O que será de Marina?
Conforme a
nota-editorial de Bernardo Mello Franco, Marina Silva se considera no momento
da vazante. É metáfora amazônica para descrever a situação em que ora está.
Por
enquanto, a sua trajetória vem sendo marcada por grandes esperanças e amargos
resultados. Em 2010, com tempo mínimo de propaganda eleitoral, chegou a
dezenove milhões e seiscentos mil votos, mas não foi para o segundo turno. Em 2014, continuou no padrão do romancista inglês
Charles Dickens, com grandes
expectativas, que, ao cabo, pela confluência de fatores negativos, resultaram
no melancólico despencar de sua candidatura diante da oficial, de Dilma, e da
do ressurgente Aécio.
Temida
pelo oficialismo, surgida das cinzas de Eduardo
Campos, a fênix que sobrevivera à estranha proibição da Rede Sustentabilidade (logo na terra das
32 legendas partidárias!), não conseguiu
nem superar, nem rebater à meticulosa campanha das chamadas ‘mentiras’
da propaganda oficial, eis que sequer o TSE lhe concedera um direito de
resposta à incrível distorção do marqueteiro João Santana no filmete sobre
autonomia do Banco Central...
Agora,
abandonada pelos escudeiros Walter Feldman e Luiza Erundina, terá de
contentar-se com a prata da casa.
No
horizonte, uma incógnita. Conseguirá,
afinal, a almejada legenda? Não é
decerto questão retórica, embora estejamos na terra das múltiplas legendas, a
mor parte sem qualquer sentido político (embora possam ter o prático). Será
acaso estranhável que somente Marina por artes de não tão ignotos personagens
jamais consiga o carimbo Nihil obstat[1] do
Tribunal Superior Eleitoral? Logo na terra em que quanto mais insignificante,
mais fácil parece obter-se o mágico prêmio de aprovação de mais uma legenda,
nessa imensa sopa de letras, que uma discutível sentença do Supremo, barrando
qualquer exigência de número mínimo de eleitores nos pleitos federais,
estaduais e municipais, decretou a proliferação das ideologias (sem falar nas
legendas de aluguer) na contramão de tantas democracias...
Nova Reportagem-bomba de Veja
Segundo a
última Veja, em reportagem de capa,
cresce o nervosismo entre os executivos presos pela Operação Lava-Jato. Nas
palavras dos réus da construtora OAS,
“era chegada a hora de jogar a última cartada, e, segundo eles, isso significa
trazer para a cena do crime, com nomes e sobrenomes, o topo da cadeia de
comando do petrolão.” A tábua de salvação estaria em “razão elementar: as empreiteiras
podem identificar e apresentar provas contra os verdadeiros comandantes do
esquema, os grandes beneficiados.” Assim disse, ressentido, o presidente da
OAS, Léo Pinheiro: “Vocês acham que eu ía atrás desses caras (os políticos)
para oferecer grana a eles?”(...) “Na conversa com os colegas presos e os
advogados da empreiteira, ele reclamou, em particular, da indiferença de
Lula.(...) Léo Pinheiro reclama que Lula lhe virou as costas.” E daí saíu a
primeira decisão do grupo: “se houver acordo com a Justiça, o delator será
Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e
políticos corruptos” (novas delações só serão admitidas se revelarem fatos
novos ou envolvimento de personagens importantes ainda mantidos longe das investigações).
Por isso, o alvo das empreiteiras e de seus diretores presos
“é o topo da cadeia de comando, em que, segundo
afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente
Lula e Dilma Rousseff.”
Dá ideia do grau de desespero das empreiteiras : “encomendou
e cuidou de divulgar um parecer jurídico que, assinado pelo advogado Ives
Gandra Martins, defende o impeachment
da presidente Dilma Rousseff. No documento (...) o jurista afirma que ‘o
assalto aos recursos da Petrobrás, perpetrado durante oito anos, de bilhões de
reais, sem que a Presidente do Conselho
e depois Presidente da República o detectasse, constitui omissão,
negligência e imperícia, confirmando a figura da improbidade administrativa, e
enseja a abertura de um processo de impeachment.”
Segundo o jurista – que é especialista em impeachment na Constituição de 1988 –
“a análise da viabilidade do processo contra Dilma ‘é estritamente jurídica, sem conotação política’.”
( Fontes: Folha de S. Paulo; VEJA ).
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