O Ministro Herman
Benjamin, relator do processo (que pede a cassação da chapa Dilma - Temer)
pediu ao Ministro Gilmar Mendes,
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que marque o julgamento, que pode ocorrer já
no decurso da próxima semana.
Ontem,
segunda-feira, 27 de março de 2017, o relator Herman Benjamin, enviou o
relatório final para os demais integrantes do tribunal, e pediu para incluir o
processo na pauta de julgamentos no plenário.
Também
neste sentido, o Ministro Benjamin telefonou para o Presidente da Corte,
Ministro Gilmar Mendes, e dele ouviu a promessa de que convocaria sessões
extraordinárias para a realização do julgamento. Nesse sentido, há a
possibilidade de o citado julgamento acontecer na próxima semana. As bancas de
advogados da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer
reclamaram da 'pressa' em concluir logo
o processo.
No
Palácio do Planalto, o suposto atendimento por Gilmar do pedido de Benjamin causou preocupação. A
expectativa era que o início do julgamento demorasse ainda mais um pouco. Nesse
contexto, o Governo Temer tenta evitar
que ao menos o ministro Henrique Neves vote, por ser alegadamente favorável à condenação
da chapa (ele sai do TSE a dezesseis de
abril). A inquietude do Planalto também se estende à ministra Luciana
Lóssio (deixa o TSE a quinze de maio), eis que também tenderia à cassação da
chapa.
Por
outro lado, a avaliação do governo Temer é que o voto do Ministro-relator,
Herman Benjamin, pela condenação da chapa será "muito duro". Ora, se
acompanhado pela dupla de Neves e
Luciana, o placar do juízo já estaria em três votos pela condenação, num colegiado de sete ministros.
No
sentido da Lei Complementar 64 - que
define os prazos para esse gênero de processo - quando o relatório for liberado
para julgamento, depois de três dias é feito pedido de inclusão do caso
"para julgamento na primeira sessão subsequente". O Ministro Benjamin se baseou nessa regra, no
seu ofício ao Presidente do TSE.
A
chapa Dilma-Temer é acusada de ter
cometido abuso de poder político e econômico na campanha de 2014. O PSDB abriu o processo no TSE - a
candidatura Aécio Neves fora então
derrotada. Se houver condenação , o
presidente da República poderá perder o cargo. Se comprovado que Dilma e
Temer sabiam das ilegalidades
supostamente praticadas, ambos podem ficar inelegíveis pelo prazo de oito anos.
A chapa é acusada de haver cometido abuso de poder político e econômico na
campanha de 2014.
Dessarte,
se houver condenação - tanto de Dilma, quanto de Temer - o Presidente da
República poderá perder o cargo.
Na semana passada, Benjamin
enviara relatório parcial aos colegas. Agora, ele elaborou nova versão, com dados enviados por alega-
ções finais pelo PMDB, PT e PSDB. O
processo tem 1086 páginas e está sob sigilo. O Ministério Público tem prazo até
amanhã para se manifestar no processo.
O encerramento do processo nessa fase de instrução indicava aos
ministros do TSE que não poderia por ora realizar-se com data de abril pela iniciativa do Relator
de incluir no processo depoimento de dez delato-res da Odebrecht, com fatos
relativos à investigações da Lava-Jato.
No conjunto, cerca de cinquenta testemunhas foram ouvidas durante o
processo. Igualmente, foram realizadas diligências e perícias - em especial,
para apurar se as gráficas que prestaram serviço para a campanha seriam de
fachada.
A defesa do Presidente Michel Temer pediu que a prestação de contas dele
seja separada daquela de Dilma Rousseff.
Com isso, os seus advogados querem colocar apenas do lado da petista as
supostas ilegalida-des cometidas. Tal tese deverá ser analisada pelo plenário
do Tribunal Superior Eleitoral durante o curso do julgamento.
O causídico Gustavo Guedes, que defende o presidente Temer, questionou o
calendário do julgamento: "Não há razão para observância estrita da lei,
se o relator não observou outros prazos estabelecidos. Não é razoável que um
processo com tantas peculiaridades e da
importância deste tenha de ser julgado neste prazo."
A defesa de Dilma também criticou a pressa do Ministro Benjamin em
pautar o caso. Na avaliação do advogado Flávio Caetano, o processo ainda não
está maduro para ser julgado, uma vez que não teria sido garantido o direito à
ampla defesa.
Se o processo for levado a julgamento em tais condições, o Dr. Caetano
pretende levantar essa questão na sustentação oral, durante o julgamento:
"Se o ministro não se sensibilizar com os argumentos e levar a julgamento,
vamos sustentar isso no plenário. O processo não está maduro para ser julgado,
porque ele ofende o contraditório, a ampla defesa."
Nesse contexto, o Dr. Flávio Caetano sublinhou que ao serem ouvidas dez
pessoas ligadas à Odebrecht, não houve direito à ampla defesa. Segundo afirmou
o causídico, as testemunhas falaram por dezenove horas e trinta minutos. Nesse
contexto, a defesa de Dilma pediu que também fossem ouvidas pessoas mencionadas
nos depoimentos. No entanto, somen-mente
o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT), que foi tesoureiro da
campanha de Dilma em 2014 teve direito a oitiva.
No julgamento, a
votação dos sete ministros está assim disposta: o primeiro é o relator, e o último a se pronunciar
será o presidente do Tribunal. Entre
esses dois, votam, pela ordem, Napoleão Nunes Maia, que também integra o
Superior Tribunal de Justiça (STJ); Henrique Neves e Luciana Lóssio, que ocupam
as duas vagas alocadas a advogados; e, por fim Luiz Fux e Rosa Weber,
que são ministros do Supremo.
(
Fonte: O
Globo )
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