quarta-feira, 8 de março de 2017

Mediocrização pelo ensino ou Que País é este?

                    
                        
                    A palavra não é decerto bela, nem interessante. Ela é tão feia e mirrada quanto o que o governo Temer fez do Ensino Médio.
                    Que currículo é este que considera disciplinas obrigatórias apenas matemática, português e inglês?  Por outro lado, de forma colateral, dispõe que a chamada "Base nacional comum curricular"  inclua obrigatoriamente "estudos e práticas" de educação física, artes, sociologia e filosofia.
                     O jeitinho, pelo visto, é entronizado também na instrução do ensino médio, pois bem se vê que as "matérias" não serão obrigatórias, terão estudo superficial, senão superficialíssimo, e não terão, portanto, maior peso no currículo, 'estudadas' de cambulhada.
                     Uma coisa, no entanto, está assegurada: a patética ignorância dos alunos egressos do ensino médio, embora talvez fosse mais apropriado  firmar-lhe a mediocridade, através do ensino por quadrinhos.
                    Quanto à eliminação de história e geografia, o simbolismo dessa supressão vai garantir que saiam da escola alunos ignorantes quanto ao passado e ao presente, e, portanto, que futuro se poderá esperar  de juventude que tudo ignora sobre o seu país, seja o que fomos, porque como imaginar gente ignara, sem qualquer conhecimento das várias fases  do Brasil, seus grandes vultos, os seus diversos estágios políticos ? A par disso,  a pasmosa mediocridade  - não só de quem concebeu esse monstro do desensino médio, mas também da visão do país e de sua futura gente de parte de seus líderes atuais, a começar pelo artista da mesóclise, que assinar possa com o próprio nome, esta mancha indelével para o conhecimento? Está garantida a ignorância nacional, tão sólida quão profunda.
                    E infeliz é o Povo que desconhece a própria história.  Preparamos o quê para o futuro?  Um povo ignaro e, portanto, ignavo, sem indústria cultural, sem grande voos, que não há-de levantar os olhos para o firmamento, nem tem inclinação para a leitura.
                          Quem desconhece a história, está condenado a repeti-la nos seus piores momentos. Que gente será essa, bronca, estúpida mesmo, de visão espúria, forçados  no presente a repetir a frase famosa de Hobbes com o seu embrutecimento e a pequena duração da respectiva existência.
                             Que pode esperar do mundo quem faz um curso superficial e medíocre, agrilhoado a  existência sem brilho nem capaz de visões mais amplas que o façam superar o mundinho daqueles condenados à visão e ao ramerrame de uma existência condenada muita vez a viajar em torno do próprio quarto, como a descreve a célebre obra do escritor Xavier de Maistre (1763-1852), natural da Savóia.
                                Se me permite o Senhor Presidente Michel Temer, esse novo currículo não só diminui a nossa gente, mas também lhe garante a própria igualdade para chafurdar existencialmente na triste ignorância e na entranhada mediocridade.
                               Gente que não lê, que sequer conhece de onde vem e que está condenado a perguntar eternamente que país é este?
                                E Presidente, como essa gente será capaz de montar uma frase digna de ser repetida? E que dizer então da mesóclise ?



(Fontes:  O  Globo, Thomas Hobbes, Xavier de Maistre, Francelino Pereira). 

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