Há menos de ano e meio,
a adolescente sueca Greta Thunberg, então com quinze anos, faltou à escola para
protestar, sozinha, contra as mudanças climáticas. Três meses depois, 17 mil
estudantes começaram a replicar sua "greve pelo clima". Já em março de 2019, dois milhões de jovens em
135 países se engajaram.
Ontem, quarta-feira, 11 de dezembro, ela
discursou na 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), que reúne
líderes mundiais em Madri, e foi eleita a personalidade
do ano, pela revista Time.
Greta é a pessoa mais jovem da história
a ser escolhida, desde 1927. A indicação não é um prêmio, mas representa a
pessoa ou grupo que mais influenciou eventos no ano - ou seja que de alguma
forma, entrou para a História. Dentre eles, estão o Papa Francisco, Barack
Obama, Mark Zuckerberg (fundador do Facebook)
e, em passado mais distante, Mahatma Gandhi e até Adolf Hitler.
Para o editor do Time, Greta "é a principal voz no principal desafio que o
planeta enfrenta". "Thunberg não é líder de um partido político ou de
grupos que advogam por agendas. Ela também não é a primeira a soar o alarme da
crise climática, nem é a mais adequada para resolver esse problema.(...) Ela é
uma adolescente comum que, a partir de sua coragem de falar a verdade para
poderosos, se tornou o ícone de uma geração", afirma o Time.
Sem ser cientista, nem política, sem acesso a níveis de influência
tradicionais, pois não é bilionária, nem princesa, ou estrela pop, e nem mesmo
adulta.
"Adolescente comum que, a partir
de sua coragem de falar a verdade para poderosos, se tornou ícone de uma
geração", ainda segundo o Time. Com 12 milhões de seguidores em suas
contas no Instagram, Twitter e Facebook, Greta acumula simpatizantes, mas
também desafetos, como Donald Trump. Há poucos dias após criticar o
assassínio de indígenas no mundo,
incluindo o Brasil, Jair Bolsonaro a
chamou de "pirralha".
Após a declaração, Greta alterou a
descrição de seu perfil nas redes sociais para "pirralha". Ontem, a
ex-Ministra do Meio Ambiente Marina Silva pediu desculpas "em nome do
Brasil" pela forma como o presidente "desrespeitosamente e agressivamente
se dirigiu a ela".
Para o Time, Greta, portadora da síndrome de Asperger, transtorno do
espectro autista, "não opera no mesmo registro emocional". "Não
gosta das multidões. Ignora a conversa jogada fora e se comunica por frases
diretas e simples. Não pode ser bajulada ou distraída", e segundo a
revista, " essas qualidades ajudaram a torná-la uma sensação global."
Registre-se, por fim, que Greta, ao
saber do apodo que lhe dirigiu Bolsonaro, mandou incluir no seu curriculum o termo "pirralha".
( Fonte: O Globo )
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