Não é sem razão que,
para assuntos econômicos e financeiros, busco abeberar-me na coluna de Míriam
Leitão. Faz dias que os jornalões falam de atravessarmos a pior crise da
História, em termos de nossas economias e finanças.
É interessante, por muitas vezes, a
leitura dos grandes jornais (na verdade, eis vezo de um velho leitor da
imprensa carioca. Antes dominava a pluralidade; hoje, no Rio de Janeiro, há um
virtual monopólio, se nos ativermos às tiragens respectivas).
Os jornalões estão parcialmente
corretos. O único problema é que - malgrado não ser grande amador dos romances
policiais - os erros, delitos e crimes têm, em geral, autores conhecidos ou
demasiado prováveis. As infrações - e a respectiva gravidade - não surgem por
geração espontânea. Seja qual for a coloração política do analista, o seu
compromisso com a verdade - e os sofismas aqui se desfazem com a celeridade do
orvalho nas mádidas folhas das plantas sob o sol da manhã - é indeclinável. Se
falta com ela ou a desfigura, como a própria credibilidade lá se vai também a
própria plaqueta.
De uns dias para cá, os jornais nos
falam da pior crise da história econômica do Brasil. O PIB recuou 3,6%
em 2016.
Na maior recessão da História brasileira, a economia sofreu queda de 9%. O desemprego - a face mais injusta
e perversa desse fenômeno econômico (porque atinge notadamente os mais jovens e
os mais velhos, escolhendo com capricho maldoso aqueles que mais dependem para
o pão de cada dia de baixos, sofridos salários) - chegará a treze por cento neste ano da graça de
2017 - e seja dito de paso que os
italianos vêem no treze e no dezessete os números do azar...
O passar dos anos nos ensina que
não há males sem causa. Só na igreja dos cortesãos eles são bichos-papões que
do nada surgiram. Ou então, quando o subujismo atinge graus preocupantes, a
culpada será sempre a tinhosa oposição...
Mas continuemos o nosso percurso,
cercados ainda pela esturricada paisagem da seca econômico-financeira trazida
pela dílmica crise.
Na verdade, há uma relativa
injustiça nessa atribuição. Porque há dois outros responsáveis. Primo,
Luiz Inácio Lula da Silva, porque se lixou do interesse do Brasil, e só
pensou - e com extremo egoísmo - no próprio, e por isso designou para o Povão
como sua sucessora Dilma Rousseff, a quem apresentou como capaz de lidar com o
magno desafio, como se ela fosse chefe do gabinete ministerial. Em realidade, o
seu voo e experiência eram bem mais curtos, como os meses e os anos da
presidência de Dilma não tardariam em demonstrá-lo.
Por motivos desconhecidos,
Dilma pensou que seria bom experimentar de novo com a inflação, como se a nossa
trágica experiência com o dragão não houvera sido suficiente. A incompetência
associada à húbris produz, como nós
todos verificamos, efeitos mais do que desastrosos, eis que sinistros.
A sua provada incompetência
foi premiada com mais um mandato; tudo -
pelo menos por enquanto - é possível em Pindorama.
Mas nesse segundo governo,
ela primo mostraria que a sua
incapacidade ultrapassava de longe a qualidade - que alguns governantes, apesar
de medíocres, retêm - de distinguir que o destino lhe lança uma corda salvadora.
O leitor está certo: Joaquim Levy lhe foi trazido e entregue de
mão beijada para salvar o Dilma II (eis que o Dilma I já era história)
Ai de nós todos, porém,
que faltava à desenvolvimentista Rousseff uma das aptidões mais comuns na
natureza: a capacidade de distinguir a sua última oportunidade e o bom senso de
curvar-se à realidade.
Nos alvores do Dilma II
- quando J. Levy ainda julgava que a situação econômico-financeira podia ser
salva - ela cuidou de publicamente desmoralizar o novel Ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa.
Este último, fiado na
lógica, pensava ainda que quem ditava as normas agora era Joaquim Levy. E por
isso, tratava de preparar a atualização do salário mínimo dentro de normas
compatíveis com a realidade econômica prevalente.
Tal não era o que pensava
a Rousseff. E por isso tornou públicos dois fatos inquietantes: primo, ela continuava a mandar, como se
viu nas estultas determinações de manter inflacionário o incremento anual do
salário mínimo; e secondo, cuidava de
publicamente desmoralizar esse Ministro Levy, mostrando a seu companheiro
Barbosa quem continuava a dar as ordens no gabinete.
Quando repercorremos o
passado, as verdades repontam com as suas cores agressivas. Por algum tempo,
ainda, apesar da manifesta e contrária disposição, Joaquim Levy pensou possível continuar a
acreditar na eficácia de sua presença ministerial.
Dilma tinha características, no entanto, que
desafiavam qualquer tentativa de salvação, mesmo aquelas in extremis.
Foi o que
infelizmente ocorreu. Joaquim Levy não
tinha espaço no governo Dilma II. A crise, que já repontava, a ela pertencia.
Mas seria demasiado injusto de parte dessa testemunha, decerto modesta porém
honesta, da História, que me animasse a repassar-lhe toda a culpa nessa triste
faccenda[1].
Pois, no meu
entender, a responsabilidade cabe a quem a indicou nessa peculiar democracia
brasileira, como sua eventual sucessora. Luiz Inácio Lula da Silva, ao
perfilhá-la como candidata, preteriu a vários nomes no PT que seriam mais
capazes de enfrentar o desafio. Achou melhor indicá-la, pensando ter condições
de reassumir no quadriênio seguinte. Apesar da demonstrada incapacidade -
trazendo de volta a inflação y otras cositas más - Dilma conseguiria, no
entanto, reeleger-se.
E eis porque o impeachment, proposto por um nome
histórico do PT, Hélio Bicudo viria
cortar o ciclo petista de incompetência e corrupção, como os tribunais até o
presente continuam a demonstrá-lo.
A pior crise da História brasileira
resultaria desses governos do PT, marcados que foram pela incompetência e
corrupção. A retomada econômica dessa crise - fruto maligno de um governo
desastroso - ainda tarda, eis que por ora prognosticam apenas um débil avanço
do PIB de 0,8%.
A trágica ironia
está em quem paga o pato dessa crise com tal origem - a corrupção e a
incompetência dando-se as mãos - mas aqueles na faixa do bolsa-família e a
multidão dos anônimos desempregados.
Se não fosse
trágica a motivação, dá vontade até de rir das ofensas e contumélias contra o
atual governo do Brasil de parte de Delcy Rodriguez, a atual chanceler do pior
governante das Américas, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
(
Fontes: O Globo,Miriam Leitão, Folha de S. Paulo e internet )
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