A eleição por larga margem de Boris
Johnson, do partido Conservador, garante
o
Brexit, mas ao mesmo tempo fortalece os nacionalistas que ameaçam a integridade
do Reino Unido.
É a
velha estória: favorecer o Brexit
pode ser bom para aqueles que cultivam velhos ódios contra Bruxelas, mas traz
também à primeira plana os nacionalistas que ameaçam a integridade do Reino
Unido. E com isso, temos de volta o nacionalismo escocês e também o irlandês.
Por
oportunismo político, ao apelar para o nacionalismo inglês, Johnson se valeu de
uma carta arriscada, ao ignorar os interesses da Escócia e da Irlanda do Norte.
Esse
oportunismo de curtíssimo prazo, se lhe acena com o Brexit, ao ignorar os interesses da Escócia e da Irlanda do Norte,
lhe promete um desastre próximo. Nicola Sturgeon, líder do SNP, considera o
resultado da eleição como um mandato para outro plebiscito que pode acabar com a
união de trezentos anos entre Escócia e Inglaterra. E as coisas não ficam por
aí: a reunificação da Irlanda. Os unionistas, que salvaram o mandato de Theresa
May, depois do fracasso eleitoral, ora consideram Johnson um traidor por haver firmado acordo com
Bruxelas que coloca a Irlanda do Norte, protestante, em regime comercial
diverso do restante do Reino Unido.
Nessa época da decadência inglesa, não há de fato motivo para
surpreender-se se as eleições
desmoralizaram ao líder da oposição, Jeremy Corbyn, que mancha, pela própria
funda mediocri-dade, a tradição do Labour,
e o podium trabalhista fica virtual-mente
deserto, à espera do próximo aventureiro, que traga algo que faça ao povo
inglês relembrar presenças como a de
Harold Wilson.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo)
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