A história
registra apenas um acordo de Munique, o qual igualmente passou como
tentativa extrema de preservar a paz, mesmo
que à custa da covarde virtual entrega de um pequeno país (a Tchecoslováquia
que perdia a região dos sudetos), como se a paz com Hitler pudesse ser
construída com esse tipo de traição de aliados.
Em breve,
Adolf
Hitler colocaria novas exigências, o que marcaria na História como
apaziguadores o Primeiro Ministro
Neville
Chamberlain, do Reino Unido, e o presidente
do Conselho francês,
Édouard Daladier.
A primeira
pergunta que a Chanceler Angela Merkel
e o Presidente François Hollande deveriam ter feito é se um
segundo acordo de Minsk lhes pareceria sério e implementável, se o primeiro
acordo, arrecém concluído em setembro, falhou miseravelmente.
Além disso, a
Merkel, em maior grau, e o seu aliado, em menor, só mesmo armada de um
panglossiano
otimismo, pode alimentar
esperanças de que o Minsk 2 venha a ter êxito, quando o primeiro malogrou
vexaminosamente.
Se as fotos dizem algo, a publicada em
O Globo mostra o solícito ditador
Alexander Lukashenko, da Bielo-Rússia
indicando a direção para o Presidente de todas as Rússias (com as bochechas um
tanto intumescidas – talvez recente aplicação de
botox) e a hesitante dupla Merkel e Hollande, que contemplam o mais
alto do grupo, um tanto isolado à direita, na pessoa de
Petro Poroshenko, o
presidente da Ucrânia, que é o atual objeto da cobiça de
gospodin Vladimir Putin.
A Merkel refuga o aporte das armas e prefere a diplomacia. O Ocidente
tem até agora evitado o envio de
armas
letais para o exército ucraniano. Se um dos lados – que não é o agressor –
se autolimita, o outro – que é o causador do problema – naturalmente estimulará
a diplomacia, que, como sói acontecer em tais casos, funcionará como um
conveniente biombo para que a Rússia continue a desrespeitar a soberania da
Ucrânia, invadindo-lhe as fronteiras com as forças necessárias para tornar
desigual a luta entre rebeldes e as forças armadas da Ucrânia.
A credibilidade do
Minsk 2 é
ainda mais baixa do que o primeiro acordo de cessar-fogo de Minsk, firmado em
setembro de 2014. Do outro lado do Atlântico,
Barack Obama já reconhece
a possibilidade de enviar a Kiev armas letais. No entanto, é forçoso ter
presente que mesmo quando dispunha de maioria no Senado (hoje o
GOP é maioria tanto na Alta quanto na Câmara
Baixa – e nesta deverá sê-lo até o próximo recenseamento criar condições para
equalizar-se o jogo nos deputados, que o famoso
shellacking (tunda) de 2010
desequilibrara em favor dos
republicanos) nem sempre se deva escrever o que o 57º presidente promete.
O comportamento de Vladimir Putin só deixa dúvidas para quem se dispuser
a dar-lhe não a segunda, mas a terceira ou a quarta oportunidade de emendar-se.
Por enquanto as sanções aplicadas pelo Ocidente (leiam-se Estados Unidos e
União Européia) atuam mais como incômodos contornáveis, do que pedras no meio
do caminho.
E o
senhor do Kremlin dispõe
da vantagem considerável de não enjeitar nenhum meio ou instrumento – como as
seguidas invasões com ‘contingentes de voluntários’ nas porosas fronteiras da
Ucrânia oriental, para reforçar o ‘exército rebelde’ em toda a ocasião em que
as forças ucranianas (que defendem o próprio território) ameacem levar
vantagem.
Por isso, o novo ‘acordo de Minsk’ começará a fazer água quando a
Ucrânia reclamar o respectivo direito de ter de volta as terras que perdeu com
as ofensivas rebeldes deste começo de 2015. Os batalhadores pró-Rússia já
teriam alargado o seu território em cerca de 320 km2 .
Com a mãozinha das armas e eventuais reforços pontuais do exército
russo, os rebeldes de
Donetsk
conquistaram o que resta do aeroporto dessa cidade, e se empenham na conquista
de
Debaltseve
– que é importante entroncamento ferroviário, além de ser a última porção (
pocket) de território ao norte de
Donetsk.
O que os ditos ‘rebeldes’ de
Donetsk
– com o aporte pontual do velho urso do Kremlin – objetivam conquistar é uma
faixa de território ucraniano que abra o contato com outra terra também
arrancada ( em abril último) de Kiev, vale dizer a Crimeia. O que o bom e
cordato Putin deseja é apenas uma faixa razoável de terras orientais da
Ucrânia, que lhe abram, com ramais ferroviários, e uma cidade como
Donetsk, com as suas usinas e minas, o
acesso fácil à península da Crimeia (sem a necessidade do incômodo acesso atual
pelo mar de Azov...)
Como o
Führer Adolf Hitler (e também o teatral Duce
Benito Mussolini, a quem imita de bom
grado), o que o Presidente Vladimir Vladimirovich Putin deseja apenas é mais um
pedaço da enorme Ucrânia. Esta semelha ser o adversário ideal, não só porque o
seu exército não está bem armado, mas também porque Kiev pulula em espiões do
FSB
,
que revelam para Moscou todo o programa das ações militares de suas forças no
Leste.
A pobre Ucrânia mereceria melhor sorte. A esse propósito, gostaria de
estar errado, e que, para espanto geral, Putin resolva cumprir o acordo que
acaba de assinar em Minsk.
No entanto, a velha
diplomacia, a par de uma certa experiência, me sopra o contrário. A Chanceler
Merkel verá o quanto vale a própria assinatura no agora reiterado cessar-fogo
de Minsk.
( Fontes: Dicionário Enciclopédia
Delta-Larousse, The New York Times, O Globo )
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