O editorial de hoje do New York Times pode parecer satisfatório
à primeira vista, dada a extensão da crise na Venezuela.
No entanto, ao querer ser moderado, o
jornalão de New York na verdade, sem
o desejar, estaria contribuindo para ajudar e reforçar o governo de Nicolas
Maduro.
E aí está o ponto
principal da questão. Esta crise não surgiu do nada. Ela é o resultado direto
da profunda incompetência e incapacidade da Administração de Nicolás Maduro.
O presidente e seu regime tentaram dar resposta
autoritária à crise, mas tangidos por um misto de funda corrupção e descomunal
incompetência, eles são, Maduro e sua coorte de cúmplices e apaniguados, a
causa real do pandemônio econômico, social e político em que lograram
transformar a Venezuela.
Não se trata de simplesmente dar ajuda
humanitária a esse pobre país vítima da galopante incapacidade do partido
chavista e, em especial, de seu chefe, Nicolás Maduro.
A situação só tem involuído na própria
deterioração. Desde os dias de Hugo Chávez Frias, a descida venezuelana tem
sido, a princípio lenta, mas sempre segura. Chávez, por cega ambição de
liderança em ibero-América, financiou com a renda do petróleo venezuelano uma
série de organizações com que pensara desenvolver a influência e o poder da
Venezuela chavista.
Apoiado nos tempos áureos da cotação petrolífera, Chávez tomou o presente
de então, com os altos níveis do ouro negro, como se estivera diante de um
fundamento seguro para o empréstimo de dólares à fonds perdus para os
países da região, que contava arregimentar em seu projeto de poder nacional e
regional, no Caribe (inclusive e sobretudo Cuba,a quem financiou
generosamente), além de uma série de outros países como Nicarágua, Honduras, Equador,
Bolívia e alguns mais, chamados a integrar uma internacional chavista, que
faria concorrência à OEA.
O projeto megalômano de Hugo
Chávez, quando a situação econômico-financeira principiou a mudar, teria de
sofrer as inelutáveis e inevitáveis consequências, dado o desperdício de ativos
para o desenvolvimento da Venezuela, que se perderam pelas previsíveis
exigências de uma vasta região empobrecida e com muita fome de capitais.
Com a sua morte e a passagem do
governo para o sucessor indicado, Nicolás Maduro, o cenário da situação
econômica não tardaria a mudar e radicalmente. Como na fábula, por ignorar a
necessária limitação dos próprios recursos e a imperiosa conveniência de
modernizar o ente nacional do Petróleo, de forma a otimizar essa fonte que é na
prática a única riqueza da Venezuela, o que configura uma virtual monocultura,
Hugo Chávez criaria as condições do presente drama que vive o seu país.
Mas Maduro piorou demasiado as
coisas, partindo para um governo e regime muito mais autoritário do que no
tempo de Chávez. A sua profunda, sólida incompetência e falta de qualquer visão
econômica criou as condições da descomunal crise venezuelana. A crise, na verdade, é quem governa a
Venezuela, através da escassez da produção, da substituição de uma sombra de
governo por profunda ditadura, que acredita manter-se no poder a ferro e fogo como
as tiranias de antanho. Mas mesmo no negro passado, os autocratas sempre cuidaram,
e por interesse próprio, de manter mínima situação em que as necessidades
óbvias da população e o abastecimento fossem mantidos e efetivamente atendidos.
À parte da truculência da
ditadura e de suas forças especiais, já há alguns anos o povo venezuelano não
dispõe mais de abastecimento em artigos essenciais de consumo e alimentação. A
economia, reduzida à monocultura do petróleo (cuja exploração é prejudicada
pelo virtual sucateamento de o que seu ente nacional petrolífero carece não só
para explorar o petróleo, mas também para explotá-lo em condições que lhe
assegurem retirar os recursos necessários para maximizar os respectivos
ganhos). Assolam atualmente a Venezuela, além da ditadura de Maduro e de sua
corja, a hiperinflação (que reduziu a níveis alemães do pós-Primeira Guerra
Mundial a moeda do país), o consequente desabastecimento do comércio, e um
Estado que não mais respeita a Constituição, e que vive em condições de
ditadura bruta, aterrorizando a população, e sistematicamente invalidando
qualquer recurso a uma saída democrática pelo consenso.
Por isso, que me perdoem os
editorialistas do New York Times, mas
acreditar na serventia deste mirífico plano de salvá-la pela ajuda
internacional, seria, na prática, desperdiçar toda e qualquer ajuda, que o
governo Maduro não tem condições nem de distribuir equamente, nem de montar
algum esquema assistencialista válido para a saída da crise.
Não se pode convidar a quem
criou tal situação a administrar a eventual ajuda internacional. O que o Povo
Venezuelano carece é de uma eleição livre, que varreria da história este regime
corrupto e sobretundo incompetente, que tanto tem prejudicado e mortificado um
Povo que decerto não merece padecer tal situação.
Em outras palavras, organizar a
passagem ordeira do Poder da forma mais rápida, abrindo as fronteiras para que
os integrantes desse Exército Brancaleone - que não se confunde com o cômico do
filme de Vittorio Gassman - possam exilar-se nos países esquerdizantes que
ainda estejam dispostos a acolhê-los, enquanto, sob controle internacional, o
Povo venezuelano e a sua Oposição lançam as bases de administração que possa
salvar a Venezuela e estabelecer condições para que não haja fome, nem os
outros males que acompanham tais situações.
Não nos façamos ilusões, como
o bem-intencionado editorial do New York
Times. A Venezuela e sua população prescindem da ajuda e da presença dessa
cáfila, que só tem contribuído para a miséria, a doença e a opressão do Povo
venezuelano, que merece sorte bem diversa daquela que hoje lhe proporciona esse
sinistro bando de Nicolas Maduro.
Qualquer solução que presuma a
permanência do regime de Nicolás Maduro é uma antissolução. Maduro e os cabeças
dessa sinistra e brancaleônica quadrilha devem ser afastados o quanto antes do
governo da Venezuela. Eles, pela própria funda incompetência, desonestidade e
criminosa associação, já perderam qualquer título de perdurarem à frente do
poder.
Enquanto a opinião pública
internacional alimentar a ilusão de que eles possam ser parte da solução, estaríamos
diante do escárnio que é o de considerar Nicolás
Maduro e a sua corja como eventual parte da solução para a desgraça
venezuelana.
Eles, na verdade, com Maduro à
frente, são a própria expressão da desgraça na Venezuela. Pensar que eles possam constituir parte da
solução é tornar a situação irreversível.
Fora, Maduro e seu regime,
corrupto e incompetente!
Vamos dar o poder ao Povo
venezuelano e não aos chavistas que levaram o esse país para a sua atual
situação de miséria e abandono.
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