa verdade
já não é suficiente para dissuadir políticos demagogos, que pensariam estar
ganhando créditos eleitorais futuros desses seus potenciais eleitores, mas tenham
presente que essa tática só leva a reativar a epidemia, com as suas
consequências anti-políticas, atendidos
os efeitos mortíferos que produzem...
(
Fontes: Folha de S. Paulo e O Globo )
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