Nos últimos tempos, o
famigerado AI - 5 - sobre o qual não faz muito escrevi blog acerca do dia em que esse infeliz nasceu - quando relembrei ex-officio a chegada do então chanceler Magalhães Pinto
ao antigo Palácio Itamaraty (o verdadeiro), no seu casarão da Rua Larga, quando
afogueado pela experiência, Magalhães vinha do Palácio Laranjeiras,
apresentando-me por assim dizer a essa nova criatura que infernizaria a vida de
muitos brasileiros.
Como oficial de gabinete, mal podia
imaginar que más notícias trazia, enquanto signatário dessa jóia da política de
então, em que o governo militar principiava a mostrar os dentes.
Estranhei a forte carnação da pele
do ex-governador mineiro e então ministro das relações exteriores, no mesmo
salão do velho Palácio do Itamaraty, que presenciara a agonia do Barão do Rio
Branco, essa unanimidade nacional que pesava com a sua imaginária presença,
naquele mesmo grande salão de suas últimas horas.
Mal podia então imaginar que nos papéis que
sobraçava o político mineiro, já se preparava tanto sofrimento para jovens e
velhos que pensavam na Pátria, não com olhos injetados, mas com os sentimentos
que a esperança propicia.
Magalhães, com a sua visão de
moderação e mineiro entendimento, decerto principiava a temer pelo que vinha,
mas jamais imaginaria a torrente de besteiras que os tempos deste presente trariam com a sua
estranha ótica de um AI-5 que passa por
ênfase e feito grande, quando na verdade trouxe miséria, tortura e morte. A ignorância, por mais militante que seja,
não tem o direito de divinizar a esse monstro.
(
Fonte: O Globo - Mourão minimiza peso do AI-5 que cassou 322 políticos).
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