segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Guerra Civil Líbica aumenta tensão no Mediterrâneo


            
      A interferência da Turquia na guerra civil da Libia tem aumentado a tensão no Mediterrâneo oriental.  Ontem, o presidente Recep Tayyip Erdogan prometeu enviar ajuda militar ao governo líbio que resiste em Trípoli ao avanço de forças rebeldes islâmicas apoiadas pela Rússia.

         Com a morte do ex-ditador Muammar Kadafi, em 2011, acirrou-se a luta na Líbia pelo que restava do antigo estado líbico.Em Trípoli, está o Governo de União Nacional. Liderado pelo primeiro ministro Fayez Sarraj, o GNA tem o apoio das Nações Unidas, Estados Unidos, União Europeia e da maior parte da comunidade internacional, incluindo a Turquia.

           Do lado oposto, ocupando a maior parte do território líbico e, sobretudo, os principais campos de petróleo, está o Exército de Libertação Nacional (LNA), comandado pelo general Khalifa Haftar, que tem o apoio da Rússia e de alguns países árabes, como o Egito e os Emirados.

          Como se assinala, no entanto, a tensão na Líbia tem relação com a exploração de gás natural nas águas do Mediterrâneo Oriental. Nesse sentido, o governo Erdogan publicou, na marra, mapa que amplia seu espaço marítimo e sua zona econômica exclusiva, ignorando direitos de Chipre, Israel e Grécia.
             Parte do "novo mar territorial turco" foi negociado em acordo fechado com o governo  do GNA, em Trípoli,em novembro.   Com parte desse cambalacho internacional, o "tratado" foi levado a quinze do corrente para o Parlamento turco,  para ai supostamente ser "analisado".

             Essa diplomacia "agressiva" - to say the least - da Turquia ressuscitou, por assim dizer, a velha rivalidade com a Grécia. No dia seis, o governo helênico expulsou o embaixador turco e afirmou que o acordo assinado com o GNA é uma "flagrante violação do direito internacional". Nesse sentido, o chanceler grego, Nikos Dendias declarou que "o acordo foi negociado de má-fé".
               Escusado referir que por serem ambos membros da OTAN, Grécia e Turquia colocam mais uma crise para a Organização, e um sério desafio a ser tratado com presteza.
               Em outro episódio de desregramento e de falta de respeito com as normas do Direito internacional, a marinha turca interceptou e expulsou um navio israelense nas águas cipriotas. 
                A embarcação em causa, da Instituição de pesquisa oceanográfica e limnológica de Israel, realizava pesquisas na região, em conjunto com autoridades cipriotas.

                   Pelo visto,  o fato de não haver uma autoridade maior que se alevante para coibir esses arremedos imperialistas de um país que parece prevalecer-se da falta de uma autoridade maior naquelas bandas - no caso a própria OTAN, respaldada por algum representante de Estado que ora não tivesse de lutar pela própria sobrevivência política,  tem criado oportunidades para esses shows de independência da marinha de Erdogan.
                    A própria declaração do presidente turco Erdogan, é confirmação dessa sua estranha ousadia com prazo certo de assunção: "Outros atores internacionais não podem realizar operações de exploração nessas áreas, sem o consentimento da Turquia.  Chipre, Egito, Grécia e Israel não podem estabelecer uma linha de transmissão de gás sem antes obter a permissão da Turquia (sic)", afirmou o Presidente Erdogan.  Só basta um olé! para pontuar melhor essa patética cena de assunção de um poder de arbítrio, que se afigura, no caso e dadas as circunstâncias, no mínimo deveras discutível.

( Fonte: O Estado de S. Paulo)  

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