terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Dilma ou a Coerência na Insensatez


                                

       Tinham carradas de razão aqueles personagens que, sabedores da escolha por Lula da Silva de sua candidata de algibeira, foram procurá-lo para tentar demovê-lo dessa indicação de que o futuro demonstraria a insensatez.

        O então presidente foi adiante na fatídica recomendação. Pensara, então, que poderia voltar ao Palácio do Planalto se o quisesse no mandato seguinte, o que, nos seus cálculos interesseiros, ficaria difícil se apontasse para sucedê-lo nome com maior peso no Partido dos Trabalhadores.

        O fundador do PT esqueceu-se da força e seduçáo do poder. Embora tenha tentado candidatar-se em 2014, a dinâmica presidencial ajudou  sua pupila a contrariá-lo.

        Sabemos todos o quanto aproveitaria à mulher do Lula valer-se das vantagens da presidenta em funções, para pleitear a reeleição. Se para o corpo eleitoral brasileiro, notadamente aquele das regiões mais pobres (Norte e Nordeste) bastara em 2010 a sinalização de Lula da Silva para votar em virtual analfabeta em política (contra candidatos tarimbados como José Serra e Marina Silva), em 2014 o velho capitão foi escanteado na passagem do cortejo da titular do cargo.

        Para a sua eleição em segundo turno, Aécio Neves carregaria as principais regiões do Brasil, mas tal não seria bastante, eis que Dilma Rousseff venceria no Nordeste e no Norte, além de colher o incrível descuido de um ex-governador (com 92% de aceitação) que lograria perder em seu estado natal das Minas Gerais. Não obstante tudo isso,  o Brasil inteiro  aguardaria impaciente pelo resultado final– o que só aconteceria na derradeira fase da disputa, quando a candidata do PT exibiria tênue vantagem de cerca de 3% dos votos.

        Não foi o bom governo de Dilma  a que a reeleição coroou. Premiou-se quem  seus seguidores pensavam ter a chave da bolsa-família. Assim, montada em benefício do erário público, ela seria premiada como se fora do PT esse auxílio pela Caixa com o dinheiro do orçamento de todos nós. Enfeitar-se com fantasia alheia...

       Quando Dilma logrou a reeleição, a Lava Jato ainda não tinha rasgado os enganosos toldos que nos escondiam o Petrolão. Hoje sabemos o que devemos ao primeiro mandato da discípula de Lula da Silva. Não é uma bela estória.

       Mais do que a desmoralização da Petrobrás, com o magno escândalo da propina, não só instituída por quem bem conhecemos, mas amorosamente escondida por longos e na aparência profícuos anos por titulares igualmente notórios. Eis que ao poder não bastaria cevar-se do Mensalão. A ganância não parecia conhecer limites para a gente do mando de um ex-partido ético e jacobino. E esse o filme que agora passa em todas as praças desses Brasis, para mostrar à gente qual o gesto atual do Partido dos Trabalhadores, que por tantos anos soube esconder nos próprios porões o hediondo retrato de um redivivo Dorian Gray.

       Feito esse preâmbulo, Senhores e Senhoras,  peço licença para mostrar-lhes um escaninho – mas quê escaninho! – da estupidez reinante no Palácio do Planalto. É do conhecimento geral a implicância da Presidenta com a diplomacia brasileira. Já no tempo de Lula da Silva o seu ministro aceitara a companhia de um assessor internacional – Marco Aurélio Garcia -, com se Pindorama fosse Estados Unidos, em que o Secretário do Exterior conviver com o Assessor da Presidência para os Assuntos de Segurança.

        Esse Assessor passou a cuidar da América Latina e notadamente os países chavistas e do então grupo coletor das benesses de Hugo Chávez. Com o passar do tempo, a ingerência desse senhor – o que se viu na apresentação de credenciais passada -   tem crescido, a ponto de ladear o Ministro em funções, em  retrato de virtual equipolência.

       O Brasil sempre teve uma diplomacia de estado, mas com Lula e sobretudo Dilma, passamos a ter uma de partido, a que se agrega eventualmente uma de estado.

       Pela militante ignorância diplomática da Presidenta, somada talvez a alguma mal-disfarçada indisposição  com a arte do Barão do Rio Branco, estamos condenados a padecer rompantes de última hora, com a aplicação de processos por inteiro estranhos à nossa diplomacia ,anterior ao PT.

       O colunista Ricardo Noblat estigmatizou na sua coluna de ontem – ‘Anão Diplomático’ -  o que esta Senhora está logrando fazer de nossos quadros diplomáticos. Em blog anterior – Zero em diplomacia – já mostrara dos perigos de uma diplomacia feita de rompantes e de maus-humores, como é o formato paradigmático da sucessora de Lula da Silva.

       A humilhação é um remédio de todo desaconselhável para uma diplomacia de país sério. Pelos defeitos de militante ignorância da Chefe de Estado – e, pesa-me dizê-lo, a fraqueza de seus assessores – estamos virando em verdadeiro país de là-bás, como há tantos anos tentou  rotular-nos o General de Gaulle.

       Ao tripudiar em relação ao representante diplomático – estava, inclusive, em primeiro lugar na fila de embaixadores que apresentariam as credenciais (uma cerimônia rotineira na diplomacia, que se pauta pelos padrões da cortesia do Chefe de Estado a quem se apresentam as cartas-credenciais que dão fé à continuação das relações no nível mais alto).  Essa senhora ,sofrendo de um acesso de húbris achou por bem desmoralizar o embaixador da Indonésia. A falta de qualquer atenção para um mínimo de cortesia – e de respeito – a levou a extrapolar, mandando em gesto que não honraria algum soba africano dos tempos coloniais,  que saísse da fila!

         Parece que Dilma, a iracunda, logrou o seu escopo de bagunçar as relações com a Indonésia. E não é que o governo daquele país está estudando desfazer um contrato já estabelecido e que beneficiava a Embraer, na venda de seus aviões, assim como o cancelamento de outro de venda de mísseis!

         Dilma decerto pela sua ineficiência e incapacidade de gestão não nos surpreende.  Está a inflação – que ela trouxe de volta! – e a “escorregadinha” de 6,7% do PIB, a quarta maior entre 42 países!

         Bem haja Senhor Lula da Silva, com a sua tão oportuna indicação...

 

 

( Fontes:  O  Globo; coluna de R. Noblat )

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