segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Obrador e o desafio da Segurança


                        

        O presidente Andrès Manuel  López Obrador convocou seus partidários para celebrarem um ano de governo. A iniciativa, no entanto, foi ofuscada pela resposta de seus opositores, que protestaram na Cidade do México, tendo como tônica principal a alta na criminalidade.
           Nesse contexto, o último episódio na crescente onda de violência foi confronto entre policiais e traficantes, que deixou 21 mortos no norte do país no fim de semana.
          Se o presidente mexicano, de 66 anos de idade, entra no segundo de seus seis anos de governo com a popularidade elevada (cerca de 60%), ele tem a respectiva aprovação em queda nos últimos dois meses.
         O principal problema é um que persegue há muito os mandatários mexicanos - o recrudes-cimento da violência ligada ao narcotráfico, que é a maior preocupação do Povo mexicano. A taxa de homicídios subiu mais 2% nos primeiros dez meses de sua presidência. Foram cerca de trinta mil mortes neste ano.
         No confronto ocorrido nesse fim de semana, policiais enfrentaram traficantes ligados ao Cartel do Nordeste, na cidade  de Villa Unión, de cinco mil habitantes, a uma horas dos Estados Unidos. Nesse contexto, o poder de fogo dos criminosos chamou a atenção.  Prédios públicos e veículos policiais  foram alvo  de armas de grosso calibre. Pelo menos, quatro agentes públicos foram mortos.
          O episódio em tela motivou o presidente  Donald Trump a divulgar um plano para  designar os cartéis mexicanos como grupos terroristas.  O projeto de Trump colocou pressão extra sobre o presidente mexicano, por levantar dúvida sobre possíveis ações americanas em território mexicano.

          Outro momento em que ficou evidente a dificuldade dos agentes mexicanos para manter domínio sobre parte de seu território foi a operação frustrada para capturar em 17 de outubro, Ovidio Guzmán, filho de Joaquin "El Chapo" Guzmán, líder do Cartel de Sinaloa, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos. O governo foi obrigado a soltá-lo por ter menos poder de fogo que os criminosos. Policial que deteve Ovidio foi executado com 155 tiros dias depois.
           Há um outro desafio importante para o Presidente López Obrador. Analistas apontam o estancamento da economia mexicana, que entrou em retrocesso de 0, 2% no primeiro e segundo trimestres e crescimento nulo no terceiro, como outro desafio para AMLO. O Banco do México voltou a reduzir, na semana passada, a expectativa de crescimento do PIB. "Ainda não houve o crescimento econômico que desejamos, mas existe uma distribuição melhor da riqueza", afirmou o presidente em seu discurso de ontem.
               Especialistas estimam que algumas ações do governo geraram nervosismo entre os investidores, principalmente o cancelamento do projeto  milionário de um novo aeroporto em Ciudad de México. A demora na aprovação do novo acordo comercial da América do Norte,o T-MEC  por EUA e  Canadá, também minou a confiança dos investidores.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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