Crise afasta Dilma de Temer?
Estariam
estremecidas as relações políticas entre Dilma
Rousseff e Michel Temer. Na
aparência, sim, eis que a Presidente não recebe o Vice, desde que esse apoiu Eduardo Cunha na disputa pela
Câmara.
É difícil ter
relações próximas com a Presidente, e tal característica
se tem reforçado com o tempo, embora a experiência política adquirida devesse
trabalhar no sentido favorável e não no contrário. Além do seu trato difícil com os subordinados
– em que até ministros se incluem – essa postura não se coaduna muita vez com o
próprio interesse da Presidenta, eis que o Vice, pela sua relevância no PMDB, não pode ser assemelhado ao
escasso peso político que assinala tantos vice-presidentes.
O México, como
se sabe, terá resolvido o problema. Com a torva traição do vice-presidente Victoriano Huerta ao Presidente
Francisco I. Madero, a questão
dos vices naquele país foi dirimida pela abolição do cargo.
O meu palpite
é que o afastamento de Temer será vencido pela necessidade, eis que Dilma
precisa mais do PMDB (e por conseguinte do Vice), do que o inverso.
Por outro lado
– com o fantasma do impeachment à
parte, quando um valor mais alto se
alevantaria – Michel Temer continuará disponível para a mal-humorada chefe, com comovente lealdade, se e até os
cruéis atalhos da política porventura os
separem.
Faz tempo que
se fala da extensão da idade limite para os tribunais, e notadamente o Supremo.
Se tivesse sido aprovada no Dilma I, a Ação Penal 470 não teria sofrido as
emendas que aguaram algumas das disposições mais severas contra alguns
implicados no processo do Mensalão. Cezar Peluso e Ayres Britto são exemplos de
um Supremo mais alinhado com o Relator do Mensalão, o Ministro Joaquim Barbosa,
e uma aplicação mais estrita da lei no que tange aos réus desse célebre
processo. Ao serem aposentados, deram ensejo a que o Poder Executivo procurasse
enfraquecer o approach da Corte, no que toca a tal julgamento.
Agora o
novel presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode colocar em votação a
referida emenda constitucional, que tiraria de Dilma o ensejo de indicar cinco
novos ministros até o final de seu mandato. A relevância da manutenção da atual
Corte não pode ser subestimada, pois há pela frente o término do processo do
Mensalão e quem sabe? o início daquele do Petrolão. Dessarte, elevar de setenta para setenta e
cinco a idade mandatória para a aposentadoria no Supremo não seria uma questão de
lana caprina, e corresponderia
decerto às novas realidades etárias.
Maduro diz ter provas
O dito evangélico –
dize-me com quem andas, e eu te direi quem és – semelha tristemente apropriado
à estreita relações do dílmico Planalto com o governo venezuelano de Nicolás
Maduro.
Vê-lo como se
apresenta na televisão, fantasiado de bandeira venezuelana, além de macaquear
as posturas do caudillo Hugo Chávez, transmite de pronto o nível intelectual do
personagem, que o seu eventual discurso não desmentirá.
Lobriga
fantasmas por toda parte, e sua solução
para a crise em que afundou a pobre Venezuela – decorrência da incapacidade de
lidar com a queda na cotação de seu monoproduto de exportação, o petróleo,
assim como em sólida e notória incompetência na administração pública – será a
de invectivar e o que é pior, prender arbitrariamente os líderes da oposição,
em especial aqueles que comandam maior respeito.
A ‘detenção’ do
prefeito Antonio Ledezma, homem público sobre quem pesam graves defeitos
(para Maduro), a saber é popular e respeitado, mostrou que o herdeiro do
Coronel Chávez está na melhor tradição
dos ditadores venezuelanos. Ledezma foi preso sem mandato judicial, por um
serviço bolivariano que se caracterizou pela truculência.
O caminhoneiro
Maduro promete, para breve, provas “contundentes” da alegada conspiração do
respeitado Prefeito de Caracas, assim como evidências de apoio externo aos
planos golpistas.
Está preso há
um ano o líder oposicionista Leopoldo López.
Por sua vez, a deputada Maria Corina Machado foi supostamente cassada no
grito pelo presidente da assembleia Diosdado Cabello.
Até agora, a
chamada ala moderada da oposição, encabeçada por Enrique Capriles, governador
do estado de Miranda, e por duas vezes candidato à presidência da república,
não tem sido molestada pelos brucutus do regime.
O que parece
incomodar Nicolás Maduro é o grito e o protesto nas ruas. As passeatas serão em
geral dissolvidas com violência, embora o recurso aos meios letais venha em
geral das tropas auxiliares chavistas.
Repúdio em Moscou ao ‘golpe’ em Kiev
Realizou-se
neste sábado, 21 de fevereiro, manifestação em Moscou de repúdio ao que
consideram o ‘golpe’ que derrubou o então presidente Viktor Yanukovich. O comício
foi na Praça Vermelha, e teria congregado cerca de 35 mil pessoas (a contagem é
da polícia de Putin).
Desconhecendo a realidade do front
nacional que enxotara o desmoralizado presidente Yanukovich de seu palácio,
encetando a fuga que o levaria para a Rússia, a manifestação – em que
predominaram as bandeiras russas – pretenderia alegadamente fortalecer o
ex-presidente. Este último declarou querer voltar para seu país “para primeiro
liderar um movimento de protestos e depois participar da defesa da população.”
E assim completou, no Canal Um da Tevê russa: “Assim que puder voltarei e farei
tudo o que estiver em minhas mãos para aliviar a situação na Ucrânia.”
Acordo in extremis União Europeia – Grécia.
A
dificuldade em conseguir acordo com o novo gabinete grego, encabeçado por
Alexis Tsipras, ensejou a atmosfera das negociações realizadas pela troika
(União Européia, Banco Central Europeu e FMI) com a representação da República
Helênica. Após várias semanas de tensas negociações, a troika aceitou a
proposta grega de extensão do socorro a Atenas por mais quatro meses.
Dessarte, os
gregos terão acesso a mais uma parte dos Euros
240 bilhões colocados à disposição de Atenas por seus credores europeus.
Em contrapartida, todavia, o governo helênico
se comprometeu a apresentar até a próxima segunda-feira, dia 23 de
fevereiro, uma lista de reformas para que os termos do auxílio sejam revistos no fim do prazo, em julho p.f.
Segundo
Paulo Nogueira Batista Jr., diretor–executivo pelo Brasil e outros dez países
no FMI, o acordo foi positivo devido à crise aguda, eis que o resgate atual
expiraria a 28 do corrente. Não se
trataria, por conseguinte, de uma solução.
As
palavras finais de Nogueira Batista mostram qual é a carta mais forte do atual
gabinete helênico: “O que aconteceu hoje mostra que, no frigir dos ovos, todos
se preocupam em manter a zona do Euro. Todos perceberam que a saída da Grécia
quebraria um tabu de que a União monetária não poderia ser desfeita.”
Sem
embargo, levantar esse fantasma da manutenção da Zona do Euro, pode ajudar à
Grécia se utilizado com discrição. Atenas tem todo o interesse em manter-se na
área do Euro, porquer dele afastar-se e reinstituir o dracma poderia trazer
males maiores, como a inflação.
( Fontes: Folha de S.
Paulo, O
Globo )
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