Eike Batista – considerações
De sétima maior
fortuna do planeta à situação atual , a condição do empresário Eike Batista coloca questões importantes
que não concernem a ele apenas, mas a toda a sociedade.
Há vários
aspectos a ser considerados, envolvendo questões éticas, psicológiacas,
salvaguardas no mercado acionário, medidas de proteção aos acionistas, defesa
do interesse macroeconômico, eventual intervenção preventiva no âmbito
industrial e fazendário, e, não por último, salvaguarda dos direitos do réu.
Não conheço o
Senhor Eike Batista, nem tenho qualquer outro interesse na matéria que não o do
cidadão. A democracia não é apenas um biombo a que são chamados os eleitores
para escolher seus dirigentes e representantes. Ela também deve prevalecer em
outros planos, em que o respeito ao acionista e a todo cidadão (inexiste ou não deve existir em qualquer
plano diferença entre o cidadão comum e aquele dito privilegiado. Tal distinção
se funda em errônea premissa o que talvez explique parte do descalabro que o Brasil ora
atravessa) deve ser tônica corrente, não
a mutante circunstância.
Como há de
intuir o leitor, esses direitos e deveres têm mão dupla. A autoridade, seja ela
de que ramo for, deve pautar-se pelo respeito ao interesse público e àquele do
cidadão.
As árvores e os
cidadãos podem ser grandes ou pequenos. Assim, as pessoas eminentes, quando
abatidas, surgem em toda a sua grandeza. Não é o caso de Eike Batista, mas tal
circunstância não lhe derroga os direitos a que faz jus enquanto cidadão.
A reversão da
fortuna pode ter efeitos pedagógicos para quem a sofre, na medida em que o ajude
a melhor valorizar o que realmente interessa em termos existenciais. O aspecto
punitivo deve trazer consigo um elemento pedagógico, mas tal não implica em que
apenas sirva para humilhar o réu.
Eike Batista
cometeu, decerto, erros graves de avaliação, e a queda da empresa petroleira OGX é decorrência
disso. A OGX, principal empresa do grupo X, entrou em recuperação judicial em
2013. A degringolada começa depois de outubro de 2012, quando foi divulgada a
cláusula put que previa aporte de US$ 1 bilhão pelo
empresário na OGX (atual OGPar, petroleira em recuperação judicial), o qual nunca
foi realizado. Nesse sentido, a inadimplência
da put é havido como o marco do
início da crise nas empresas do grupo X.
Talvez tenha
sido a aposta do empresário Eike na exploração petrolífera, quando da abertura
do leilão do pré-sal, o início de gravosos compromissos de sua parte em uma
área que não se revelaria das mais promissoras em relação a outras então
arrematas por firmas concorrentes.
Tem sido
difícil a relação entre a banca que
defende o empresário, encabeçada pelo advogado Sérgio Bermudes, e o juiz
titular da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal, Flávio Roberto de Souza. Em
dezembro último, os advogados de Eike Batista contestaram no Tribunal Regional
Federal (TRF) a parcialidade do juiz para seguir conduzindo o processo.
Esse
recurso, no entanto, teve um efeito inesperado, segundo o Dr. Sérgio Bermudes.Assim
o causídico se referiu à questão: “A decisão é de uma fúria brutal. O juiz
Flávio Roberto de Souza está fazendo uma clara retaliação ao fato de termos
questionado sua parcialidade na condução do caso. E esse processo ainda não foi julgado pelo
Tribunal Regional Federal”.
E
acrescenta o Dr. Bermudes: “Nós vamos recorrer ao TRF também quanto às
apreensões. Não ficou dinheiro nem para comprar o leite do menino, para comprar
comida. O juiz calculou, não sabemos como, em US$ 3 bilhões o prejuízo causado
por Eike a vítimas (da crise de suas empresas). Mas esse valor ainda não foi
decidido. E só seria decidido depois de uma sentença condenatória transitada em
julgado.”
Para o
juiz titular da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal, as movimentações
financeiras de Eike representam risco quanto ao pagamento de indenizações
futuras e mesmo de fuga do empresário.
Até o fim
de sexta-feira, seis de fevereiro, não havia estimativa da quantia atingida
com a determinação do bloqueio dos ativos financeiros e imóveis de Eike, dos seus dois filhos, da
ex-mulher Luma de Oliveira, além de Flávia Sampaio, mãe do terceiro filho do
empresário. A Justiça Federal convocou um perito especializado para avaliar os bens
apreendidos ontem.
Assinale-se que a apreensão judicial abrangeu a Lamborghini (avaliada em
R$ 2,8milhões, outros cinco veículos, um ovo Fabergé (jóia dos Romanoff, do
império russo, não se sabe se cópia ou original), um computador, uma escultura,
16 relógios, dois motores de lancha, e até o telefone celular de Eike, além de
um piano de meia cauda e R$ 90 mil em dinheiro e R$ 37 mil em moedas estrangeiras.
