segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Aniversário do Imperador


                          
        No século XIX, o dia dois de dezembro significou muita coisa para o Brasil.    Pedro de Alcântara nascera nesta data, no paço de São Cristóvão,  filho que era de Pedro I e da Imperatriz Leopoldina, ascendeu ao trono do Brasil pela abdicação do Pai, em sete de abril de 1831.  
             Com a partida de Pedro I para Portugal, ficou o infante entregue à tutoria de José Bonifácio de Andrada e Silva, substituído em  1833 pelo marquês de Itanhaém. Após nove anos de tumultos e lutas internas, que o período regencial não conseguiu contornar, foi Pedro II declarado maior pela Assembleia legislativa, atendendo às pressões do Partido Liberal, a 23 de julho de 1840; a 18 de julho do ano seguinte foi solenemente sagrado e coroado na capela imperial do Rio de Janeiro. Seu primeiro ato no governo foi decretar a anístia geral, a 22 de agosto de  1840. Em 23 de novembro de 1841 restabeleceu o Conselho de Estado  e a doze de dezembro do mesmo ano promulgou o Código do Processo.
             A primeira década de seu governo caracterizou-se pelo esforço no sentido de lograr a pacificação do país. Durante esse período, empreendeu diversas viagens às províncias do sul. Assim, a 6 de outubro de 1845 saíu do Rio de Janeiro com destino a Santa Catarina, chegando a Desterro (hoje Florianópolis) a doze do mesmo mês, lá permanecendo até 8 de novembro; partindo para o Rio Grande do Sul, a dez chegou à vila de São José do Norte, a 12 à cidade de Rio Grande, a 21 de novembro, a Porto Alegre. Percorreu em seguida a colônia de São Leopoldo, as vilas de Santo Amaro, Triunfo, Rio Pardo, São Gabriel e Pelotas. Deixando aquela província a onze de fevereiro de 1846, dirigiu-se a São Paulo, onde visitou São Roque, Sorocaba, São João de Ipanema, Porto Feliz, Itu, Campinas e Jundiaí, voltando ao Rio de Janeiro em 26 de março de 1846.

            De 1851 a 1852 manteve guerra contra Rosas e  Oribe, ditadores da Argentina e do Uruguai.
     
           Durante o seu império foram construídas as primeiras linhas telegráficas e as primeiras estradas de ferro do país.  A imigração estrangeira e a instrução pública receberam grande incremento. Por três vezes, foi nomeado árbitro em litígios internacionais: no do Alabama, entre os E.U.A. e a Inglaterra; no das reclamações de vários governos europeus em consequência da guerra de Secessão nos Estados Unidos da América; e no da reclamação de diversos governos europeus por motivo da guerra do Chile contra o Peru e a Bolívia.

              Em 1859, viajou às províncias do norte do Brasil: a 1º de outubro deixou a Corte no Rio de Janeiro com destino à Bahia, de onde se dirigiu a Penedo (Alagoas) e à cachoeira de Paulo Afonso; percorreu depois Pernambuco e Paraíba, regressando com escalas em Maceió, Aracaju e Vitória, e retornando à Corte a dez de fevereiro de 1860.

           De 1864 a 1870 o país se viu envolvido na guerra contra o Paraguai. Por ocasião do cerco brasileiro à cidade de Uruguaiana, incorporou-se ao exército nacional, partindo do Rio de Janeiro a 10 de julho de 1865 e regressando a nove de novembro do mesmo ano.

           De 28 de setembro a 31 de outubro de 1878, esteve em São Paulo; de 17 de maio a 7 de junho 
de 1880, percorreu o Paraná; de 26 de março a 30 de abril de 1881 foi a Minas Gerais, aonde retornou em agosto do mesmo ano para ali inaugurar a estrada de ferro Oeste de Minas.
             Fez igualmente viagens ao exterior: à Europa, ao Egito e à Palestina, de 25 de maio de 1871 a 31 de março de 1872; aos Estados Unidos e à Europa, de 26 de março de 1876 a 25 de setembro de 1877; sua terceira viagem, por motivo de saúde, durou de 30 de junho de 1887 a 22 de agosto de 1888.
               Em seu império, deu-se a progressiva abolição da escravatura no Brasil, com a lei Eusébio de Queirós, que aboliu o tráfico negreiro (4 de setembro de 1850); a  lei do Ventre Livre, que declarava livres do cativeiro os filhos nascidos de escravos a partir da data de sua promulgação (28 de setembro de 1871); a libertação dos escravos sexagenários, conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe (28 de setembro de 1885); e finalmente a Lei Áurea, sancionada em treze de maio de 1888, pela princesa Isabel, que ocupava então a regência pela terceira e última vez.

               Com a abrupta partida  do velho Imperador, sobreveio para muitos a impressão da perda - que desaparecia com ele aquele brilho sereno que  o diferenciava de tantos e tantos outros, expressão que era da única república na América Latina, doce ilusão que o golpe militar rasgaria para sempre.      

( Fonte:  Enciclopédia Delta-Larousse, Rio de Janeiro, 1973 )

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