As aparentes disparidades no regime da
Previdência, indicadas pela resistência
no Congresso a uma verdadeira reforma, e o consequente recuo do Governo Temer -
que anunciou a retirada dos servidores municipais e estaduais do projeto federal de reforma - mandam uma
mensagem de fraqueza do Governo Temer e a possível consolidação de confusão
sistêmica na Previdência.
A administração de Michel Temer parece
não lograr assumir a própria condição de ser permanente. A circunstância de constituir
fruto de uma conjunção para ela feliz de fatores que independeu da respectiva
vontade não a exime de adotar posição abrangente
e coerente para encaminhar a solução séria do desafio da Previdência.
Render-se
às blandícias do oportunismo, só faz empurrar com a barriga a anti-solução, que
é a de fingir que tal anoso problema não lhe concerne, enquanto municipal e
estadual. Depois da passagem do irresponsável e incompetente segundo Governo
Dilma Rousseff - que logrou, para desgraça do Brasil, exceder-se ainda mais nos
infelizes atributos acima - não poderá,
mantendo junto às narinas o fino lenço de
cambraia, enjeitar qualquer responsabilidade quanto às questões
previdenciárias a solução a ser tomada
por um governo que seja de verdade e não de fancaria.
O problema é decerto grande, mas não será o próprio tamanho que deva
assustar a presidência Temer. Agindo dessa maneira, estaria tacitamente
coonestando os hoje enfraquecidos Fora
Temer ! que era o slogan de grupos políticos e dos energúmenos de plantão,
que pareciam, a tomar pelas gargantas respectivas, energizados com o descalabro
então vigente, nas esferas ética, financeira e governamental em geral.
Se não espanta deveras, que para tal problema,
não se depare ao Governo Temer um mar de
almirante, não será através de recuos que se crêem muito espertos, venha a ser
a solução própria para o Brasil a fastidiosa escolha dentre as flores que
pareçam oferecer menos espinhos.
O sucesso fácil de enjeitar a arrumação das
casas municipal e estadual, julgando
mostra de habilidade a timorata atitude de pôr ordem apenas na casa federal, é
um falso sucesso que perde a oportunidade de estabelecer um sistema orgânico para
todo o país.
Como assinala, com muita
oportunidade, o Globo em primeira
página, "com a retirada de servidores municipais e estaduais da reforma da
Previdência, os professores , categoria que reúne mais de dois milhões de
profissionais no país, poderão conviver com ao menos três regimes diferentes
para a aposentadoria".
Não será através dessas falsas
reformas, que se limitam à escolha multidúplice entre as flores daquelas que
pareçam oferecer-lhe menos espinhos.
Os servidores estaduais e
municipais já sofrem hoje das hábeis espertezas do passado, que jogaram muitas administrações estaduais
em crise permanente - como as do Rio Grande do Sul e a do Estado do Rio - por
motivos vários, muitos inconfessáveis, e que se traduzem em pagamentos atrasados,
em parcelamentos abusivos, e na consequente penúria dos aposentados.
Nas ocasiões e nos respectivos
desafios, não será através de espertezas ad
hoc que se resolverá o problema.
Soluções de fachada não
interessam nem aos professores, nem ao funcionalismo estadual. Os governos mostram a própria qualidade na
coragem e na retidão de evitar as solução de fancaria, e tomar a oportunidade
de resolvê-los dentro de um prazo que não lhes envergonhe, nem aprofunde a
atual crise de tantas administrações estaduais, que enjeitam o caminho de
seriedade e honestidade sinalizado pelo governo estadual do Espírito Santo.
(
Fonte: O Globo )
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