O menos que se possa dizer é que a
corrupção em nosso país tem presença africana. Nesse sentido, creio que importa
precisar que isto não é mera alusão à participação do ditador da Guiné
Equatorial em nosso carnaval, através de bancar a apresentação da escola de
samba Beija Flor.
A corrupção no
Brasil assume dimensões africanas, na medida da notória presença desse flagelo em
África. Dos efeitos deletérios desse fenômeno sociológico no continente
vizinho, há muito e pouco que dizer. Muito pela sua presença em quase toda
parte, defraudando a população sofredora com líderes ávidos e perniciosos. Eles
tornam ainda mais miseráveis os pobres, além de fazê-los conviver com o pior
dos parasitas, eis que essa escumalha possui o dúbio dom de negar-lhes o futuro,
enquanto se espojam nas riquezas das terras de que se apossam.
E não vá a
Europa e o Ocidente colocar lenços de renda nas narinas, como se tais aromas os
incomodassem! Desde Patrice Lumumba, o mártir congolês, a presença ocidental continuou
a ser nefasta, cuidando de plantar os seus Tchombé e mais tarde talvez o maior
cleptocrata de todos os tempos, Mobutu, que morreu de morte morrida, depois de
sugar, com a conivência dos antigos senhores, todo o futuro da rica terra
congolesa.
Dessarte, na
África os Nelson Mandela se contam nos dedos de u’a mão! Será decerto um
escândalo, mas andemos devagar se os censuramos, como novos Savonarolas, que
sobem nos rostros com o dedo em riste, prontos a ralhar o seu público.
Vejam o
próprio quintal, antes de nos animar a zelos de Catão. Nada como um cronista de
Brasília, em jornal de S. Paulo, para trazer-nos ao Rio algumas verdades acerca
da Sapucaí: “não basta reclamar da Beija-Flor, que levantou o troféu com
patrocínio do sanguinário ditador da Guiné Equatorial. Uma conversa a sério
sobre o financiamento do Carnaval do Rio precisa discutir os repasses de verba
pública às escolas de samba e o controle da festa mais popular do país por uma
entidade ligada ao crime, com as bênçãos do Estado e da prefeitura.”[1]
Recordam-se da juíza que de uma sentada prendeu
a todos os chefes do Bicho no Rio de Janeiro? Talvez o problema do Brasil
esteja no caráter efêmero de todas as penadas. Faz tempo, não? A decisão,
saudada por gregos e troianos, deixa-nos amarga lembrança, eis que os senhores
do bicho não esquentaram tempo no xadrez. No entanto, como um quadro na parede,
ele pode doer, mas tais senhores permanecem, como também as sólitas mesinhas de
seus agentes...
De outra parte,
quando olvidar-nos deste carnaval, e de que houve apenas um único jurado em um único
quesito que não deu dez! à Beija Flor, poderemos até pensar na entrevista do
Ministro José Eduardo Cardozo com os advogados das empreiteiras – sem falar da
pessoa a quem ele topou por acaso – vejam só!- na sua antessala -, no medíocre
ministério de D. Dilma (39 brasileiros!), e, descendo a ribanceira, vamos topar
com os condenados da Ação Penal 470, o famoso mensalão (e já estão
quase todos com o pé na rua, livres pela graciosa doutrina da progressão de
pena) que só se tornou possível como exemplo graças ao estro e à coragem do
Ministro Joaquim Barbosa, que infelizmente não está mais no Supremo, enquanto o
seu sucessor, Ricardo Levandowski, viaja pelas Europas, e visita o Papa
Francisco e a Raínha Elizabeth, da Inglaterra!
Mas, ‘pera aí,
ilustre leitor e passageiro, que as funduras aí não param, pois para desbrenhar
temos diante de nós o pântano do Petrolão. Chico Caruso, que com um risco nos
mostra laudas e laudas de ínvias sendas no chavascal de Pindorama, ora nos
aponta os baixios do Petrolão. Até impressões digitais ele já nos apontou em
barris da nossa maior empresa...
E o brasileiro?
Continuará otimista, com essa gente à sua volta?
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Carlos Drummond
de Andrade )
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