Angela Merkel - que
está onze anos no poder - lidou com a costumeira calma as imprevisibilidades do
novel presidente estadunidense - que está cerca de um mês e meio no governo.
Como notado pelo Times, a reunião entre Donald Trump e a Primeira Ministra Theresa
May foi muito mais cordial, do que o encontro de ontem. A britânica terá, no
entanto, mais afinidades com o presidente americano, porque ela também objetiva
a dissolução da União Européia. Embora não se possa exagerá-lo - dadas as
características de Trump - ela está muito mais próxima do atual presidente
americano porque acredita no Brexit,
com o que parece esquecer a longa luta do Reino Unido em ingressar na
organização de Bruxelas. Contribui, igualmente, para a afinidade, o peso mais
leve da atual liderança britânica (aí computado David Cameron, que pelos seus
confusos cálculos políticos facilitou deveras o advento do brexit).
Sendo necessariamente lábeis as
relações com Trump, o clima entre Londres e Washington agora está mais
enfarruscado, com as suas imputações de grampos ao serviço secreto inglês.
Pelo que se pôde entrever no iceberg das conversações Trump-Merkel, a
Chanceler terá mantido a custo o equilíbrio nas diversas reuniões. Referindo-se
às expressões provocadoras do presidente a seu respeito, Frau Merkel assinalou que é preferível conversar entre si, e não
falar um (mal) a respeito do outro.
Lidar com temperamento tão errático
quanto o do atual ocupante do gabinete oval não deve ser tarefa fácil. Por
outro lado, tampouco será para Angela Merkel, que se esforçou em não
apresentar-se como a adversária de Trump. Chegou por isso a ficar com a mão
estendida no ar, porque terá talvez presumido que restasse a Trump um pouco de
cavalheirismo.
Com a larga experiência que tem -
inclusive com outros impetuosos líderes, de que alguns desses já são história -
Kanzler Merkel soube manter a
expressão indefinida em que o próprio povo vê mais determinação e firmeza. Produto
de eleições complicadas, Donald John Trump por ora é fulgurante cometa, de que
se deve evitar excessiva cercania.
Há velha, milenar superstição, do
tempo em que o domínio cognitivo sobre a cena celeste era ainda obscuro, de que
os cometas fossem mensageiros dos deuses, em missões de más notícias.
Como não poderiam parecer dessa
maneira, surgindo do fundo breu da ignorância, e após partilharem do olhar
atônito dos povos, deixarem no azul profundo do firmamento o lancinante brilho
brevíssimo do risco ambíguo e ambivalente, acenando com mensagens tão
incompreensíveis quanto de intuir-se,
quiçá saber-se possam!
( Fontes: The New York
Times; Rede Globo )
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