Nesta semana, duas movimentações
de pessoas levantam a questão dos direitos humanos, e como devem ser resolvidos
quando vão ao encontro dos direitos igualmente humanos de outras comunidades,
seja quanto ao direito de ir e vir, seja na preservação de um bairro com
condições mínimas de segurança e higiene.
Cerca de
duzentos operários das obras do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj) em
Itaboraí ocuparam pistas da Ponte Rio-Niteroi, em um protesto contra atrasos em
seus salários. Eles são contratados
terceirizados.
Em
consequência disso, milhares de pessoas ficaram presas ontem em carros, motos,
ônibus, e até ambulâncias.
Assinale-se
que, segundo enfatiza O Globo, tal
fechamento de pista representa mais um avanço na escalada do desrespeito com
que militantes tratam a população. Em nenhuma cidade civilizada do mundo
reivindicações de qualquer tipo podem justificar transtornos à população.
A outra
movimentação é a de craqueiros que resolveram sair do subúrbio para,
aproveitando as confusões do período carnavalesco, transferir-se para o bairro
de Ipanema.
De início,
as praças-objetivo eram a de Nossa Senhora da Paz e a General Osorio.
Como a praça
da Paz está em curso de obras do metrô, e tem um tapume à sua volta, o bando deslocou-se
para a General Osório.
Talvez a
circulação desses craqueiros – a maior parte deles seria di menor – teria sido facilitada pela
operação transferência das concentrações
do bloco de Ipanema, nas suas diferentes e simpáticas modalidades: Simpatia é quase amor, Garota de Ipanema,
etc.
A alegria do
Carnaval, no entanto, não pode mascarar invasões desse tipo, que nada têm a ver
com o reinado da Folia.
Esse grupo
de infelizes não pode arranchar-se em um dos principais locais de Ipanema. A
sua presença – com banhos na fonte, o seu emporcalhamento de praça que é
geralmente bem frequentada, e que serve de contorno para restaurantes, bares,
edifícios residenciais, e até luaus em fins de semana, e não por último o seu
ataque às bicicletas de aluguer - o que fora tornado possível pela organização
de um grande banco - e agora fica inviabilizado pela incursão do bando, que desfez o sistema
de segurança desse serviço público (o que automaticamente acarreta a cessação
do serviço).
Tais
craqueiros, que vivem à margem da sociedade, não podem transferir-se para
praças públicas recentemente recuperadas, e transformá-las no chavascal que caracteriza
os lugares aonde acampam.
Não vamos
tornar Ipanema refém da hipocrisia de grupos seus defensores, o que ensejaria
que a praça recentemente recuperada, e com boas condições de convivência, se
torne mais outra cracolândia, num
deslavado desrespeito do bairro, de seu comércio e da sua comunidade. Todos
esses cidadãos e cidadãs – que participam do esforço em preservar Ipanema e
seus locais tradicionais – merecem respeito. Tolerar a presença desses grupos
de craqueiros é inadmissível. Ipanema e
a Praça General Osório não são lugares de refúgio para esses infelizes, que
carecem de tratamento em locais apropriados, e não serem comparsas nesse
espetáculo deprimente em que o poder público municipal e estadual dá deplorável
exemplo de incompetência, negligência e até mesmo em eventual incursão em artigo
do Código Penal, por não assumir a seu devido tempo as medidas necessárias para
prevenir o que agora virou, pelo menos por enquanto, um inaceitável fato
consumado.
( Fonte
subsidiária: O Globo )
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