Se ainda é cedo para
estabelecer responsabilidades irrecusáveis, pesa contra ele o fato de que a
tenha escolhido menos por suas qualidades, do que pelo fato de que não tinha experiência
política de monta (nunca exercera cargo político eletivo). Se não há negar que,
salvo o episódio Erenice Guerra e a
canhestra operação contra Dª Ruth Cardoso, como Chefe da Casa Civil Dilma se
houve bem. As suas qualidades, contudo, enquanto gerente dos ministérios foram
adrede hipertrofiadas, como se tivesse capacidade de liderança que o seu
primeiro mandato mostrou que não possuía.
Como R. Noblat assinalou faz tempo em sua
coluna, não faltaram personalidades que alertassem o presidente que ele teria
melhores candidatos para submeter ao Povo brasileiro. Lula, no entanto, fez
ouvidos de mercador, e preferiu ir adiante com a respectiva candidata de algibeira.
Só se pode
especular que motivos tenha tido para persistir em tal projeto. Talvez, como
foi insinuado, dessarte guardasse a carta de que a inexperiência de sua
indicada a tornaria mais maleável, inclusive se ele desejasse voltar em 2014.
Lula careceu de
maior conhecimento da natureza humana e, em especial, das insídias do alto
cargo, para que lhe escapasse a probabilidade de que a sua criatura não lhe cedesse a vez, como de fato ocorreu.
Se Dilma fez
gestão desastrosa em termos econômico-financeiros (trouxe a inflação de volta,
deixou legado de déficits e de estagnação econômica, e não por menos nos ameaça
com nova década perdida), no processo eleitoral as vantagens da presidenta
somadas aos oito anos de Lula, e o respectivo aparelhamento do Estado, são
enormes – como a destruição da candidatura de Marina (que sequer pôde dispor de
direito de resposta a uma acusação mais do que mentirosa, absurda) o prova com
requintes de crueldade.
Também o
escândalo do Petrolão mal se mostrava no horizonte. Tudo isso debaixo do
tapete, mais um erro de Aécio (foi logo esquecer o estado natal!), tornou
factível vitória apertada, mas na
aparência indiscutível, com a bolsa-família funcionando a pleno vapor.
Na sua coluna de hoje - De promessas vãs fez-se o desengano – mestre Ricardo Noblat mostra os
continuados estragos da personalidade irascível (e antipolítica) de Dilma, e,
sem necessitar explicitá-lo, o quanto a dupla
está ligada (a despeito dos vazamentos intencionais) e a crescente
possibilidade que, em 2018, o ambiente
de rejeição seja tal que a volta ao poder do velho líder vire sonho (ou
pesadelo) de verão.
Afinal, a Lula
da Silva aconteceu aquela velha maldição: não desejes demasiado uma coisa,
porque ela pode acontecer ! Ao maior
político dessas bandas, a húbris foi
má professora... Entrementes, a pior política fica com a faixa, mas como não é
do ramo, será que o Velho Capitão não herdará o desgaste de ter feito o povo
brasileiro engolir quem nada tinha de grande gestora, que pôs a perder a
economia com idéias muito próprias, e ela mesma, que tem azia pela política com
p minúsculo e se cerca de
mediocridades? Isso sem falar do magno-escândalo do Petrolão que mal começa na sua trilha azíaga e que de bom o que
mesmo promete para Lula, o magnífico?
( Fontes: O Globo, Coluna de R. Noblat )
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