quinta-feira, 30 de março de 2017

Que resposta à crise venezuelana ?

                              

        O editorial de hoje do New York Times pode parecer satisfatório à primeira vista, dada a extensão da crise na Venezuela.
        No entanto, ao querer ser moderado, o jornalão de New York na verdade, sem o desejar, estaria contribuindo para ajudar e reforçar o governo de Nicolas Maduro.
        E aí está o ponto principal da questão. Esta crise não surgiu do nada. Ela é o resultado direto da profunda incompetência e incapacidade da Administração de Nicolás Maduro.
        O presidente e seu regime tentaram dar resposta autoritária à crise, mas tangidos por um misto de funda corrupção e descomunal incompetência, eles são, Maduro e sua coorte de cúmplices e apaniguados, a causa real do pandemônio econômico, social e político em que lograram transformar a Venezuela.
         Não se trata de simplesmente dar ajuda humanitária a esse pobre país vítima da galopante incapacidade do partido chavista e, em especial, de seu chefe, Nicolás Maduro.
         A situação só tem involuído na própria deterioração. Desde os dias de Hugo Chávez Frias, a descida venezuelana tem sido, a princípio lenta, mas sempre segura. Chávez, por cega ambição de liderança em ibero-América, financiou com a renda do petróleo venezuelano uma série de organizações com que pensara desenvolver a influência e o poder da Venezuela chavista.
          Apoiado nos tempos áureos da  cotação petrolífera, Chávez tomou o presente de então, com os altos níveis do ouro negro, como se estivera diante de um fundamento seguro para o empréstimo de dólares à fonds perdus para os países da região, que contava arregimentar em seu projeto de poder nacional e regional, no Caribe (inclusive e sobretudo Cuba,a quem financiou generosamente), além de uma série de outros países como Nicarágua, Honduras, Equador, Bolívia e alguns mais, chamados a integrar uma internacional chavista, que faria concorrência à OEA.
            O projeto megalômano de Hugo Chávez, quando a situação econômico-financeira principiou a mudar, teria de sofrer as inelutáveis e inevitáveis consequências, dado o desperdício de ativos para o desenvolvimento da Venezuela, que se perderam pelas previsíveis exigências de uma vasta região empobrecida e com muita fome de capitais.
             Com a sua morte e a passagem do governo para o sucessor indicado, Nicolás Maduro, o cenário da situação econômica não tardaria a mudar e radicalmente. Como na fábula, por ignorar a necessária limitação dos próprios recursos e a imperiosa conveniência de modernizar o ente nacional do Petróleo, de forma a otimizar essa fonte que é na prática a única riqueza da Venezuela, o que configura uma virtual monocultura, Hugo Chávez criaria as condições do presente drama  que vive o seu país.
               Mas Maduro piorou demasiado as coisas, partindo para um governo e regime muito mais autoritário do que no tempo de Chávez. A sua profunda, sólida incompetência e falta de qualquer visão econômica criou as condições da descomunal crise venezuelana.  A crise, na verdade, é quem governa a Venezuela, através da escassez da produção, da substituição de uma sombra de governo por profunda ditadura, que acredita manter-se no poder a ferro e fogo como as tiranias de antanho. Mas mesmo no negro passado, os autocratas sempre cuidaram, e por interesse próprio, de manter mínima situação em que as necessidades óbvias da população e o abastecimento fossem mantidos e efetivamente atendidos.
                  À parte da truculência da ditadura e de suas forças especiais, já há alguns anos o povo venezuelano não dispõe mais de abastecimento em artigos essenciais de consumo e alimentação. A economia, reduzida à monocultura do petróleo (cuja exploração é prejudicada pelo virtual sucateamento de o que seu ente nacional petrolífero carece não só para explorar o petróleo, mas também para explotá-lo em condições que lhe assegurem retirar os recursos necessários para maximizar os respectivos ganhos). Assolam atualmente a Venezuela, além da ditadura de Maduro e de sua corja, a hiperinflação (que reduziu a níveis alemães do pós-Primeira Guerra Mundial a moeda do país), o consequente desabastecimento do comércio, e um Estado que não mais respeita a Constituição, e que vive em condições de ditadura bruta, aterrorizando a população, e sistematicamente invalidando qualquer recurso a uma saída democrática pelo consenso.
                 Por isso, que me perdoem os editorialistas do New York Times, mas acreditar na serventia deste mirífico plano de salvá-la pela ajuda internacional, seria, na prática, desperdiçar toda e qualquer ajuda, que o governo Maduro não tem condições nem de distribuir equamente, nem de montar algum esquema assistencialista válido para a saída da crise.
                Não se pode convidar a quem criou tal situação a administrar a eventual ajuda internacional. O que o Povo Venezuelano carece é de uma eleição livre, que varreria da história este regime corrupto e sobretundo incompetente, que tanto tem prejudicado e mortificado um Povo que decerto não merece padecer tal situação.
               Em outras palavras, organizar a passagem ordeira do Poder da forma mais rápida, abrindo as fronteiras para que os integrantes desse Exército Brancaleone - que não se confunde com o cômico do filme de Vittorio Gassman - possam exilar-se nos países esquerdizantes que ainda estejam dispostos a acolhê-los, enquanto, sob controle internacional, o Povo venezuelano e a sua Oposição lançam as bases de administração que possa salvar a Venezuela e estabelecer condições para que não haja fome, nem os outros males que acompanham tais situações.
                 Não nos façamos ilusões, como o bem-intencionado editorial do New York Times. A Venezuela e sua população prescindem da ajuda e da presença dessa cáfila, que só tem contribuído para a miséria, a doença e a opressão do Povo venezuelano, que merece sorte bem diversa daquela que hoje lhe proporciona esse sinistro bando de Nicolas Maduro.             
                Qualquer solução que presuma a permanência do regime de Nicolás Maduro é uma antissolução. Maduro e os cabeças dessa sinistra e brancaleônica quadrilha devem ser afastados o quanto antes do governo da Venezuela. Eles, pela própria funda incompetência, desonestidade e criminosa associação, já perderam qualquer título de perdurarem à frente do poder.
               Enquanto a opinião pública internacional alimentar a ilusão de que eles possam ser parte da solução, estaríamos diante do escárnio que é o de considerar Nicolás Maduro e a sua corja como eventual parte da solução para a desgraça venezuelana.  
               Eles, na verdade, com Maduro à frente, são a própria expressão da desgraça na Venezuela.  Pensar que eles possam constituir parte da solução é tornar a situação irreversível.
             
                  Fora, Maduro e seu regime, corrupto e incompetente!

              
              Vamos dar o poder ao Povo venezuelano e não aos chavistas que levaram o esse país para a sua atual situação de miséria e abandono. 


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