A
palavra não é decerto bela, nem interessante. Ela é tão feia e mirrada quanto o
que o governo Temer fez do Ensino Médio.
Que currículo é este que
considera disciplinas obrigatórias apenas matemática, português e inglês? Por outro lado, de forma colateral, dispõe
que a chamada "Base nacional comum curricular" inclua obrigatoriamente
"estudos e práticas" de educação física, artes, sociologia e
filosofia.
O
jeitinho, pelo visto, é entronizado também na instrução do ensino médio, pois
bem se vê que as "matérias" não serão obrigatórias, terão estudo
superficial, senão superficialíssimo, e não terão, portanto, maior peso no
currículo, 'estudadas' de cambulhada.
Uma coisa, no entanto,
está assegurada: a patética ignorância dos alunos egressos do ensino médio,
embora talvez fosse mais apropriado
firmar-lhe a mediocridade, através do ensino por quadrinhos.
Quanto à eliminação de história e
geografia, o simbolismo dessa supressão vai garantir que saiam da escola alunos
ignorantes quanto ao passado e ao presente, e, portanto, que futuro se poderá
esperar de juventude que tudo ignora
sobre o seu país, seja o que fomos, porque como imaginar gente ignara, sem
qualquer conhecimento das várias fases
do Brasil, seus grandes vultos, os seus diversos estágios políticos ? A
par disso, a pasmosa mediocridade - não só de quem concebeu esse monstro do desensino médio, mas também da visão do
país e de sua futura gente de parte de seus líderes atuais, a começar pelo
artista da mesóclise, que assinar possa com o próprio nome, esta mancha
indelével para o conhecimento? Está garantida a ignorância nacional, tão sólida
quão profunda.
E infeliz é o Povo que desconhece a própria
história. Preparamos o quê para o
futuro? Um povo ignaro e, portanto,
ignavo, sem indústria cultural, sem grande voos, que não há-de levantar os
olhos para o firmamento, nem tem inclinação para a leitura.
Quem desconhece a história, está
condenado a repeti-la nos seus piores momentos. Que gente será essa, bronca,
estúpida mesmo, de visão espúria, forçados no presente a repetir a frase famosa de Hobbes
com o seu embrutecimento e a pequena duração da respectiva existência.
Que pode esperar
do mundo quem faz um curso superficial e medíocre, agrilhoado a existência
sem brilho nem capaz de visões mais amplas que o façam superar o mundinho
daqueles condenados à visão e ao ramerrame
de uma existência condenada muita vez a viajar em torno do próprio quarto, como
a descreve a célebre obra do escritor Xavier de Maistre (1763-1852), natural da
Savóia.
Se me permite o
Senhor Presidente Michel Temer, esse novo currículo não só diminui a nossa
gente, mas também lhe garante a própria igualdade para chafurdar
existencialmente na triste ignorância e na entranhada mediocridade.
Gente que não
lê, que sequer conhece de onde vem e que está condenado a perguntar eternamente
que país é este?
E Presidente,
como essa gente será capaz de montar uma frase digna de ser repetida? E que
dizer então da mesóclise ?
(Fontes: O
Globo, Thomas Hobbes, Xavier de Maistre, Francelino Pereira).
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