Na coluna de
Ricardo Noblat, que é ponto de encontro marcado para o leitor nas
segundas-feiras, revisitamos a cara de pau de Lula da Silva, que ainda crê
factível, nessa altura do campeonato, depois de Mensalão e agora Petrolão,
manipular a notícia e pensa possível impingir-nos a mentira, como se verdade
fora.
É época de
carnaval, mas não pense, por favor, que está de volta o bom-mocismo e a
ingenuidade dos bailes de outrora. Os tempos mudaram, não sei se no geral será
para melhor ou pior.
Forçoso, no
entanto, será reconhecer que a realidade de Lula, assim como a de Dilma, será
tão veraz quanto a cor dos respectivos cabelos. Não é que o torneiro-mecânico,
o indômito líder que em tempos idos chamou Sarney de ladrão – muito mais tarde
encheria a boca para afirmar que Sua Excelência não era um cidadão comum – e
hoje renunciou aos cabelos grisalhos, e os pintou da mesma cor acaju dos de
Dilma...
As fotos da
dupla aos cochichos – e eles protegem os grandes segredos que guardam, tapando
cuidadosamente os lábios para evitar a indiscrição dos leitores labiais – é
característica das reuniões do Partido dos Trabalhadores. Hoje, como temem o
povão, eles as realizam a portas fechadas. Quem tanto mudou dos tempos do
pequeno partido ético e aguerrido, quase estalinista nas suas práticas – não é que
puseram pra fora uns poucos eleitos que tiveram a ousadia de votar em Tancredo
– é inteligível que tenham de limitar o ingresso a um punhado de gatos gordos,
como o foi em Fortaleza, e há pouco a festejar os trinta e cinco anos, o
fizeram para homenagear o caixa do PT, João Vaccari Neto, que resistiu o quanto
pôde ao ser levado pela Polícia Federal para uma delegacia, a fim de depor.
Lula se
gaba não só de esperteza política, senão da própria rejeição do conhecimento e
da informação. Já declarou alto e bom som que tem azia pelo que consta da
imprensa. Não são só os avestruzes que enfiam a cabeça na areia em horas de
perigo. Lula, também, há de ler sempre menos, e de cochichar sempre mais com a
discípula Dilma (que há pouco lhe deu boa rasteira, barrando-lhe o caminho para
postular nova eleição). Como há muito a dupla mergulhou no mundo dos segredos –
primeiro, o mensalão – em que, malgrado Joaquim Barbosa, ainda pôde sair no
lucro – e agora, o petrolão, que é uma revisita piorada e cujo fim – ainda
desconhecido – a Deus pertence...
Não creio
que Lula da Silva haja lido ‘1984’ de
George Orwell. Aí, no entanto, a sua
intuição há de funcionar, e seria como se o tivesse perlustrado e até
decorado... Como disse Noblat no exórdio da coluna, quem ousaria tanto afirmar
que “a recente campanha eleitoral foi a mais suja. Aquela em que nossos
adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram
fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de
comunicação para manipular, distorcer e falsear?”
A
desfaçatez tem um limite. Talvez seja por isso que as ‘reuniões dos companheiros’
precisam ser a portas fechadas. Depois de tudo o que fizeram – com a ajuda
prestimosa dos órgãos públicos aparelhados no figurino chavista – não espanta
que tenham medo de aglomerações não-controladas, em que o Povo Soberano apareça...
( Fonte: Coluna de R.
Noblat, em O Globo )
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