O
deputado Devin Nunes, republicano da Califórnia, segundo o Washington Post, terá desejado ajudar o Presidente Donald Trump,
com observação sobre o suposto grampo
por ele sofrido por ordem do então Presidente Barack Obama.
No
entanto, o que Devin Nunes terá conseguido foi criar problemas para o
respectivo comitê de Inteligência na Câmara de Representantes, enquanto a sua
credibilidade para analisar a alegada intromissão russa na última eleição se vê
bastante comprometida.
Por outro
lado, está em marcha o exame feito pelo Federal
Bureau of Investigations, sob a
chefia do Diretor James Comey, com
vistas a aprofundar o que realmente houve em termos da suspeitada intervenção
do governo do Presidente Vladimir Putin no processo democrático americano, entre
outras ações, as do hacking do Comitê
Democrata (com o intúito de divulgar informes de viés negativo desse Comitê,
através do site Wiki-Leaks, por conta do asilado equatoriano Julian
Assange).
Chamuscado
pela pesada derrota na sua tentativa de esvaziar as acusações contra Trump, Devin Nunes volta não exatamente de mãos
abanando ao trabalho de seu Comitê na Câmara de Representantes. A pergunta que
se coloca a respeito do deputado republicano da Califórnia diz respeito não só
à própria credibilidade em analisar questões que podem respingar e bastante no
seu patrão, e ainda mais, no que tange a envolver-se de forma ainda mais crível
aos inúmeros tópicos que carecem de ser apro-fundados se realmente terá
condições políticas de deslindar o que, por ora, supostamente ele se empenha em
confrontar.
Essa
crise, como uma sucuri, vai crescendo nos seus nós que, pouco a pouco, envolvem
os inúmeros membros do núcleo de Trump.
Como isto vai acabar é pergunta que muitos fazem em Washington, golpeados que
foram pela rapidez da involução do
Governo Trump.
As
crises muita vez não se saciam com a turma de médio escalão. Elas, de resto,
nutridas pela indiscrição de uns, os maus passos de outros, e a sua peculiar
lógica que, tanto admite uma suposta salvação in extremis, quanto súbito agravamento na corte de Rei Trump.
A sofreguidão quase sempre é péssima conselheira, como se verificou no episódio da investida contra a aborrecida Obamacare. Adversários, mesmo aparentemente à terra, não
carecem de ser subestimados.
No seu afã, tão juvenil quanto vazio, de derribar o pavilhão democrata,
Trump no seu pressuroso afã quase
juvenil pensara que poderia reduzir e
destruir o Affordable Care Act, a que os republicanos detestam, primo por ter sido aprovado sem um único
voto do Grand Old Party, e secondo, por lograr amplo e sólido sucesso, de que são prova os
vinte milhões de pessoas a que tem servido e atendido com proficiência.
Na sua alegada campanha contra o pavilhão democrático, Donald John Trump agiu como o
monarca vão, que ataca, sem cuidar da própria retaguarda, a fortaleza provada
por sete anos de bons serviços prestados não à moça Raquel, personagem de seus
sonhos, mas à Lia que viria a ser-lhe empurrada goela abaixo. Indivíduos
estouvados como o é Trump tem sede de glória e felicidade. Ele esquece, no entanto, que nenhuma lei surge
do nada, e se o detestado Obamacare lograra vencer todas as campanhas alimentadas pelo ódio e a mentira,Trump, na
sua lua de mel com o poder, imaginara que a hora da verdade tinha chegado.
Na sua ânsia de levar adiante a grande conquista, humilhando o
predecessor - como todo indivíduo vão,
Trump acredita no que lhe dizem os próprios cortesãos - amarga surpresa lhe
estava reservada. No seu sétimo aniversário, esta grande Lei humilharia a quem se acreditara votado à
inebriante travessia, com o incenso dos triunfos romanos.
Vão, vaidoso e da vitória voluptuoso, Donald Trump, sem o saber, abria a porta das intempéries - logo ele que
pensa transformar os aguaceiros no céu azul que eles escondem - e dava solene início à prematura temporada da inclemência e dos sonhos ruins.
A primeira derrota será sempre
lembrada, e não por saudosismo,mas por negar, com golpes imprevistos e traições
fementidas, que o solene cortejo do
triunfo se veja fustigado pelas intempéries, tanto as temíveis, quanto aquelas
materiais, todas elas porém engordando o malévolo cortejo dos inimigos.As
desditas do rei e soberano, tanto as passadas, quanto as vindouras, crescem na
consciência que a conjura dos adversários anima, enquanto ele, o chefe de vaporosos cabelos, vê com raiva
irromperem os rancorosos de plantão, ora robustos e rugentes todos,
rindo-se às bandeiras despregadas, como se por ruir já estivesse o magnífico
edifício.
A horda pode até vencer , mas não convencerá jamais. Engambelada com
mentiras, festejada pelos cortesãos, a sua caminhada estará eivada de surpresas
ruins, todas elas fecundadas por tolas ambições, sob o aplauso da patuléia
interesseira. Mas como o ir e vir das vagas, o poder e suas ilusões escorrerão
pelas próprias ávidas, mas pequenas mãos, tão diminutas quanto as mentes que
lhe giram em torno, até que soe a hora da verdade, e ele se descubra escorraçado
por criaturas que, ou conhecia demasiado, ou jamais nelas pousara a pesada mão
nos passados dias de fausto e da consequente vã, vingativa retribuição.
( Fonte: Camões, Washington Post, The New York Times )
Nenhum comentário:
Postar um comentário