segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A Responsabilidade de Lula

                            

                                  
      Entre os seus vários chapéus,  ninguém há de tirar de Lula da Silva que ele foi um eleitor de postes. E dentre esses postes, a sua responsabilidade maior está em haver convencido o eleitorado nacional de que Dilma Rousseff fosse sua sucessora.

      Se ainda é cedo para estabelecer responsabilidades irrecusáveis, pesa contra ele o fato de que a tenha escolhido menos por suas qualidades, do que pelo fato de que não tinha experiência política de monta (nunca exercera cargo político eletivo). Se não há negar que, salvo o episódio Erenice Guerra e a canhestra operação contra Dª Ruth Cardoso, como Chefe da Casa Civil Dilma se houve bem. As suas qualidades, contudo, enquanto gerente dos ministérios foram adrede hipertrofiadas, como se tivesse capacidade de liderança que o seu primeiro mandato mostrou que não possuía.

      Como R. Noblat assinalou faz tempo em sua coluna, não faltaram personalidades que alertassem o presidente que ele teria melhores candidatos para submeter ao Povo brasileiro. Lula, no entanto, fez ouvidos de mercador, e preferiu ir adiante com a respectiva candidata de algibeira.

      Só se pode especular que motivos tenha tido para persistir em tal projeto. Talvez, como foi insinuado, dessarte guardasse a carta de que a inexperiência de sua indicada a tornaria mais maleável, inclusive se ele desejasse voltar em 2014.

      Lula careceu de maior conhecimento da natureza humana e, em especial, das insídias do alto cargo, para que lhe escapasse a probabilidade de que a sua criatura não lhe cedesse a vez, como de fato ocorreu.

       Se Dilma fez gestão desastrosa em termos econômico-financeiros (trouxe a inflação de volta, deixou legado de déficits e de estagnação econômica, e não por menos nos ameaça com nova década perdida), no processo eleitoral as vantagens da presidenta somadas aos oito anos de Lula, e o respectivo aparelhamento do Estado, são enormes – como a destruição da candidatura de Marina (que sequer pôde dispor de direito de resposta a uma acusação mais do que mentirosa, absurda) o prova com requintes de crueldade.

       Também o escândalo do Petrolão mal se mostrava no horizonte. Tudo isso debaixo do tapete, mais um erro de Aécio (foi logo esquecer o estado natal!), tornou factível  vitória apertada, mas na aparência indiscutível, com a bolsa-família funcionando a pleno vapor.

        Na sua coluna de hoje - De promessas vãs fez-se o desengano – mestre Ricardo Noblat mostra os continuados estragos da personalidade irascível (e antipolítica) de Dilma, e, sem necessitar explicitá-lo, o quanto a dupla  está ligada (a despeito dos vazamentos intencionais) e a crescente possibilidade  que, em 2018, o ambiente de rejeição seja tal que a volta ao poder do velho líder vire sonho (ou pesadelo) de verão.

      Afinal, a Lula da Silva aconteceu aquela velha maldição: não desejes demasiado uma coisa, porque ela  pode acontecer ! Ao maior político dessas bandas, a húbris foi má professora... Entrementes, a pior política fica com a faixa, mas como não é do ramo, será que o Velho Capitão não herdará o desgaste de ter feito o povo brasileiro engolir quem nada tinha de grande gestora, que pôs a perder a economia com idéias muito próprias, e ela mesma, que tem azia pela política com p minúsculo e se cerca de mediocridades? Isso sem falar do magno-escândalo do Petrolão que mal começa na sua trilha azíaga e que de bom o que mesmo promete para Lula, o magnífico?

 

( Fontes:  O Globo, Coluna de R. Noblat )

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