Eike
Batista tomou decisões erradas que provocaram a respectiva falência. Terá que
responder na Justiça pelos prejuízos causados aos acionistas. Mas para tudo há
o limite do bom senso. Se as declarações do advogado procedem, o réu não pode
ser privado do mínimo necessário para o próprio sustento e o do filho menor.
As
aquisições de Eike em termos de carros e jóias (como, v.g., o ovo Fabergé) semelham indicar tendência para a
prodigalidade e consumismo excessivo.
No entanto,
no passado, na época das vacas gordas, Eike Batista ajudou o Rio de Janeiro,
custeando obras de saneamento na Lagoa Rodrigues de Freitas, a cargo da CEDAE,
que é agência pública subordinada ao Governo estadual do Rio de Janeiro. Nada o
obrigava a gastar do próprio bolso despesas consideráveis que ficaram a seu
cargo, em benefício da população carioca, se procede o noticiário na imprensa
da época de seu apogeu.
Por fim,
seria oportuno e apropriado que o T.R.F. conhecesse dos recursos apresentados pelo
Dr. Sérgio Bermudes e a sua banca. A
fortiori, se a realização desse recurso teria – como acusa o advogado –
influenciado negativamente o juiz da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Dr.
Flávio Roberto de Souza, parece de elementar justiça que tal questão seja dirimida
pela instância superior, com as determinações que couberem atendido o mérito e
as questões formais envolvidas.
Despenca a popularidade de Dilma
Segundo a Folha noticia em primeira página o Datafolha aponta queda vertiginosa na
avaliação de Dilma Rousseff. Na pesquisa anterior, de 2-3 dezembro de 2014, ela tinha 42% de aprovação (ótimo-bom) contra
24% de rejeição. Agora, a 3-5 fevereiro de 2015, a pesquisa registra a brutal
queda para 44% (ruim/péssimo) contra 23 de aprovação (ótimo-bom). Além
disso, maioria esmagadora de brasileiros (77%) dizem acreditar que Dilma
sabia dos desvios na Petrobras. Nesse
contexto, a corrupção é apontada como o segundo principal problema do país.
Assinale-se que é a mais baixa avaliação de um
presidente desde o tucano FHC, com 46% de reprovação em 1999.
Aumenta, por
outro lado, o pessimismo no país. Mais
da metade dos brasileiros (55%) acha que a situação econômica do país vai
piorar – o que é o maior índice de avaliação negativa desde 1997.
Diante
dessa avaliação do Datafolha, Igor Gielow adita avaliações que vão além dos
números do instituto de pesquisa. Se os números do Datafolha impressionam
negativamente quanto ao desempenho do governo, “é o contexto no qual eles se
apresentam que gera o adensamento das
nuvens negras que se instalaram sobre o Planalto desde a reeleição da
presidente.”
Gielow
aponta a diferença para o outro grande baque na sua popularidade (as passeatas de
junho de 2013). Não há mais espaço para medidas reativas. Todos os elementos
que derrubaram a aprovação da presidente estão aí para ficar: a destruição da
Petrobrás, os impactos políticos do petrolão e as dificuldades econômicas.
“Inflação
e desemprego irão subir para a maioria esmagadora dos pesquisados, e essas são percepções
de vida real que nenhum programa eleitoral consegue nublar.”
Também
chama muito a atenção a circunstância de que a corrupção seja colocada como o
segundo maior problema do país. Nem na crise do mensalão isso ocorreu.
Se o
lançamento de pacotes ou medidas não mais inspiram confiança, para os
entrevistados “sai a Dilma decidida e sincera de 2011 e surge a presidente
indecisa e falsa – e desonesta, segundo nova aferição que contraria a avaliação
que pesquisas internas do Palácio sempre fizeram.
O crescente isolamento de Dilma –
derrota na Câmara para Eduardo Cunha – é ulteriormente demonstrado como ela está
objetivamente só na política o indica a pífia e decepcionante escolha de Aldemir Bendine para o lugar de Graça
Foster na Petrobrás.
Depois de buscar tanto tempo na missão
impossível de manter a amiga na Petrobrás, a saída para a seleção de Bendine
pouco ou nada acrescenta, sublinhando a falta objetiva de condições para a Presidenta lograr uma saída
por cima para a maior empresa nacional.
Preparem-se, portanto, para os
tempos interessantes que os chineses tanto temem, porque a dinâmica do Petrolão
está apenas no começo. A escrita na parede aparece agora mais firme e
determinada, e os que escaparam, seja por astúcia própria, seja por inépcia política da
oposição da borrasca do Mensalão, desta feita deverão ter pela frente desafios (e ameaças) bem maiores.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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