Segundo
noticia o jornal O Globo, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral,
assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal, que enviou o material
para homologação do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.
Pelo acordo, que é mantido sob sigilo, o ex-governador se comprometeu a
devolver R$ 380 milhões de propina recebida por ele nos últimos anos.
Contudo, a delação só terá valor legal se for validada pelo Supremo
Tribunal Federal. A expectativa da P.F. é que a tratativa em tela seja
confirmada antes do recesso do Judiciário, que começa na próxima sexta-feira,
dia vinte de dezembro. Deve-se, a propósito, referir que anteriormente
tentativa de acordo de delação foi rejeitada pela força-tarefa da Lava-Jato do
Ministério Público Federal do Rio.
O acordo em tela não estabelece de
forma prévia os benefícios penais, e por
isso ainda não é possível saber quando Cabral sairá da prisão, mesmo se a tentativa
for aprovada. Nesse contexto, a efetividade dos relatos apresentados pelo
ex-governador sobre os fatos narrados será determinante para estabelecer o
tempo que ele será solto.
O citado acordo, assinado pela
Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal,
chegou ao Supremo no inicio de novembro p.p. A PF pediu que a delação fosse
distribuída ao ministro Fachin. Logo em seguida, o ministro pediu
manifestação do Procurador-Geral da
República, Augusto Aras, sobre o material em tela. O posicionamento da PGR
chegou ontem ao Supremo. Augusto
Aras afirmou ser contrário ao acordo de delação, rejeitado anteriormente pelo
MPF-RJ.
Em seu arrazoado, Aras argumenta
que o ex-governador oculta informações e protegeu pessoas durante a negociação
do Acordo com a Lava-Jato do Rio. Por fim, também alegou que o ex-governador
Cabral pode ser considerado o líder da organização criminosa montada no governo
do Rio de Janeiro, e, portanto, não poderia se beneficiar de um acordo de
colaboração. Diz, por conseguinte, que o
acordo da P.F. com Cabral está fora dos requisitos legais. Um dos
motivos que levaram a força-tarefa do Rio a recusar a delação do ex-governador
foi o fato de ele haver omitido a participação de sua mulher,Adriana Ancelmo,
nos crimes investigados pela Lava-Jato.
Outro ponto que pesou contra o ex-governador Cabral foi não haver
indicado meios de recuperar mais recursos desviados pela quadrilha que estava
sob sua direção.
Sem embargo, fontes da P.F.
afirmam que na sua negociação o ex-governador mudou de postura e passou a ser
"bastante colaborativo". Nos depoimentos, Cabral citou políticos
beneficiários do esquema de corrupção montado em seus governos no Rio e operadores que ajudaram a fazer os
pagamentos de propina. A idéia da P.F. é tentar firmar novos acordos de delação
com personagens citados pelo ex-governador.
Provas
Documentais.
Também chamou a atenção dos investigadores uma outra frente citada nos
depoimentos de Cabral: o Judiciário. Cabral narrou sua relação com
Ministros do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) e com o processo de indicação deles aos seus atuais cargos. É por isso que o acordo em tela precisa ser
homo- logado no Supremo, já que esses ministros possuem foro privilegiado.
Interlocutores com acesso aos
depoimentos afirmam que há poucas provas documentais, mas que Cabral fornece
caminhos de provas para diversos dos seus relatos. Dizem ainda que as
informações prestadas por ele sobre o Judiciário seriam suficientes para novas
frentes de investigação na Lava-Jato. O acordo de Cabral rendeu cerca de vinte
anexos.. Durante seis meses, delegados ouviram o ex- governador de duas a três vezes por semana.
Procurado para falar sobre o
tema, Aras afirmou, por meio de nota, que "estranha que procedimento em
sigilo legal que só poderá ser publicizado pelo ministro relator, Edson
Fachin, após eventual denúncia do Ministério Público, seja objeto de tanta
especulação e por isso não se manifestará."
Preso desde novembro de 2016
e já denunciado trinta vezes pelo Ministério Público Federal, Sérgio Cabral já
foi condenado doze vezes na Lava-Jato e as penas que lhe foram cominadas
superam a 267 anos de reclusão.
(
Fonte: O Globo - A Delação de Cabral )
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