No século XIX, o dia
dois de dezembro significou muita coisa para o Brasil. Pedro de Alcântara nascera nesta data, no
paço de São Cristóvão, filho que era de
Pedro I e da Imperatriz Leopoldina, ascendeu ao trono do Brasil pela abdicação
do Pai, em sete de abril de 1831.
Com a partida de Pedro I para
Portugal, ficou o infante entregue à tutoria de José Bonifácio de Andrada e Silva,
substituído em 1833 pelo marquês de
Itanhaém. Após nove anos de tumultos e lutas internas, que o período regencial
não conseguiu contornar, foi Pedro II declarado maior pela Assembleia
legislativa, atendendo às pressões do Partido Liberal, a 23 de julho de 1840; a
18 de julho do ano seguinte foi solenemente sagrado e coroado na capela
imperial do Rio de Janeiro. Seu primeiro ato no governo foi decretar a anístia
geral, a 22 de agosto de 1840. Em 23 de
novembro de 1841 restabeleceu o Conselho de Estado e a doze de dezembro do mesmo ano promulgou o
Código do Processo.
A primeira década de seu governo
caracterizou-se pelo esforço no sentido de lograr a pacificação do país.
Durante esse período, empreendeu diversas viagens às províncias do sul. Assim,
a 6 de outubro de 1845 saíu do Rio de Janeiro com destino a Santa Catarina,
chegando a Desterro (hoje Florianópolis) a doze do mesmo mês, lá permanecendo
até 8 de novembro; partindo para o Rio Grande do Sul, a dez chegou à vila de
São José do Norte, a 12 à cidade de Rio Grande, a 21 de novembro, a Porto
Alegre. Percorreu em seguida a colônia de São Leopoldo, as vilas de Santo
Amaro, Triunfo, Rio Pardo, São Gabriel e Pelotas. Deixando aquela província a
onze de fevereiro de 1846, dirigiu-se a São Paulo, onde visitou São Roque,
Sorocaba, São João de Ipanema, Porto Feliz, Itu, Campinas e Jundiaí, voltando
ao Rio de Janeiro em 26 de março de 1846.
De 1851 a 1852 manteve guerra
contra Rosas e Oribe, ditadores da
Argentina e do Uruguai.
Durante o seu império foram
construídas as primeiras linhas telegráficas e as primeiras estradas de ferro
do país. A imigração estrangeira e a
instrução pública receberam grande incremento. Por três vezes, foi nomeado
árbitro em litígios internacionais: no do Alabama, entre os E.U.A. e a
Inglaterra; no das reclamações de vários governos europeus em consequência da
guerra de Secessão nos Estados Unidos da América; e no da reclamação de
diversos governos europeus por motivo da guerra do Chile contra o Peru e a
Bolívia.
Em 1859, viajou às províncias do
norte do Brasil: a 1º de outubro deixou a Corte no Rio de Janeiro com destino à
Bahia, de onde se dirigiu a Penedo (Alagoas) e à cachoeira de Paulo Afonso;
percorreu depois Pernambuco e Paraíba, regressando com escalas em Maceió,
Aracaju e Vitória, e retornando à Corte a dez de fevereiro de 1860.
De 1864 a 1870 o país se viu envolvido na
guerra contra o Paraguai. Por ocasião do cerco brasileiro à cidade de
Uruguaiana, incorporou-se ao exército nacional, partindo do Rio de Janeiro a 10
de julho de 1865 e regressando a nove de novembro do mesmo ano.
De 28 de setembro a 31 de outubro
de 1878, esteve em São Paulo; de 17 de maio a 7 de junho
de 1880, percorreu o
Paraná; de 26 de março a 30 de abril de 1881 foi a Minas Gerais, aonde retornou
em agosto do mesmo ano para ali inaugurar a estrada de ferro Oeste de Minas.
Fez igualmente viagens ao
exterior: à Europa, ao Egito e à Palestina, de 25 de maio de 1871 a 31 de março
de 1872; aos Estados Unidos e à Europa, de 26 de março de 1876 a 25 de setembro
de 1877; sua terceira viagem, por motivo de saúde, durou de 30 de junho de 1887
a 22 de agosto de 1888.
Em seu império, deu-se a
progressiva abolição da escravatura no Brasil, com a lei Eusébio de Queirós,
que aboliu o tráfico negreiro (4 de setembro de 1850); a lei do Ventre Livre, que declarava livres do
cativeiro os filhos nascidos de escravos a partir da data de sua promulgação
(28 de setembro de 1871); a libertação dos escravos sexagenários, conhecida
como Lei Saraiva-Cotegipe (28 de setembro de 1885); e finalmente a Lei Áurea,
sancionada em treze de maio de 1888, pela princesa Isabel, que ocupava então a
regência pela terceira e última vez.
Com a abrupta partida do velho Imperador, sobreveio para muitos a
impressão da perda - que desaparecia
com ele aquele brilho sereno que o
diferenciava de tantos e tantos outros, expressão que era da única república na
América Latina, doce ilusão que o golpe militar rasgaria para sempre.
(
Fonte: Enciclopédia Delta-Larousse, Rio
de Janeiro, 1973 )
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